A garota misteriosa e um Assassinato

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Catra passou pelo estacionamento enorme da Escola, mas não era idiota de deixar sua Bike ali.
Sabia que os riscos de ter o pneu furado era grande, por isso resolveu deixar perto do imenso portão de grade que ficava no pátio.

Com o canto dos olhos, viu o zelador olhar feio em sua direção pronto para mandar tirar a Bike dali, mas a garota astuta apressou o passo e entrou no colégio desviando o caminho da sala e indo direto para a Biblioteca.
Já que havia perdido o início da primeira aula então não teria problema em esperar a segunda.

Olhou rápida para a cantina e checou os bolsos vendo que tinha trazido algum dinheiro pro lanche.
Seu estômago concordou com isso, mas antes teria que esperar passar a primeira aula. Ela já estava pensando seriamente em pular a segunda aula também.
Não seria um problema pra ela, já que no primeiro semestre ela sempre desviava do caminho das aulas para sair por aí com seu Skate, o que rendeu um bom castigo de Cíntia quando descobriu:
Três meses sem o Skate, três fucking meses.
Aquilo foi uma verdadeira tortura pra ela já que a mesma não desgrudava do mesmo.
O problema não era só isso, Angella era dona do Colégio e estava sempre de olho nela.
Quem era Angella?
Sua querida "vovó", mãe de Cíntia.
Uau, ela era mesmo uma garota de sorte.

Chegou na Biblioteca e resmungou um "Bom dia" para a idosa Castapella.
A única mulher daquele lugar além da vice diretora Sara Weaver que era tão antiga quanto a Escola.

- Não deveria estar na aula querida? - perguntou docemente enquanto observava a garota problema procurar algum livro que lhe chamasse a atenção.

- Deveria? Nossa ,eu devo ter esquecido - respondeu cínica mas a mulher ignorou.

Ah sim, Castapella era irmã do pai de Cíntia o que faria dela sua tia-avó, nenhuma surpresa até aqui.

- Preciso de uns livros que o professor pediu - mentiu mesmo sabendo que a velhota não iria acreditar - sabe, uns livros de literatura.

A mulher lhe analisou e sorriu tirando os óculos do rosto balançando a cabeça branca.
- Chegou nesse fim de semana livros novos, está no fim do corredor, quem sabe você encontre o que procura - tirou da gaveta um molho de chaves - mas não demore, não posso deixar que perca mais uma aula.

- Beleza - sorriu pegando as chaves. Poderia usar a amnésia da velhinha a seu favor já que a mesma era esquecida.
Ficaria lá até o intervalo.

Bright Moon era um colégio imenso e antigo.
Era capaz de se perder nele, seus pais estudaram naquele fim de mundo de colégio e resolveram que seria legal colocar ela lá também.

Ela odiou desde o momento em que pisou seus pés ali.
Todos tinham uma aparência superior como se fosse os donos do colégio, era requisitado e tinha muita gente rica ali, mesmo precisando de reformas o colégio do Rio de janeiro era popular e bem visto por todos que procuravam uma Escola para colocar seus filhos.

Era bem visto por causa da disciplina, história e não pesava no bolso.
Malditos Burgueses.

Catra se lembra de sua primeira vez ali, todos a olhavam de cima abaixo lhe avaliando e rindo da garota de olhos diferentes (novidade) como também faziam bullying com ela, sempre jogando bolas de papel na mesma e outras coisas infantis como escrever nomes ofensivos ou tentar empurrar a mesma, Catra torcia o nariz com tamanha infantilidade, em especial tinha um garoto grandão e forte, que não saía do seu pé e sempre que possível ele dava um jeito de lhe irritar chamando sua atenção.
O tipo que gostava de se exibir na frente da Escola toda, o tipo que Catra abominava.
E ele parecia perceber isso, pois tentava a todo custo chamar sua atenção.
Ótimo, mais um motivo pra ficar aqui.

Nem mesmo os professores valiam o seu tempo ali, não que ela se importasse, aliás teve uma vez que uma professora lhe chamou de retardada na frente de todo mundo por quê ela estava de olhos presos na janela esperando a campa bater pra sair.
O apelido pegou e muitos ainda a chamavam assim.
Se lembra dos olhares de pena e odiou aquilo, odiava quando as pessoas lhe olhavam assim.
Catra não tinha problemas com as notas, ficava na média e só isso importava, ela sabia que se quisesse, tirava notas mais altas, mas não tinha vontade nenhuma de se matar de estudar pra ficar com 10 em todas as matérias, 8 já estava mais do que suficiente.

