A Morena Problemática

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03 de Setembro de 2017

Segundas.
Catra odiava Segundas-Feira.

Ela tinha um problema pessoal com esse dia. Simplesmente odiava, por que significava coisas novas e surpresas. E se tem uma coisa que ela odiava era surpresas.

Ela não tinha um histórico muito bom com surpresas, sempre que tinha uma surpresa na sua vida era algo ruim.
A começar pela adoção.

Muita gente que cresce em Orfanato, mais do que tudo quer ser adotado.
Ela não.
Desde que se entende por gente, ela nasceu e cresceu no Orfanato.
Era feliz sendo ela mesmo, no Orfanato das freiras.
Não gostava nem desgostava mas dava de viver e ela já se acostumara com tudo e todo mundo.
Já tinha até feito uma amiga, a irmã idosa e paciente que insistia em cuidar dela.
A irmã Esperança.

Se lembra da morte da irmã Esperança, foi um momento difícil para a mesma já que a idosa era a única que tinha passe livre com a garota problemática e azeda.
A única pessoa daquele lugar que Catra desenvolveu alguma simpatia.

Logo depois foi adotada.
E aí veio mais surpresas.
Adotada nos seus plenos 15 anos, Catra nem ninguém daquele lugar esperava por isso. Todos cochichavam sobre a tamanha sorte que a garota teve enquanto a mesma comparou com um azar.
Nem ela entendia o que aquele casal tinha na cabeça quando resolveu adotar uma adolescente rebelde já crescida e com problemas de personalidade.
Sarcástica, debochada, fria, egoísta, etc.
Adjetivos que as freiras daquele lugar deram a ela para o casal, que mesmo sabendo da enrascada que estavam se metendo resolveram mesmo assim adotar ela.

Enfim, foi adotada por duas pessoas alegres, alegres até demais.
Se lembra de ter franzido a testa e feito careta quando o casal se apresentou.
Eram perfeitos, o tipo de pais sonhados que tiveram a péssima decisão de adotar alguém como ela.

Para Catra, ela só teve uma pessoa no seu coração e já bastava.
Perder irmã Esperança foi o pior momento da sua vida e o único até agora.
Não queria passar por aquilo de novo, não queria se apegar de novo.
E deixou isso bastante claro quando olhou nos olhos dos seus novos "pais" e falou com tamanha frieza que não seria culpa dela se eles se arrependessem de adota-lá.
Embora a morena tenha sido uma decepção como as freiras costumavam dizer, os dois resolveram assinar os papéis e adotar a garota amarga mesmo assim.
Mesmo que ela tenha dito que preferia ficar no Orfanato ou continuar nessa vida até ter maioridade para sair dali, teve sua decisão ignorada pela Madre Superiora que deu um jeito não tão nobre de fazê-la"mudar de idéia".

Mais um motivo para odiar segundas, aquilo aconteceu numa Segunda feira, vale ressaltar.

Seus novos guardiões:
Cíntia Lua Clara Gomes.
Sim, esse é o nome dela.
Sua "mãe".

Roberto Lance... Alguma-Coisa.
Conhecido como Beto.
Nome do seu "papai".

Ela nem sabia seu nome todo.
Nunca fez questão de saber algo sobre eles, desde seus 15 anos ela esteve com eles, apesar de Catra ser uma garota difícil ela não dava trabalho, fazia o que mandavam ( às vezes ), marcava presença quando pediam para ela ir às reuniões chatas da empresa de Beto já que ele era o dono e sempre quando eles pagavam um curso caro para a mesma, ela ia mesmo que não lhe agradasse.

Vantagem de ter pais ricos.

Mas tirando isso, ela ainda era a garota fechada, indiferente e azeda.
E dinheiro nenhum mudaria aquela personalidade difícil dela.
Mesmo que os dois tenham feito de tudo para "animar" a garota, tudo que receberam foi gelo da parte dela.
É como ela mesmo diz...
"Arquem com as consequências"

Estava no início do segundo ano letivo e ela estava mais do que atrasada pra Escola, chegar cedo nunca foi seu forte.
Catra tinha um "dom" para chegar atrasada, mas o motivo de não ter ido ainda a Escola era por causa dos "pais".
Eles sempre se ofereciam para dar carona a ela, mas ela dava um jeito de despistá-los com a desculpa que gostava de ir a Escola de Skate.
Uma desculpa que parecia convencer aqueles patetas, mas pelo barulho de vozes parecia que eles ainda estavam ali.
Bufando, a garota decide descer e se mostrar presente, pularia o café da manhã de novo, não queria mais um motivo pra atraso nem uma interação de família aquela hora da manhã.

- Bom dia Catrina, já ia te chamar - Cíntia exclama com um leve tom repreendedor - pensei que até tivesse ido.

- Também pensei que vocês já tivessem ido - devolveu no mesmo tom ignorando o Bom dia e se dirigindo até a porta de casa pra sair e pegar sua Bike, hoje ela iria de Bike, era mais rápido e a Escola não era tão longe de casa.

- Espere, você não vai tomar café?

- Não.

Atravessando a sala da mansão, Catra esbarra com Beto que lhe dirige um sorriso afetuoso e confuso.
Franze a testa, ele não tinha que estar na empresa?

- Catrina? Oi, cuidado - segurou seus ombros - você não deveria estar na Escola?

- E você não deveria estar no trabalho?

- Sim, mas...

- Então, eu deveria estar na Escola - se desvencilha de sua mão e sai ignorando o olhar cabisbaixo do moreno.

Pegando a Bicicleta ela ignora a reclamação do jardineiro e sai bufando, já pensando em uma desculpa para dar quando chegasse e tivesse que explicar por quê perdeu as primeiras aulas.

Enquanto pedala, ela se lembra do motivo de seus "pais" ainda estarem em casa.
Era aniversário dela de 17 anos e como nos anos anteriores eles marcavam o dia todo com presença ficando mais grudentos que o normal. E ela estragou mais uma vez uma reunião de família.

Ótimo.

Definitivamente, ela odeia Segundas-Feira.

O crime de Bright MoonOnde histórias criam vida. Descubra agora