Eram 13 horas de domingo, Lilian havia visualizado a mensagem, mas Gabriel não obteve resposta alguma, estava encarando o celular, pensando se deveria ou não escrever algo para a garota, até que recebeu uma mensagem de seu melhor amigo.
“Ei, estou aqui num ponto de ônibus próximo à uma praça perto de um mercadinho e sua escola”
Gabriel sorriu ao celular, jamais pensou que Daniel o visitaria tão longe num domingo. Ele sabia onde o amigo estava, era perto da casa de Lilian, na verdade, ele passaria em frente à casa de Lilian, talvez pudesse chamá-la para ir junto. Se trocou, usava uma camiseta preta com uma camisa xadrez vermelha e um jeans velho. Ser relaxado havia virado seu charme há um tempo. Pegou um pouco dinheiro e avisou sua mãe que iria encontrar Daniel, que também animou-se.
– Que bom que seu amigo não se esqueceu de você! – Sua mãe largou alguns papéis que analisava – Você tem dinheiro?
– Tenho – Ele assentiu com a cabeça – Qualquer coisa, me ligue.
Ele saiu de casa, talvez devesse ficar com sua mãe, domingo é o único dia que ela pode ficar em casa, embora fique analisando as finanças da empresa, mas ele tentou não se importar com isso.
Não demorou muito para chegar à casa de Lilian, e não pensou duas vezes para tocar a campainha próxima à porta. Conseguiu ouvir alguns berros dentro da casa, mas eram incompreensíveis, então a porta se abriu e revelou uma Lilian com o rosto vermelho e marcado e um braço direito arroxeado. Ela ficou surpresa ao ver Gabriel, realmente não esperava que ele aparecesse, mas estava visivelmente incomodada com a presença dele.
– O que você quer? – Sussurrou ela
– O que houve com você? – Ele levantou uma mão para tirar o cabelo de Lilian de seu rosto, a fim de examinar o ferimento, enquanto fitava o braço da garota, mas foi interrompido por um grito, seguido do aparecimento de um homem alto e moreno atrás da garota.
– Não me ouviu chamar? – O homem, Alexandre, puxou Lilian pelo braço machucado, a fazendo trincar os dentes para reprimir um grito. Ele olhou para o garoto e o fitou por um tempo – Quem é ele?
– Um amigo da escola – Lilian puxou o braço e voltou seu olhar para o chão
– Sou Gabriel, prazer – O garoto sorriu e estendeu a mão, mas o gesto não foi retribuído, na verdade, foi ignorado.
– Pensei que não tivesse amigos, Lilian. O que mais vem escondendo de mim? – O padrasto encarou a garota, mas depois abriu um sorriso largo para Gabriel, como se nada houvesse acontecido – Veio fazer o que aqui, garoto?
– Ah – Gabriel sorriu meio sem jeito – Vim perguntar se ela queria sair
– Ela quer sim – Ele empurrou Lilian para dentro, fazendo um gesto para ela subir – Vá se trocar, Lilian. Quer entrar?
Gabriel fez que não com a cabeça e o homem deu de ombros. Lilian não demorou mais que dez minutos para se arrumar, logo apareceu vestida com um Converse azul, um jeans gasto e uma camiseta preta um pouco maior que ela. A pequena murmurou um “tchau” para o padrasto e alguém na cozinha que Gabriel não havia visto e saiu.
– Obrigada por me salvar – Sussurrou ela enquanto trancava a porta
– Pensei que ele não a deixaria vir
– É? – Perguntou ela baixinho – Eu também
Gabriel riu e conduziu a garota pelo caminho
– Aonde vamos? – Lilian olhou em volta
– Quero que conheça uma pessoa
– Não gosto muito de conhecer pessoas – Ela suspirou
– Prometo que vai gostar dessa pessoa
Lilian manteve-se quieta e abraçou os braços para proteger-se da brisa gelada, o que foi percebido por Gabriel
– Aqui – Ele envolveu o corpo pequeno da garota com sua camisa, que espantou-se e recuou alguns passos, mas não demorou a colocá-la
Gabriel já conseguia avistar a praça e o ponto de ônibus com três silhuetas ao seu lado, ele sorriu e puxou Lilian pelo pulso, fazendo-a correr.
– Vamos, que indisposição! – Ele correu, obrigando Lilian a acompanhar seu ritmo.
Uma das silhuetas acenou para Gabriel, mostrando que já havia o reconhecido, e o garoto abriu um enorme sorriso ao perceber que mais dos seus amigos vieram. Ao atravessar a rua, finalmente os alcançou
– E aí! – Gritou uma voz masculina
– Saudade de vocês! – Gabriel cumprimentou uma garota um pouco maior que Lilian com um beijo na bochecha e os dois garotos com um abraço masculino seguido de um tapinha nas costas – Eu trouxe uma amiga, se não se importam – Ele apontou o polegar para Lilian a puxou para mais perto
– Quase não vi essa coisinha aí – Sorriu um dos meninos, o de cabelo castanho de olhos verdes – Sou Lucas, e você?
Lilian o fitou por alguns segundos e desviou o olhar para o lado, grudando no braço de Gabriel
– Sou Lilian
– Oh, ela parece uma criancinha agindo desse jeito – O adolescente mais baixou - Sou Daniel
– E eu sou a Alice! – Uma garota de cabelos cor de mel ondulados sorriu, ela parecia uma boneca com seus olhos grandes e azuis – Vamos, se solte – Ela puxou Lilian para mais longe de Gabriel e grudou no loiro – Estava com saudades, sabia? – Alice passou o dedo pelo braço de Gabriel, fazendo um carinho e depois voltou o olhar para Lilian, observando que estava usando a camisa do garoto.
Depois de um longo tempo de conversa entre os três amigos e uma Lilian excluída, eles tentavam pensar em algo para fazer.
– Então, vamos sair. Mas para onde? – Perguntou Lucas
– Lilian é a que melhor conhece a cidade – Respondeu Gabriel, fazendo todos olharem para a menina encolhida num canto
– Tem um café na rua de cima – Respondeu ela em tom baixo
– Vamos então – Gabriel olhou para o céu, que estava se tornando cinza – Antes que comece a chover.
E pela primeira vez, Lilian conduziu um grupo de adolescente, embora não realmente quisesse.

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Last To Know
Teen FictionSeu erro foi acreditar que ela contaria seus problemas e com o tempo se apaixonaria por ele, como ele fez. "Se ela ao menos me contasse o que se passava com ela, tenho certeza que nada disso teria acontecido." All rights reserved to Gabriele Arberta...