Capítulo 13

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– Ei, Lilian – Era a primeira vez que Gabriel encontrava Lilian na entrada.

Ela se virou e acenou, relaxou um pouco a postura quando o loiro se aproximou.

– Estava te procurando, sei que chega cedo, então... – Ela foi interrompida com um cumprimento

– Que milagre ver você nos corredores – Gabriel ajeitou o corpo e caminhou com Lilian em direção à classe – Falei de você para minha mãe

– O quê?

– Calma – Ele riu – Ela quer que você vá jantar amanhã lá em casa

– É brincadeira, né? – Lilian fitou o garoto, esperando um sim como resposta.

– Não, ora – Ele abriu passagem para permitir que Lilian entrasse primeiro na sala – Qual o problema?

– Amanhã – Ela suspirou – É meu aniversário

– Sério? – Gabriel se jogou na frente de Lilian – E não me disse nada?

– Não vi necessidade em lhe contar – A garota jogou a mochila em cima da carteira – É só mais um dia normal

– Não é não! É seu aniversário! Vai comemorar com seus familiares?

– Não, ninguém se lembra. E meu padrasto nem vai passar a noite em casa.

– Ótimo, vai comemorar na minha casa então! – Ele se sentou – Caramba, tenho que lhe dar um presente, do que você gosta?

– Para, Gabriel. Não precisa se animar tanto, e não quero um presente.

– Mas quero lhe dar um, poxa.

Depois de uma longa discussão, Lilian desistiu de argumentar com o amigo e manteve-se em silêncio, apenas ouvindo os planos do rapaz.

✽✽✽

Lilian faltou no dia seguinte, mas mesmo assim apareceu na casa do garoto, como combinado.

– Pensei que não viesse – Ele abriu a porta, surpreso – Parabéns, Lili! – Gabriel a abraçou

– Já pedi para não me chamar assim – Ela se manteve estática até Gabriel a soltar

Ele entregou uma pequena caixa embrulhada, e Lilian a segurou sem nem abrir.

– Qual é, abra – Gabriel puxou a garota para dentro e fechou a porta.

– Não é falta de educação? – Ela puxou delicadamente o laço que envolvia a embalagem

– Não, abre logo!

Lilian tirou o papel de presente, descobrindo que seu presente era uma caixa de bombons.

– Ora, obrigada – Ela segurou um sorriso.

– Eu não faço ideia do que você gosta, então, lhe dei chocolates, todo mundo ama chocolates.

– Tem razão, acredito que é a melhor coisa que poderia me dar.

– Vem, vamos para a cozinha – Ela a guiou pela casa, na cozinha, sua mãe o aguardava.

– Essa é a aniversariante, uh? – Sua mãe se levantou e sorriu – Oi flor, eu sou a Clara, mãe de Gabriel, você é a Lilian, certo?

– Certo, é um prazer conhecê-la.

– Ah, é! Parabéns, tudo de bom! – Clara a abraçou – Estou feliz que tenha vindo passar tal data especial conosco! Sente-se

Lilian puxou uma cadeira e se sentou, Clara colocou algumas panelas na mesa e eles se serviram.

– Então, Lilian – Clara levantou-se e colocou seu prato na pia – De que tipo de coisa você gosta?

Lilian olhou para Gabriel, que riu

– Eu – Lilian pensou – Gosto de livros, e de música...

– Você trabalha?

– Anh? Não, eu cuido de casa

– Ah, ao menos você faz algo, Gabriel não faz nada aqui!

– Mãe, por favor – O garoto suspirou

– Tá, tá. – Clara riu – Já visitou a biblioteca daqui?

– Não, na verdade, nem sabia que havia uma biblioteca aqui na cidade... – Lilian encarou o teto, estava bem desconfortável

– Podíamos ir então, qualquer dia desses! Eu, você, Gabriel e sua mãe, que tal?

Lilian se levantou num pulo e colocou seu prato na pia

– Lilian, você me ouviu? – Perguntou Clara, confusa

– Mãe, para

– O quê? Eu estou conversando com ela!

– Mãe, os pais dela morreram! Na verdade, só a mãe, o pai ela nem conhece... – Gabriel observou e Lilian se encolheu perto da pia assim que ele terminou a frase, o que o fez se arrepender de ter dito

– Oh, eu não sabia! Não seja tão duro comigo. Me desculpe, Lilian!

– Tá... Tá tudo bem – Lilian forçou um sorriso – Está bem tarde, eu preciso mesmo voltar pra casa

– Mas nem cantamos parabéns! – Clara protestou

Lilian saiu sem nem olhar para trás e bateu a porta

– Obrigado, mãe. – Gabriel bufou

– Ah, eu não sabia, você deveria ter me contado. E ela não está fazendo isso por puro drama, pelo amor de Deus! Garotinha chata.

Gabriel encarou a mãe por algum tempo, mas desistiu de dizer algo. Ele foi até a sala, e percebeu que Lilian havia esquecido seu presente e sua bolsa. O garoto pegou os pertences da amiga e foi até a porta

– Nem pense que vai atrás dela – Gritou Clara – Você vai ficar aqui e me ajudar com essa bagunça

– Mas, mãe – Gabriel relaxou a postura – Ela esqueceu a bolsa

– Esqueceu por ser relaxada! Pode vir aqui.

Gabriel levou as coisas da garota para seu quarto e desceu para ajudar a mãe.

– Mas por que diabos você só gosta de gente estranha? Primeiro foi aquela garota que não devia nem saber o próprio nome, e agora uma órfã maluca! – Disse sua mãe enquanto lavava a louça

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