Capítulo 6

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Gabriel arregalou os olhos, mas de certo modo, ela estava certa, apenas não precisa tê-lo atacado tão friamente.

– Certo. – Tentou responder em tom frio

Lilian se manteve quieta.

– Eu vou indo para casa, então. – Ele levantou, mas teve a manga de sua jaqueta segurada pela mão pequena e pálida de Lilian

– Desculpe – Soltou ela, fracamente – Eu não quero – Ela largou o garoto – Não quero que se afaste de mim.

Gabriel puxou o braço lentamente enquanto fitava a garota, tentando entender o que se passava na mente dela e como foi se interessar por uma garota tão problemática. Ao passar do tempo, percebeu que não sabia como reagir sob o olhar indecifrável de Lilian, qualquer coisa que dissesse agora poderia fazê-la explodir.

O silêncio mais uma vez reinou entre eles, até que Gabriel resolveu soltar um suspiro e formar um sorriso sincero.

– Eu não vou me afastar, Lilian – Ele se virou para conseguir uma visão melhor da mesma – Não precisa se preocupar.

Ela abaixou a cabeça e murmurou algo incompreensível enquanto Gabriel se sentava novamente no sofá

– O que você disse? – Perguntou ele

– Promete? – Lilian manteve o tom baixo, mas agora ao menos era compreensível.

– Oh – Ele riu – Prometo

– Não ria de mim. – Reclamou a garota

– Não estou rindo exatamente de você, mas da situação – Ele passou a mão nos cabelos – Ver você agindo de uma maneira tão meiga – Gabriel soltou uma risada curta.

Lilian o fitou por poucos segundos, mas o suficiente para Gabriel conseguir perceber suas bochechas coradas, o que o fez rir ainda mais. Ela levantou-se, pegou o pacote de salgadinhos da mão de Gabriel e o levou para o fim do corredor novamente, onde provavelmente ficaria a cozinha.

✽✽✽

Ao chegar à cozinha e jogar o pacote vazio de salgadinhos no lixo, Lilian seguiu para o corredor novamente e entrou no banheiro, recostou-se na porta por alguns segundos antes de encarar seu reflexo no espelho. Ainda tinha as bochechas rosadas por causa do que Gabriel disse, mas estava mais pálida que o normal. Ela passou a mão pela franja mal cortada e jogou para trás, deixando seu rosto transparecer mais do que o normal e torceu a boca ao vê-lo, não que ela fosse feia, se voltasse a ser vaidosa com certeza entraria para a lista de garotas bonitas do colégio, mas de alguns anos para cá estava totalmente desinteressada por esse tipo de coisa, e não queria voltar a ser notada, ela só estava insatisfeita com suas feições, e nem ao menos sabia por quê.

Bufou, passou uma água no rosto e se secou com a própria manga do moletom, abriu a porta e voltou à sala.

– Demorou – Comentou Gabriel, zapeando os canais da TV, logo desistiu e a desligou.

– Desculpe – Disse ela num tom arrastado – Acho melhor você voltar para casa

Gabriel a fitou num tom confuso

– Mas há pouco estava dizendo para eu não me afastar – Riu

– Não nesse sentido – Ela coçou a nuca – Apenas acho que deve ir para casa

O garoto levantou-se e se espreguiçou

– Tudo bem – Ele pegou a mochila – Ah, Lilian

– O que?

– Você tem celular?

– Hm? – Era a primeira vez em anos que alguém pedia seu número – Ah, tenho – Ela pegou o celular de Gabriel e anotou seu número no próprio

– Te mando uma mensagem quando chegar em casa – Caminhou lentamente em direção à porta, acompanhado da garota – Aí você anota meu número

Ela acenou positivamente com a cabeça e abriu a porta.

– Bem, tchau então, Gabriel

– Espera, você vai segunda?

Lilian encostou a cabeça na porta e olhou para baixo

– Tá, pode ser – Disse com incerteza – Você vai?

– Claro – Ele sorriu – Sério, vá. Não é bom ficar faltando tanto por nada.

– Não faltei por nada.

– Então, por que faltou?

Dessa vez, ela não conseguiria desviar o assunto

– Estou doente

– O que você tem? – Perguntou, preocupado

– Ah, nada demais. Já me sinto melhor – Ela abaixou o tom ao dizer as últimas palavras

Gabriel não insistiria mais nesse assunto, percebeu que ela estava desconfortável

– Certo – Respondeu ele – Tchau! – Gabriel a puxou pelo braço e a abraçou – Melhore, é uma ordem.

Lilian arregalou os olhos e não ousou mexer um músculo durante o abraço

– Me solte.

Gabriel a soltou

– Ok, sem contato físico – Ele riu – Por enquanto

Lilian trincou os dentes e abaixou a cabeça, mostrando que não sabia como reagir.

– Tchau – Gabriel acenou enquanto seguia pela calçada

Lilian acenou de volta, e se esforçou para contar o sorriso tímido que se formava em seu rosto.

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