Capítulo 19

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Gabriel abriu um largo sorriso e sentiu as bochechas esquentarem.

– Queria eu poder raptá-la e te manter no meu quarto para sempre – Riu o garoto

– Você é estranho, sério. – Comentou Lilian enquanto tirava o material da mochila.

Ela havia mudado tanto desde o primeiro dia que eles se viram. Gabriel não sabia se aquilo era apenas uma casca dura e agora ela estava mostrando seu lado doce ou se ela realmente havia mudado. Mudado por causa dele.

– Por que está me olhando com essa cara? – Reclamou Lilian, acordando o garoto de seus pensamentos.

– Nada – Ele passou a mão pelo rosto – Você está bem?

– O quê? – Gaguejou Lilian

– Perguntei se está bem – Gabriel arqueou as sobrancelhas – Você está?

– Estou, ora.

– Então porque essa reação?

– É que foi uma pergunta repentina, ué. – Lilian suspirou – E você, está bem?

– Estou sim. – Ele continuou fitando a garota com uma expressão confusa, mas poucos segundos depois voltou ao normal.

✽✽✽

– Então, vamos para onde hoje? – Perguntou Gabriel ao aproximar-se do portão da saída

– Sair comigo já virou rotina? Que chato.

– Pare de reclamar tanto – Gabriel colocou as mãos no bolso da calça e entortou a postura para ficar mais perto da garota.

– Não estou reclamando – Ela suspirou e se afastou – Apenas comentando

– Você leva tudo tão a sério. – Reclamou – Podemos ir para sua casa, eu gosto de lá.

– Pode ser – Ela ajeitou a mochila e andou na frente.

Não demoraram a chegar. Lilian abriu a porta e deixou Gabriel passar na frente. Ele jogou sua mochila no sofá como se até já vivesse lá e se apoiou na parede.

– Quer comer algo?

– Não, obrigado

– Você espera aí? Eu vou guardar minha mochila – Ela apoiou o pé no primeiro degrau da escada, pronta para subir.

– No seu quarto? – Ele soltou um sorriso malicioso e depois riu.

– É – Ela assentiu – Por quê?

– Quero ver seu quarto!

– Céus – Suspirou ela – Você é tão curioso.

– Eu sei – Ele riu e seguiu Lilian pela escadaria.

Lilian abriu a porta do quarto, revelando um cômodo de tamanho médio, com uma mobília bastante simples.

– Nossa, não era o que eu esperava – Ele andou pelo quarto, pegando alguns enfeites e os colocando de volta no lugar.

– E o que você esperava? – Lilian colocou sua mochila ao lado do pé da cama.

– Um quarto de paredes pretas, alguns livros de bruxaria e pentagramas pintados com sangue – Ele riu.

– Você está me acusando de bruxaria? Seu ingrato. – Ela formou um sorriso tímido e se sentou na ponta da cama.

– Sim, vou queimá-la na fogueira – Gabriel fez uma cara de mau e sentou-se ao lado da garota. – Se bem que seria um grande desperdício, então esse pode ser nosso segredinho, que tal?

– Você tem um puta mau gosto, sabia? – Ela riu

– Cada um tem seu gosto, poxa – Ele se jogou para trás para deitar na cama e mexer na mesa de cabeceira da morena – O que tem nessas gavetas?

– Nada demais.

Gabriel abriu gaveta por gaveta, encontrando uns três livros na primeira, uma maleta de maquiagem ainda na embalagem na segunda e um monte de cartelas de remédio na terceira e última.

– Pra que esse monte de remédio? – Ele sorriu

Lilian se manteve quieta, fazendo Gabriel se sentir desconfortável e mudar de assunto

– Não consigo imaginar você de maquiagem – Gabriel a puxou pelo braço, obrigando-a à olhar para ele – Deve ficar um amorzinho.

– Fico parecendo uma palhaça – Suspirou – Não gosto de maquiagem.

– Duvido, você só fala mal de si mesma, então não acredito! – Ele a puxou mais, fazendo-a deitar ao seu lado, os dois estavam quase caindo da cama, já que ela era pequena. – Posso te ver de maquiagem algum dia?

– Talvez, algum dia. – Lilian estremeceu ao encostar por acidente no braço do garoto.

– Estou tão feliz por você estar mais – Ele fez uma pausa – Mais contente

– Contente. – Disse com ironia

Gabriel manteve o olhar fixo na garota, os dois se mantiveram em silêncio.

– Não consigo te entender – Suspirou o loiro – Mas então, e Alexandre?

– O que tem ele?

– Ora, você mesma disse que ele estava fora de casa. Ele voltou?

– Ah, ele voltou sim.

– Onde ele estava?

– Na casa de alguma mulher, provavelmente. Nós não conversamos mais do que o necessário, e perguntar sobre isso seria falta de educação.

Gabriel arqueou as sobrancelhas e reprimiu uma risada.

– O que foi? – Perguntou Lilian

– Nada – Ele sorriu e examinou a garota – E... Ele te machucou?

Lilian baixou o olhar e respondeu algo incompreensível com uma voz falha, mas apenas por sua reação, Gabriel já sabia a resposta.

– Física ou emocionalmente? – Ele brincou com uma mecha do cabelo dela

– Os dois – Lilian escondeu o rosto com as mãos – Mas não precisa se preocupar.

– Você deveria ir embora dessa casa, sério. Eu podia arranjar um lugar para você ficar lá na minha casa, explicar pra minha mãe, sabe? – Ele falou tão rapidamente que quase se engasgou com as palavras, parecia estar desesperado.

– Se acalme. – Disse Lilian com o tom mais calmo que ela já usara – Eu vou ficar bem.

– Você jura?

– Juro. – Ela deu um leve sorriso e levantou-se – Vem, vamos descer.

Gabriel assentiu e se levantou, seguido de Lilian.

– Quero que você vá lá em casa novamente qualquer dia desses – Gabriel passou a mão no cabelo

– Mas – Lilian arqueou as sobrancelhas – Sua mãe não gostou de mim

– E isso importa? – Ele riu – Já há tanta gente que não gosta de você.

Lilian o encarou com uma expressão surpresa. Jamais esperaria ouvir isso de Gabriel. De qualquer outra pessoa, esperaria ouvir até coisas piores, mas de Gabriel não.

– Quero dizer – Gabriel limpou a garganta – Sabe, foi uma brincadeira. Ela gostou de você, Lilian...

– Não precisa se explicar – Ela balançou a cabeça – Estou acostumada a esse tipo de tratamento.

– Lilian, foi só uma brincadeira – Repetiu – Apenas escapou.

– Não sei o porquê de ter pensado que com você seria diferente – Continuou ela

– Não foi minha intenção, pelo amor de Deus!

– Está tudo bem. Apenas – Ela soltou uma risada curta – Apenas escapou.

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