Procurando respostas

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Cada pedalada que dava, sentia a solidão no peito.
Não tinha pressa, pedalava com toda a calma do mundo como se estivesse num mundo seu próprio, sem se preocupar com a futura bronca materna. Afinal, já estava acabada mesma.
Passou pela guarita e deixou a Bike nos fundos, ignorou o bom dia do porteiro e subiu as escadas esperando se deparar com a carranca da mãe postiça.
Arrumou sua postura de foda-se e a melhor cara de desinteressada possível.

Para sua felicidade e alívio, não havia ninguém, nem mesmo a empregada estava lá.
Ótimo, não queria ter que topar com Julieta. A empregada era x9, adorava dedurar a mais nova, Catra se lembra que se vingava sempre depois, pregando sustos nela.
Riu internamente ao se lembrar de quando havia deixado um rato morto dentro da geladeira ( só pra deixar claro, era rato de laboratório e ele estava ensacado ) a mulher quase teve um infarto e Catra também quase teve um ao se contorcer de rir.
Beto foi o único ( como sempre ) a partir em sua defesa.
"Na idade dela eu colecionava rãs e as dissecava"
Aquela brincadeira lhe custou o celular, mas ok. Ela não era muito chegada ao celular nessa época, foi até bom já que ultimamente recebia ligações de trote da Escola, algum engraçadinho espalhou seu número e faziam trotes nela.
Puff, bons tempos aqueles!

Catra olhou para a sala e segurou a vontade de vomitar, roupas espalhadas incluindo íntimas.
Bom, ao menos eles tiveram a decência de irem ao quarto.
Parece que Cíntia adicionou outro presente.
Torceu o nariz e subiu as escadas em silêncio com medo de acordar os dois e sua sorte acabar ali.
Assim que entrou se jogou na cama e se permitiu suspirar, nem percebera o quanto estava cansada.
Ficou nessa até ouvir batidas na porta:
- Catra! Levante - se, está fora do castigo. Vamos almoçar, Beto vai pedir comida chinesa.

Seu estômago roncou com aquilo, passar tanto tempo sem comer estava começando a voltar a ser um hábito. Já que no Orfanato ela não tinha nada daquilo, era tudo nos seus horários e sempre que havia comida em que ela não comia, ou não gostava ou estava ( da maioria das vezes) de castigo.
É... Ela era mesmo um alecrim dourado naquele lugar.

Catra percebeu que nem Cíntia e muito menos Beto tocaram no assunto da noite anterior. O lado bom é que ela estava livre de qualquer cobrança, aproveitou para planejar seu próximo passo em relação a promessa que fez mais cedo. E Catrina Lua Clara Gomes( arghh) não era de quebrar promessas.

No dia seguinte

Um dia perfeito para sair de Skate e dar uns grau por aí, mas Catra estava mais interessada em ir pra Escola, ela queria retomar a investigação e de quebra se encontrar com a fantasma.
Dessa vez ela chegou pontualmente, Sara Weaver ergueu a sobrancelha ao ver a aluna problema ali plantada no portão esperando ser aberto.
Catra desviou o olhar, estava envergonhada por isso e o olhar da assustadora Weaver não ajudava em nada.

Catra era do tipo de pessoa arrogante que se orgulhava de sua ignorância e fazia questão de mostrar a todos o quanto ela não prestava ou se importava com as suas opiniões de merda.
Às vezes se fazia de lerda ou retardada só pra entender qual é a deles.
Então quando sem nenhuma intenção ela mudava de algo ruim para bom, as pessoas sempre esperavam algo a mais.
E ela não gostava.

"Bobagem, por que eu deveria deixar as pessoas verem "meu lado bom" se elas nem ao menos me conhecem? E outra...elas sempre esperam mais de você e criam pressão tentando te moldar a ser o que você não quer"
Viver pelas expectativas das pessoas não era opcional.

As três aulas estavam um saco só! Sinceramente, qual era a desse professor Ricardo?
O coitado só gaguejava, Catra tinha pena desse cara.

Finalmente a campa bate e ela mais do que ansiosa arruma suas coisas suspirando de alívio, mas antes de sair ela ouve seu nome ser chamado.

O crime de Bright MoonOnde histórias criam vida. Descubra agora