LIV

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via tudo acontecer em camara lenta, os três homens que estavam comigo  trabalhavam cada um envolvido na sua própria tarefa, o homem no computador ainda usava o interfone conseguia ouvia nitidamente a voz de Emir ofegante dando ordens que o homem cumpria  com um sorriso meio infantil no rosto que refletia a satisfação pela adrenalina em quanto com uma fugacidade inacompanhavel passava os dedos pelo teclado do computador, o homem chegava a gritar de emoção em meio a declarações egocêntricas sobre o quão fantástico era  quando algo corria bem, o outro homem arrumava as coisas na mala que ficava no porta bagagens e tirava algumas que pelo que eu pude perceber iriam utilizar. Kemal com a sua arma rondava o local atento a qualquer possível tentativa de aproximação.

o vento fraco levava algumas folhas até ao meu rosto, mas simplesmente as ignorei não me importando em  tira-las nem as folhas nem o fios do meu cabelo que junto das folhas eram carregados pelos sopros fracos e gelados do vento

Eu estava exausta parecia que iria desabar a qualquer momento, o meu corpo doia e a minha mente parecia igualmente afetada, eu poderia me sentar ao em vez de ficar parada no meio do mato, eu ia fazer isso, quando a minha mente clareou e finalmente me toquei, sobre a falta de necessidade de eu estar em pé, mas foi exatamente no momento em que eu dei a volta e estava prestes a caminhar até ao carro que eu vi tudo ficar escuro, o homem desligou o farol do carro que até aqui iluminava apequena clareira em que nós estávamos, nem tive tempo de questionar pois logo senti a mão de Kemal absurdamente áspera graças a luva que utiliza tapar-me a boca me  fazendo parar de respirar nos segundos em que o susto bateu, Kemal me arrastou até dentro do carro e tranco a porta, me deixando presa lá dentro pela janela o vi destravar a arma e correr em direção a mesma entrada pela qual Emir saiu camuflando-se entre as árvores segundos antes de dois homens chegarem, ví um dos homens levar algo em direção a boca, algo que parecia ser um rádio o homem olhava para o carro com uma certa ansiedade, aproximando-se lentamente para ver algo sobre a janela de vidros fumados fez um sinal para o outro homem ir do outro lado do carro enquanto com passos calculados devido a escuridão se aproximava da janela em que eu estava pendurada, me afastei dela com pressa ao ver o embalçar da minha respiração visível no vidro, olhei para a mancha de ar se esvaziando lentamente e depois olhava para o homem, com medo que ele conseguisse ver estando do outro lado, eu não sabia qual o plano de Kemal mas cria que eu ser encontrada não fazia parte do plano, fiquei estática quando o homem puxou a maçaneta do carro que em algum momento foi trancada.

_encontramos um carro _ouvi o homem falar para o rádio_ vou verificar_ não ouvi nenhuma resposta vinda do rádio e o homem também percebeu isso já que repetiu e depois ficou chamando sem ter resposta na mesma resolveu voltar a sua atenção para o carro colou o seu rosto contra o vidro na tentativa de ver alguma coisa eu mal sabia se ele me podia ver de qualquer forma mas fiquei estática movendo apenas os meus olhos que iam de um lado para o outro seguindo os movimentos dos dois homens, o rapaz a minha frente continuava mexendo no computador e o som dele teclando ainda escoava pelo local, enquanto o outro já tinha uma mão na ignição e outra no acelerador ou dois com a dose de adrenalina e emoção tão altas que eu me perguntava se realmente era seguro para mim,  e Kemal os meus olhos o procuravam mais eu não o achava em lado nenhum, será que ele me tinha abandonado? Essa dúvida só amentou quando vi um dos homens apontar uma arma para o vidro do carro e sem hesitar atirar, me agitei e tive de tapar a minha boca para conter o gemido alto que saiu dela, nada aconteceu com o vidro ele continuou intacto não contendo nenhuma marca sequer

_eu não consigo desligar a energia, o sistema é muito antigo precisa ser desligado manualmente_ o rapaz dos computadores falou para o rádio
_dá um jeito, as luzes precisam estar desligadas, é parte do plano _ouvi do outro lado a voz grossa de Kemal soar baixa,  contida e meio ofegante como a de quem tinha corrido muito ou lutado, claro os homens não estavam sozinhos olhei para as janelas tentando ver se os homens não tinham ouvido mas me parece que não pois o primeiro que parecia ser o chefe entre os dois se afastou dando sinal para o outro, que agora tinha desaparecido do meu campo de visão se abaixando o homem ficou lá por pouco tempo antes de se afastar e ir para o mesmo sítio em que o outro estava agora com arma apontada para baixo, ele ia atirar nos pneus voltei a ficar alarmada até que apenas com o som de dois tiros os dois homens foram para o chão
Kemal correu até nós, ao mesmo tempo em que o motorista ligava o carro, abri a porta para que ele entrasse no entanto ele não entrou Kemal parou na frente do carro e as suas palavras ao em vez de me deixarem_  aliviadas me deixaram com ainda mais medo
_me envia a localização do quadro de luz, eu vou desligar vocês tirem a dona Kayhana daqui, agora. _ Kemal respirava ofegante pela adrenalina tinha sangue escorrendo na têmpora e um pequeno corte na bochecha provavelmente da luta recente

_não Kemal você..._ o meu discurso não pode continuar pois o homem acelerou com o carro a toda velocidade reagindo com imediatismo ao pedido de Kemal não ouve qualquer hesitação da parte deles como se já estivessem a espera disso_ o quê que vocês estão fazendo

_gritei o rapaz do computador olhou para mim com um sorriso ladino que devia ser sexy mas não foi os nossos corpos começaram a  ser jogados de um lado para o outro enquanto o carro percorria a irritante estrada de terra esburacada e cheia de relevos, e saliências, o meu corpo quase bateu no capo do carro quando passamos por um salto e enquanto isso os meus heróis sorriam alegremente achando que estavam em um maldito jogo de ação.

