XLIX

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A areia resultante da recente escavação misturou-se com a água que escorria pelo chão do lugar num calmo fluxo deixando o chão lamacento, Kayhana deu um passo para o lado deixando espaço para Sergey aterrissar, e de certa forma trantando de manter-se longe daquele homem, Giulia limpava berrando qualquer coisa com uma expressão severamente enojada a água que umedeceu a sua roupa quando ela caiu sobre aquele chão asqueroso
_construções coloniais são bem interessantes_ Sergey falou depois de ter recuperado o equilíbrio se referindo ao espaço em que estavam_ parece que a paranoia dos nossos antepassados nos é bastante conveniente_ tirou o celular do seu bolso e ligou a lanterna, Kayhana prestou atenção no espaço em que estavam pareciam estar em um daqueles túneis de esgoto que costuma parecer em series e filmes, só que em blocos bastante esburacados e bastante escuros, as paredes da superfície de teto oval era circuladas por um fungo verde tinha teias de aranha e  algumas baratas classificáveis como gigantes, embora estivesse cheia de nojo tratou de se controlar para não expor
Seguiram Sergey pelo estreito corredor quanto mais caminhavam para dentro maior era a quantidade daquela água de origem extremamente duvidosa, ouviam barulhos esquisitos nas paredes D
deterioradas daquele lugar como se ratos estivessem caminhando por lá, Kayhana focou-se em olhar apenas para frente sabia que se olhasse para o lado e visse uma ratazana todo o seu autocontrole morreria.
Viu de relance quando Giulia passou a caminha na mesma linha que ela, a viu também expremendo as mãos uma nas outras e abrindo a boca mais uma vez, como quem não sabe o que falar mas se sente obrigada a falar
_você não precisa falar nada, eu estou bem_ avisou querendo se manter distante até dela, Kayhana ganhou recentemente a nossão da maudade do mundo, e ganhou vivendo na pele, e agora chegou a um ponto em que não sabe a quem temer, só que devia temer. Estava bem sozinha presa em seus pensamentos se martirizando internamente, deixando toda a mágoa por de trás da armadura que ela escolhera usar para lidar com todo este embaralhado de sentimentos controversos.
_não é o que a tua cara diz.

_Giulia eu não quero conversar agora.

_mas eu sinto que você precisa.

_por favor agora não_ suspirou aumentando os passos_ me dá um tempo

_Kayhana me escuta eu sei que você não está bem, eu entendo o que você está passando, você precisa...

_ o quê!_se exaltou_ agora você também vai determinar o que eu preciso? Giulia eu me apaixonei por um homem que ofereceu a minha vida de bandeja para um bando de mafiosos, eu perdi tudo a carreira que demorei anos da minha vida construindo, a minha família foi ameaçada, o meu melhor amigo foi ameaçado, Bartolomeu levou um tiro, eu não sei o que irei fazer da minha vida depois que sair desse lugar, se é que eu chegue a sair, pois ao contrário da tua a minha vida não tem qualquer importância, sim você sabe o que eu estou passando a tua trama amorosa com dois irmãos é completamente equivalente a perder tudo aquilo que você é, eu me sinto um lixo alguém completamente sem valor e sabe o que é pior eu sei que parte da culpa é minha, eu sei o que eu estou passando eu sei que isso é consequência das decisões erradas que eu tomei, eu sei o que eu estou passando e você? Você não sabe de nada nem o que eu estou passando e muito menos o que eu preciso, para de bancar a boa samaritana e cuida da tua vida.

