Capítulo 10

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O grupo chegou ao café e sentou-se em uma mesa afastada. O café estava bem vazio, havia apenas três ou quarto mesas ocupadas.

– Eu e os garotos vamos pedir no balcão, então, vão querer o que, meninas? – Perguntou Gabriel

– Quero um cappuccino – Alice sorriu – E você, Lilian?

– Hm? – Lilian parou de batucar os dedos na mesa e olhou para Gabriel – Ah, nada, eu não trouxe dinheiro.

– Ei, eu pago, e não aceito “não” como resposta – Gabriel bagunçou carinhosamente o cabelo de Lilian e soltou uma risada curta ao vê-la corar – Pode ser um cappuccino também?

– Pode – Disse ela, virando o rosto para esconder as bochechas coradas.

– Certo – Ele foi para o balcão junto de seus amigos.

Alice virou o rosto para Lilian e sorriu

– Bem, Lilian, o que está rolando entre você e Gabriel?

– Nada – Respondeu desinteressadamente

– Ele parece tão interessado em você – Ela riu – Dá até uma certa inveja.

– Não acho – Lilian voltou a batucar os dedos na mesa

– Sabe, acho melhor se afastar dele.

– Oi?

– Gabriel é um garoto bastante gentil, sabe? Ele não gosta de ver pessoas excluídas, ele tem dó. – Alice retirou um pouco de cabelo do olho – É por isso que está andando com você.

Lilian se estarreceu e pousou as mãos nas pernas, demonstrando estar nervosa.

– Não acho... – Gaguejou

– Pense bem, por que ele preferiria você à mim? Olhe só para você, não pertence ao nosso mundo, e ele sabe que pode me ter a hora que quiser, Lilian. – Ela sorriu cinicamente

– Caramba, foi difícil equilibrá-las até aqui – Lucas colocou duas xícaras sobre a mesa e suspirou de alívio – Mas, que clima é esse?

Logo após chegaram Daniel e Gabriel, também com xícaras.

– Qual o problema, Lilian? – Perguntou Gabriel, seguido de uma trovoada, havia começado a chover.

Lilian levantou-se e retirou cuidadosamente a camisa de Gabriel que estava em seu corpo, deixou-a na cadeira e deu alguns passos em direção à porta

– Ei, aonde você vai? – Perguntou Daniel

– Embora.

E antes que alguém pudesse protestar, ela abriu a porta e saiu. Ainda conseguiu ouvir um “Ela é sempre assim?” e um “O que você disse pra ela, Alice?” antes de correr para chegar logo em casa.

Ela parou no meio do caminho, na verdade, ela não queria ir para casa, então simplesmente sentou-se num banco da praça onde Gabriel havia encontrado seus amigos. Demorou cerca de dez minutos para alguém sentar-se ao lado dela.

– Lilian, dessa vez não tenho um guarda-chuva para lhe proteger – Gabriel forçou um sorriso

– Eu não ligo – Ela continuou encarando o chão – Não acredito que deixou seus amigos lá para vir atrás de mim.

– Acredito que você seja mais importante. – Sorriu Gabriel, parecia não se importar com a chuva

Os dois se mantiveram em um silêncio que parecia interminável, até Lilian resolver quebrá-lo

– Você sente dó de mim?

– Não – Gabriel a fitou, confuso – Apesar de nunca ter me dito, sei que tem problemas grandes, ou enormes – Ele riu – Mas não sinto pena de você por isso, apenas uma vontade inexplicável de ajudá-la.

– Você – Lilian apoiou a cabeça nas mãos, escondendo o rosto entre elas – Você gosta da Alice, sexualmente falando?

Gabriel riu, deixando Lilian ainda mais desconfortável

– Ah, você é uma graça. Não sei o que Alice te disse, mas não, não gosto dela, senhorita ciúmes.

– Eu não estou com ciúmes e não sei de onde tirou isso – Ela ajeitou o corpo e deu um tapa leve no braço de Gabriel, que agarrou sua mão e a puxou para mais perto

– O que é isso? – Ele examinou os cortes no pulso de Lilian – Não me diga que...

Lilian puxou o braço com toda sua força e virou o rosto novamente

– Não é nada, não se preocupe comigo.

– Você se corta, Lilian?

– Gosta de lasanha? Eu gosto e...

– Não mude de assunto. Você se corta?

Lilian suspirou

– Só em momentos de desespero

Gabriel a puxou para mais perto e a abraçou, mesmo que ela não gostasse, era a única coisa que ele podia fazer agora que não fosse julgá-la, e ela não precisava de julgamentos.

– Não quero que você se machuque, Lilian – Gabriel apertou o abraço – Se fizer isso novamente, eu farei igual.

– Do jeito que você é, não posso arriscar – Sua voz estava abafada, mas ainda era compreensível

– Isso aí, não arrisque, você sabe que eu faço mesmo – Ele riu, tentando quebrar a tensão

– Eu sei – Lilian se afastou lentamente, o abraço era algo totalmente incômodo, já que os dois estavam ensopados – Deveria voltar para seus amigos

– Prefiro estar com você

– Que mau gosto

– Pare de se autopunir!

Passaram mais alguns minutos em silêncio, Gabriel soltava algumas risadas por enquanto ao cutucar Lilian, mas não disseram uma palavra.

– Lilian – Dessa vez, ele quebrou o silêncio – Promete tentar confiar em mim?

A garota o encarou, estava um tanto espantada, mas para a surpresa de Gabriel ela sorriu

– Prometo.

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