Enquanto pedalava, Catra divagava sobre a ficha da fantasma.
Embora a informação mais útil para Catra fosse o endereço da loira, ela não podia deixar de se impressionar com as notas altissímas marcadas na ficha.
Adora era uma perfeita nerd que tinha notas excelentes até mesmo em cálculos, ela tinha verdadeiro potencial para vencer uma olimpíadas internacional, isso era incrivelmente tão difícil de encontrar quanto um fantasma morando na biblioteca...
Mas voltando ao principal, segundo a ficha, Adora morava com a avó numa das casas na Avenida Plumeria de Campos, bem perto a uma antiga estação de trens.
Catra parou a bicicleta no local indicado e esperou a fantasma se manisfestar. Não demorou muito Adora se materializar ao seu lado e Catra notou seus olhos vermelhos indicando que ela estava segurando o choro.
- Meu Deus - pôs as mãos na boca e apontou eufórica para uma escola de enfermagem - ali ficava a mercearia do seu Valdemir.
Catra olhou mas logo desviou sua atenção para a ficha nas mãos procurando o que realmente interessava.
Já era bem a décima vez que conferia os números da residência, mas não era engano. Aquela era mesmo a residência certa... ou errada pelo visto.
Onde deveria existir a antiga casa de Adora, era agora um apartamento de 10 andares.
Suspirou se virando para a fantasma que continuava emocionada, sem saber como dar aquela notícia. Estava tão decepcionada consigo e com a situação.
- Adora, eu sinto muito. Mas acho que demoliram sua casa e construíram essa porcaria de apartamento - apontou aborrecida para o imenso prédio - eu não sabia disso, desculpe por isso. Eu queria que você tivesse visto sua casa, lembrasse ou...
- Tá tudo bem Catra - seus olhos cianos estavam marejados olhando para ela tão afetuosa que Catra se sentiu sem jeito - A imagem da minha casa...como era...como vivíamos, está nas minhas memórias! Eu consigo lembrar disso, obrigada! - sorriu expondo seus dentes brancos e perfeitos e Catra engoliu em seco.
Ia falar alguma coisa quando Adora apontou eufórica, uma idosa que acabava de chegar num portão ao lado do prédio.
- A dona Eda. Meu Deus, é a dona Eda nossa vizinha - olhou determinada para Catra. - vamos Catrina, ela deve saber sobre o meu irmão.
Catra não queria se gabar, mas ela estava muito boa em mentir. Para convencer a velhinha, ela inventou um parentesco com os Grayskull e pediu informações sobre a família. Foram essas informações que fez com que a velhinha mudasse de rabugenta para simpática e agradável, abrindo as portas da sua casa para a morena e a fantasma.
Comovida por ouvir a garota, dona Eda convidou a garota para um almoço.
Catra não recusou, afinal quem recusaria a porção de batata frita que alguém faria especialmente pra você?
Durante seus preparativos de almoço, dona Eda contava sobre a família Grayskull e Adora acompanhava a conversa calada.
- Razz já era viúva quando os pais do Adam e da Adora morreram - contou. - os dois eram tão pequeninos quando vieram pra cá... Adora era ainda um bebê! - contou afetadamente. - um bebê chorão e fofo.
- Fofa né? - olhou de lado pra loira.
A garota corou e Catra achou adorável.
- Então foi a vó que criou eles? - resolveu perguntar dando uma garfada no bife suculento acompanhado de salada, arroz, feijão e batatinhas crocantes.
- Sim, Razz morreu do coração, quase um ano depois da morte de Adora.
Catra sentiu seu apetite diminuir ao notar lágrimas silenciosas da amiga. Despertar memórias também significava acordar os sentimentos em sua vida.
Sofrimento era parte.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O crime de Bright Moon
FanfictionCatra não era uma garota que se impressionava tão fácil assim, aliás, emoções não era algo que a jovem demonstrava. De poucas palavras e uma carranca sempre no rosto desmotivava as pessoas a se aproximarem da mesma, não que ela se importasse. Apren...