Terminou de falar e acelerou ainda mais  os seus passos deixando Giulia para trás, ignorou o olhar de Sergey, quem era ele para lhe julgar? E ainda mais em um momento em que ela esta com tanta raiva dele, pouco tempo depois a primeira curva dentro do túnel húmido e mal cheiroso surgiu passaram por ela e se depararam com um rato morto rodeado de germes brancos escorregadios e nojentos aumentando ainda mais o mal cheiro que pairava pelo local se misturando toxicamente com as partículas de oxigénio as duas mulheres fecharam ainda mais as expressões faceais que por dois motivos relacionados mas distintos já estavam fechadas, quanto ao Sergey talvez para manter a postura oponente que o patriarquismo dita como regra para manter intacta a tão glorificada masculinidade ou simplesmente e descartando qualquer teoria intriguista, pelo facto de já conhecer o local e estar preparado psicologicamente para tal cenário.
A medida que iam se aproximando uma luz fraca era notada juntamente com o som de um teclado sendo manejado com rapidez, o fluxo de água no chão se transformou em apenas uma linha reta e o clima húmido passou a estar levemente mais seco, uma mistura enjoativa do cheiro fedorento do local com alguma erva aromática deixava a dúvida mental sobre o bom gosto da pessoa nesse local.
Na parede esquerda havia uma curva que dava para um espaço mais largo como se o local em que passa a água fosse um rio que dividia dois hemisfério sendo o esquerdo mais largo e espaçoso enquanto o direito é apenas um espaço em que era possível ficar em pé, apenas isso.
No outro havia um computador ligado sendo manejado por alguém que estava de costas para eles sentado em um velho barril de madeira que já estava com a parte inferior coberta de um mofo escuro causado pela umidade com alguns pedaços de madeira arrancados e outros parecendo até uma arma de tantas farpas que tinham.
Praticamente não havia eletricidade o computador que era portátil carregava em uma espécie de acumulador para computadores, a luz vinha das várias velas aromáticas distribuídas pelo local, bem no centro do chão uma pasta de estampa militar estava atirada e dentro dela era possível ver uma barra de cereal do mesmo sabor que as que estavam no monte de lixo perto do sítio em que o homem tão concentradamente trabalhava, incrivelmente o estômago de Kayhana deu sinal de vida só de ver aquela barra que provavelmente tinha sabor a mato
Sergey caminhou até ao homem e retirou os fones de ouvido, fazendo com que ele finalmente volte para o mundo. _Óhhhhhh Sergey_ falou animado com a voz demasiado fina _eu estou quase conseguindo agora só precisamos do chip e que esse modem volte a pegar a rede_ bateu com a mão em sua cabeça e revirou o olhos, tão entretido que quando notou as duas mulheres apenas esticou os lábios e franziu o nariz fino que ele tinha com o mais puro desdém do mundo _ eu nunca pensei que eu ia voltar a isso, século e eu utilizando um modén para aceder a internet e ainda por cima com tecnologia 3G, só para veres o quão grande é a minha lealdade ao pakhan*  renegado.
_medo de levar um tiro não é lealdade patrick.
_mas é um motivo tão forte quanto_ terminou de falar e finalmente deu atenção as mulheres, olhando para cada uma da cabeça as pés lentamente e sem qualquer cuidado para disfarçar o facto de as estar avaliando-as, quando terminou a sua avaliação voltou a fazer a expressão de desdém para as duas.
_quem disse que eram lindas não mentiu_ se não fosse o deboche presente na sua expressão talvez isso soasse como um elogio_ mas estão horríveis, dignas de pena_ levantou-se e foi até elas que estavam na mesma direção mas ainda com uma grande tenção pairando sobre ambas, levou uma mão até ao cabelo de Giulia ergueu uma mecha e dele e depois largou, quando tentou fazer o mesmo com Kayhana está se afastou de forma brusca empurrando a mão do homem para longe dela e caminhando até um dos cantos do local para se sentar, estava exausta com fome e psicologicamente destruída.
_calminha gata selvagem_ falou Patrick com um sorriso sínico nos lábios estranhamente roxos_ nós vamos dividir o abrigo precisamos socializar, você minha linda é já sei que é Giulia Bartizzolo Scuzziato Brassane esse nome de casada ficou horrível já agora_ voltou a tentar encostar em Giulia que apenas o encarava com de uma forma perturbadoramente indecifrável _eu você aí cuidado com onde meche_ avisou para Sergey que analisava no computador a que pé estavam_ continuando bem para pegar um daqueles eu também me submeteria a um nome tão feio_ quando voltou a erguer a sua mão para toca-la o máximo que saiu da sua boca foi um vibrante e sonoro grito de dor, Giulia pegou no seu braço e o entortou nas costas apenas um movimento em falso por parte do homem e o seu braço seria partido
_não volta a tocar em mim_ inclinou-se e falou bem no ouvido dele _ a não ser que esteja disposto a viver sem alguma parte do corpo, entendeu? _apertou mais quando não ouviu a resposta_ eu não ouvi a resposta, entendeu?
_si... si...sim, agora me solta por favor, o pobre homem falou choramingando de dor e Giulia o soltou, toda àquela tortura teve consequências
_o meu pobre bracinho_ continuou choramingando com a mão no ombro se afastou lentamente de Giulia.
_E você pakhan renegado, para de rir que se o meu braço morre a sua super missão morre junto
O sorriso nos lábios de Sergey morreu e este tomou uma expressão fria e ameaçadora, Kayhana os observava tentando entender o naturalismo e indiferença que tinham relativamente ao que fizeram com ela, eles rias tinham os seus dramas e se divertiam_ você faria nem que fosse teclando com a porra dos dedos dos pés, e agora mãos a obra temos pouco tempo.
_tudo bem é só me dar o chip que eu faço a minha magia pakhanzinho
Sergey olhou para Kayhana e está para ele, foi uma curta comunicação mas compreensível Kayhana esticou o seu braço preparando-se para a dor que surgiria quando Sergey tirasse a sangue frio o chipe que estava no seu braço, poderia relutar tentar escapar mas sabia que sozinha não iria sair dali, no momento certo teria a sua vingança.

Sergey caminhou até ela com uma hesitação que podia muito bem ser confundida com culpa e pesar mas de que adiantava ter qualquer um desses sentimentos se se Kayhana pedisse que a deixasse ir ele não deixaria, se se fosse para a matar para recuperar o seu cargo ele a mataria? No fundo este sentimento se é que existia mesmo nele era mera hipocrisia, e nada iria tirar isso da cabeça de Kayhana pois seja lá quem for que esteja disposto a julga-la por estar com sentimentos tão negros dentro de si não sabia realmente o que ela estava passando
_eu vou tentar não te machucar_ não era bipolaridade, era alguém tão mau e tão acostumado com a maudade que realmente é capaz de pensar que o que fez Kayhana passar não era mesmo nada.

_avisou no momento em que se ajoelhou de frente para ela.
Kayhana não respondeu virou o seu rosto e continuou com o braço estendido, uma sensação extremamente incomoda surgiu dentro dela quando Sergey tocou no braço, ela poderia vomitar só por aquele simples toque dela elogo depois surgiu o frio metálico da lâmina

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