Capítulo 11

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– Gabriel! – Catarina se aproximou dele na entrada – Tudo bem?

– Tudo – Na verdade, ele queria responder não, era segunda e para ajudar, Catarina veio atrás dele com sua voz irritante – E com você?

– Estou bem – Ela olhou para os lados e levantou os pés para olhar atrás de Gabriel – Não está com a Lilian?

– Eu não a vi ainda

– Ainda bem – A garota sorriu e pegou Gabriel pelo braço – Vamos andar comigo, quero achar a Bia.

Gabriel suspirou, mas acompanhou Catarina mesmo assim.

– Tem notícias da Lilian? Ela morreu? – Catarina riu

– Ela está bem – Gabriel se soltou da garota – E não vejo graça alguma em suas piadas.

– Não seja tão chato – Ela fez um biquinho – Você poderia muito bem andar comigo e meus amigos, mas prefere ficar com a problemática. Poxa, só você não percebeu que ela gosta de estar sozinha.

– Pare de implicar com ela, parece que quer afastar todo mundo dela – Após, Gabriel parou para pensar no que disse, na verdade, talvez Catarina tivesse afastado todos dela.

– Você tem um raciocínio rápido! É exatamente isso que eu quero. – Sorriu – Estaria interessado em ouvir uma pequena história sobre sua querida Lilian?

– Você é um monstro, Catarina. – Gabriel trincou os dentes, como se estivesse prestes a bater nela ali mesmo – Mas – Ele olhou para os lados – Quero ouvir sua história.

– Bem – Ela começou e foi interrompida pelo sinal – Depois conversamos, tchau.

Gabriel se dirigiu para a sala, e para sua surpresa, encontrou Lilian sentada olhando pela janela. Ele sorriu e foi para seu lugar

– Pensei que não viesse – Comentou ele

– Eu cheguei cedo – Ela virou o rosto para olhá-lo, havia um pequeno corte em seu rosto, mas a vermelhidão de ontem havia passado.

– Que milagre – Ele colocou a mão no bolso e tirou um Band-Aid – Fique parada – Ele colocou cuidadosamente o curativo no corte de Lilian e sorriu – Bem melhor

– Obrigada – Lilian posou a mão no curativo

– Como isso aconteceu?

– Ah, bom – Ela pegou o caderno ao ver o professor entrando na sala – Dessa vez, não fui eu.

– Quem foi?

– Você realmente não sabe?

– Não – Ele riu e pegou o caderno – Quem foi?

– Meu padrasto

Gabriel a olhou por alguns segundos boquiaberto, mas desistiu de dizer algo e prestou atenção na aula.

✽✽✽

No intervalo, os dois seguiram para a escada, mas somente Lilian sentou-se.

– Você fica aí? Vou procurar uma pessoa – Gabriel perguntou

Lilian acenou afirmativamente com a cabeça e viu Gabriel sair.

– Te achei! – Catarina andou até ele – Estava me procurando, certo?

– É, estava. Seus amigos não vieram?

– Não – Disse triste – Mas não faz mal, vem comigo. – Ela puxou Gabriel e sentou-se com ele em um banco de cimento do outro lado do pátio – O que exatamente quer saber?

– Ora, você disse que ia me contar uma história

– Ah sim – Ela coçou a cabeça para se lembrar – Não comente com ninguém, tá?

– Não vou contar

– Bem, eu e Lilian éramos amigas, digo, melhores amigas, ela era tão legal. Todo mundo gostava dela – Catarina fez uma expressão nostálgica

– Tá brincando? – A imagem de uma Lilian popular não se fixava em sua mente – Quando foi isso?

– Na época de quinta à sétima série. Continuando, na sétima série, ela passou umas duas semanas sem vir para a escola, e todo mundo se preocupou. Quando ela voltou, estava toda machucada, pálida e seu sorriso havia desaparecido, as pessoas se aproximaram dela, perguntando o que havia acontecido, coisas do tipo, sabe? Então, ela afastou todo mundo, me deixou sozinha, eu sofri pra caramba – Catarina forçou uma cara de choro – Ela virou essa coisa fria que é hoje, não se importando com ninguém. Eu realmente a odeio, quero que fique sozinha, aliás, ela quis isso, estou apenas fazendo sua vontade. Mas, em minha opinião, ela é só uma putinha que quer atenção.

– Não fale assim dela, você não sabe nem o que aconteceu com ela, não tem direito algum.

– E você sabe o que aconteceu? – Catarina soltou um sorriso cínico

Gabriel soltou um “não” fraco, levantou-se e foi em direção à escada. Não acreditava totalmente em Catarina, mas não sabia como tirar a verdade de Lilian, talvez ele devesse apenas esquecer.

– Eu vi você com Catarina – Lilian disse em um tom baixo assim que Gabriel apareceu

– Ela queria falar comigo

– Posso perguntar o quê?

Esse era o momento para pergunta-la sobre seu passado, mas ele não queria que Lilian surtasse e se afastasse dele, então se manteve quieto, como ela fazia quando não queria falar sobre algo.

– Tudo bem – Ela suspirou – Mas, não acho que deva confiar em Catarina.

– Não confio – Ele sorriu

O sinal bateu, os estudantes voltaram para suas respectivas classes e esperaram mais três cansativas aulas até que finalmente fossem liberados.

– Vamos – Gabriel esperava ao lado da carteira de Lilian – Você é muito lerda para guardar suas coisas – Ele pegou o material de Lilian e jogou tudo dentro da mochila da mesma – Pronto, vamos.

Lilian reclamou mas seguiu o garoto até a saída.

– Quer passar lá em casa? Sabe, minha mãe está trabalhando e como eu já fui a sua casa você podia almoçar lá e tal... – Justificou Gabriel

A garota pensou por algum tempo, mas respondeu um “sim”, fazendo Gabriel sorrir e guiá-la até sua casa

Ao chegar, Gabriel abriu a porta e permitiu que Lilian entrasse primeiro

– Não repara na bagunça, nos mudamos há pouco tempo e ainda não arrumamos tudo

– Quer que eu arrume?

– Anh? Não! Céus, Lilian, você age como uma empregada às vezes

– Desculpe

– Não era para levar à sério – Gabriel suspirou – Vem, a cozinha está arrumada

Os dois se dirigiram para a cozinha e Gabriel procurou algo para comer nos armários, não achou nada decente para comer então jogou uns dois pacotes de bolacha em cima da mesa.

– Gosta de bolacha? – Perguntou Gabriel

– Gosto – Lilian abriu um pacote e pegou uma – Pega – Ela ofereceu o pacote para Gabriel

– Lilian – O garoto pegou uma bolacha – Se importaria se eu perguntasse sobre seu passado escolar?

– Sim, me importaria, nem tente.

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