Mais um dia calmo

40 6 0
                                    

Catra

Acordei já estressada.

Estressada e com o pé atrás com o povo dessa casa.

Pra começar, Beto roubou minhas chaves.

O que é no mínimo estranho, porque eu tenho certeza que ele estar no meu quarto fuçando minhas coisas é outra coisa a me preocupar.

Reclamei disso no almoço, ÓBVIO que Cíntia partiu em defesa dele e se recusou a trancar meu quarto pra quando eu estiver fora.

A Juliete não teria como limpar meu quarto e blá blá blá.

Agora eles mal olham pra minha cara, e não tem como eu entrar na biblioteca porque as chaves que inclusive eu roubei da Sombria, está com o Beto que roubou de mim.

Me pergunto se ele sabe pra quê serve aquelas chaves e se ele sabe, é porquê ele suspeita de alguma coisa minha.

Então sim! Coloquei ele na lista de suspeitos do assassinato da Dona Casta.

Autora

Já na Escola, Catra percebeu que a secretária Tara tinha acordado do lado errado da cama.

Até seus passos graciosos eram pesados e duros pelo barulho do sapato chique de salto. Ela nem sequer se deu o trabalho de receber o palestrante do dia, uma nerd em informática que trabalhava numa empresa de software.

Ela a fitava de longe e mesmo tendo sua marcação cerrada e desconfiada, ela se arriscava a sair sempre que podia do pátio da palestra para ficar de olho na mulher. A desculpa era beber água do bebedouro próximo a secretaria. Numa dessas idas e vindas, a garota verificou a porta entreaberta da sala que espreitava. Lá dentro, Tara com o celular colado á orelha, resmungava alto demais e o que, teoricamente, deveria manter na maior discrição.

- Atende essa porra logo, Beto! - ela dizia furiosa.

Catra acelerou o passo, com receio de ser descoberta. Precisava retornar ao segundo andar, mas não chegou ao seu destino. Ela visualizou depois da primeira curva da escadaria, avistou a biblioteca, na outra ponta do prédio. A porta de madeira maciça estava aberta e pronta para ser invadida.

Sem parar de correr, ela adentrou e parou ofegante já dentro da biblioteca. O silêncio era gritante. Não viu ninguém, nem a loira do banheiro estava presente. Pensou em chamar ela, mas se conteve e procurou os olhos ao redor e teve uma euforia imediata ao ver o micro ali.

Ele estava ali!

Desligado e ansioso para ser explorado.

A garota sorriu.

Ela tinha uns 10 ou 15 minutos no máximo, antes da palestra terminar. Ela se aproximou do balcão, pronta para contorná-la...

Foi aí que percebeu que cairá numa armadilha. Como uma sombra ameaçadora, Sombria do primeiro corredor, carregando um rodo e um balde com água e desinfetante para justificar sua presença no lugar. Mas sua expressão demonstrava claramente o que pretendia: ao abrir a porta da biblioteca, atrairá sua presa como formiga num pote de açúcar. Sara Sombria sorriu maléfica para o micro antes de dirigir seu rosto para a garota. Acabara de descobrir o que tanto a garota queria bisbilhotar.

Um frio na barriga se apossou de Catra e ela sentiu que não era nada seguro ficar perto daquela mulher. E se ela fosse a assassina? Claro, fazia todo o sentido. Ela tinha a confiança da dona Casta porque trabalhavam há décadas juntas no colégio. Por isso, não levantara a menor suspeita da velhinha na hora em que se aproximara para mata-la.

Catra deu um passo para trás. Depois outro.

Sara continuava a avançar na sua direção.

- A-algum p-problema, dona Sara?

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 18, 2023 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

O crime de Bright MoonOnde histórias criam vida. Descubra agora