Pegou um livro de contos cheirando a coisa nova e folheou interessada.
Era um livro de contos de terror, seu favorito.
Pegou outro com o mesmo tópico com os dizeres "Contos de Edgar Allan Poe", conhecia esse autor, era o melhor do terror que ela conhecia, tinha de Agatha Christie também.
"Contos para (não) ler a noite" outro que parecia interessante e ficou assim até perceber que já acabara a segunda aula.

Estranho, parece que Casta esqueceu mesmo de lhe chamar.
Seu estômago roncou tentando lhe lembrar que ainda estava sem comer.
Revirou os olhos e pegou o livro de Detetive.
Não podia adiar sua fome mais ainda.

Assim que fechou a sala, foi até onde estava a velhinha e percebeu que a mesma dormia debruçada na mesa.
Resolveu acorda-lá, mas como ia fazer isso sem provocar um infarto na idosa?
Enquanto pensava ela ergueu o olhar ao perceber que não estava sozinha.
Tinha uma garota ali também que mirava a Bibliotecária com um olhar assustado.

Catra que já se preparava para largar tudo e sair, parou para examina-lá.

Caramba, ela era linda.
Parecia ter 17 ou 18.
Alta uns 5 centímetros, de pernas esguias, saia de pregas na altura do joelho definindo seu corpo com o uniforme da Escola apertado dando visão dos seus braços e seios de já mulher adulta, sua cintura colada nele mostrando sua clavícula marcada super sexy e um cabelo loiro levemente ondulado bonito e como se não bastasse seus olhos eram azuis vivos e eletrizantes quase cinza.
Mordeu o lábio inferior, não se lembrava de ter visto alguém tão bonita como ela nunca na sua vida, nem naquele Colégio.
Então de onde ela ...

- Aí - atraiu a atenção da loira que olhou para ela devagar e assustada de olhos arregalados dando uma sensação esquisita na morena - tá tudo bem? Parece que viu um fantasma.

A garota arregalou os olhos azuis e lhe encarou abrindo a boca atraindo a atenção de Catra naquele local.
Lábios rosados e molhados.
A garota parecia mais assustada ainda com a pergunta de Catra.

- Que que foi? Você é muda? - perguntou sem segurar a grosseria.

Finalmente a moça balbuciou:

- V- Você consegue me ver?

- Ué, eu pareço cega por caso?

A garota fez uma careta diante da grosseria da morena e Catra já estava se arrependendo do que disse quando resolveu seguir o olhar da mesma e percebeu que o chão estava molhado de sangue.

Franziu a testa. Que diabos...?
Aquela mulher ainda mesntr...

Engoliu em seco.

Não.

Não parecia aquele tipo de sangue.

Se aproximou mais e tocou a cabeça da Bibliotecária puxando seu cabelo para cima e teve uma surpresa desagradável quando o forte cheiro de ferro entrou nas suas narinas e a cabeça tombou para frente revelando um corte profundo no pescoço.

- Alguém a degolou por trás - falou indiferente e ligeiramente interessada, Catra sempre teve uma fascinação estranha para a morte - quem fez isso era de confiança dela - completou indiferente e sem emoção.
Não se impressionava com essas coisas depois de passar um tempo no hospital fazendo curso de anatomia.
Um dos muitos cursos que Beto pagou para a mesma.
Um dos únicos cursos que fez Catra gostar, só uma pena que Cíntia lhe tirou de lá alegando que aquilo não era uma profissão muito promissora e poderia desenvolver "traumas na menina".

Catra olhou ao redor e novamente para a Bibliotecária examinando suas feições.
Ela parecia estar dormindo, parecia em paz.
Um sorriso doce característico seu adornava seus lábios.

Catra se virou para a garota loira-gostosa mas ela havia sumido.
"Deve ter ido chamar alguém."

Um grito atrás de si lhe assustou e se virou já pensando ser a loira, mas era só uma garota morena de mechas rosas de aparelho nos dentes da sua sala, que veio devolver um livro e estava a plenos pulmões gritando.
Afinal, teve um assassinato na Escola.

- Socorro, mataram a Dona Casta e foi a retardada da Catrina que matou ela!

Catra revirou os olhos, ela deveria ter faltado aquele dia.

O livro que me inspirei.
Muito bom mesmo, tive 5 ataques cardíacos lendo ele.
Muito bom mano, sério.
Pra quem gosta de um suspense.
Eu já disse que esse livro é bom?

O crime de Bright MoonOnde histórias criam vida. Descubra agora