Eu voltei a gritar, olhei para trás, eu queria que Kemal voltasse, eu não confiava naqueles homens.

_aperta os cintos patroa_ falou ele sorrindo quando a estrada de alcatrão já estava a vista sorrindo como uma criança prestes a receber um doce, com um solavanco enorme o carro subiu para a estrada, e o homem desatou a sorrir ainda mais  quando finalmente pode aumentar a velocidade, era isso? Tinha acabado eu finalmente estava correndo em direção a liberdade? _a brincadeira começou_ o homem que antes era silencioso agora estava irritantemente comunicativo olhei para trás na busca pela sua definição de diversão e vi cerca de cinco motos atrás de nós, em apenas uma delas havia um homem a atirar mas eles pareciam bem dispostos a nos seguir, o homem continuou guiando e sorrindo sem dúvidas ele era um condutor e tantos, se desviava dos poucos carros que nos apareciam e ainda conseguia controlar a condução apesar da velocidade
_vocês não acham que tem algo estranho?  não parecem nos querer fazer parar, é como se eles só estivessem a espera de nós parar-mos aaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh, gritei ao ver as luzes fortes do camião na nossa frente e ouvindo a buzina cerrei os meus olhos não querendo ver o que vinha a nossa frente, era isso? Depois de tudo era o tão clichê fim com um camião enorme, com a sua Luz extrema cegando os nossos olhos?

Cerrei os meus olhos e levei as minhas mãos aos meus ouvidos não querendo ouvir ou ver o que acontecia, a ideia da minha morte parecia assustadora de mais, aguardei o tão temido momento da batida. com o coração acelerado e o peito doendo de tão forte que o meu coração batia, Mas essa não chegou e quando ousadamente eu abri os meus olhos vi que  conseguimos passar pelo primeiro camião mas logo veio outro e eu continuei gritando junto do rapaz do computador que tinha a mão na orelha todos incluindo o condutor suspiramos de alivio quando conseguimos passar pelo outro também, olhei para trás querendo ver se os nossos perseguidores tiveram a mesma sorte e pude ver três das motas atrás de nós, mas ainda assim mantive os suspiros de alívio, porém esse momento de alívio não se estendeu por grande espaço de tempo pois logo ouvi alguém praguejar

_porra_ agora foi o rapaz dos computadores a falar e este porra não tinha a mesma euforia que os outros insultos que foram jogando, ele tirava o rádio da orelha que só agora eu percebi_ era o Kemal, você tinha razão eles não nos querem parar, tem uma bomba instalada ao carro nós precisamos sair vai explodir em menos de 3 minutos pelo que ele disse, o rapaz com pressa inclinou-se para trás estando bem  próximo de mim, eu não reclamei quando as suas mão foram para de baixo do meu colete e também da minha blusa sabia que seja lá o que for que ele ia fazer era necessário ele prendeu um objeto pequeno a fita do meu sutiã e voltou ao seu lugar
_ porra _ repeti, na nossa frente dois carros vinham fechando a estrada ainda estavam muito distante mas parecia que não iam demorar a chegar até nós, o carro parou bruscamente bloqueando a estrada a nossa frente
_porra, desatem o cinto e agarrem-se nós vamos salta
_ o quê? Nós vamos morrer, o carro está indo muito rápido é suicídio gritei
O rapaz que conduzia girou com estrema rapidez o volante para o lado e o carro estava sendo lançado para a floresta que adornava a estrada, ele pisou no travão eu  pude ouvir perfeitamente o agressivo chiar dos pneus, o carro mau tinha parado, ia bater contra uma árvore e foi nesse momento que ele gritou
_saltem agora _ele gritou já saído do carro, eu fiz o mesmo sem qualquer noção do que estava fazendo, tapei a minha cabeça com os meus braços e me deixei cair do carro para o chão o meu corpo rebolou várias vezes pelo chão e a essa altura a dor era indescritível o som alto da explosão veio acompanhado por uma onda que  jogou o meu corpo chegando a arranca-lo do chão e depois este voltou para o chão  e voltar a rodar continuamente vez atrás da outra _ eu não sentia mais dor, não sentia mais nada só via o negro a escuridão não conseguia distinguir sons e nem parar as voltas que o meu corpo dava, desde quando é que aquele chão era ingrime? Eu estava realmente rodando ou era a minha cabeça? Porquê que a inconsciência estava demorando tanto para mi abraçar, para me salvar... eu só queria parar de sentir seja lá o que for que eu estava sentindo, se é que eu estava sentindo...

E finalmente parou.

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