A garota que não existe

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Assassinato.Catrina. Escola. Envolvida.

Era tudo o que Cíntia tinha entendido.

Largou as pressas seu trabalho e ligou para Beto, trêmula e gaguejando.

O marido muito calmo dizia para ter calma que já estava chegando.

E assim que estacionou de qualquer jeito na Escola, Cíntia marchou rapidamente até o portão sendo recepcionada por Sara que lhe dirigiu um sorriso frio e sem emoção dando calafrios na mulher.

- Bom dia  dona Cíntia, desta vez teria sido melhor que sua filha tivesse pulado as aulas, não é mesmo?

Cíntia deu um meio sorriso forçado e andou até a diretoria onde a adolescente estava.

Sua mãe a encarava seriamente pedindo explicações mas a morena não a olhava de volta, estava com um olhar perdido e desinteressado, como se estivesse no mundo da Lua.

Toc toc

Beto abriu a porta e cumprimentou a diretora que acenou com a cabeça lhe encarando seriamente.

Sentou-se ao lado da esposa e segurou sua mão que estava fria e trêmula.

- Diretora Angella, por favor. Nos esclareça o que aconteceu - o marido se pronunciou ao ver que ninguém ia falar nada.

- Estamos esperando o delegado - a voz da mulher se fez presente finalmente - ele quer conversar com vocês a respeito da "suspeita do assassinato de Casta" - indicou com a cabeça a garota que estava sentada na mesma posição sem mexer um músculo.

Cíntia se mexeu desconfortável ao ouvir sua mãe falar daquele jeito. Poxa, ela entendia aquela situação, estava em choque ao saber da morte da tia, não que fossem muito achegadas mas ainda sim era sua tia, mas é claro que Catrina não estava envolvida nisso e ver sua mãe afirmar aquilo lhe incomodou bastante.

- Mãe...

A porta da diretoria se abre revelando um homem alto, de feições indígenas e um olhar sério entrar acompanhado de uma mulher bonita, era a coordenadora.

- Bom dia, sou o delegado Amom. Creio eu que sabem o motivo de estarmos aqui.

- Na verdade não.

O homem dirige seu olhar até a figura inabalável e calma de Beto que apertava a mão da esposa o analisando.

- Se precisar de algo, estarei lá fora - a coordenadora disse docemente para ninguém em específico.

Beto se pronunciou:

- Sabemos que houve um assassinato na Escola e estamos tristes mais ainda por saber que era a tia da minha esposa - pausou respirando fundo - mas acusar Catrina sem provas...

- Ela estava no momento do crime, mas se acalme senhor - tranquilizou - não achamos que tenha sido sua filha. No momento ela não está envolvida no crime.

- No momento? Como assim no momento? - Cíntia explodiu - Minha filha não matou ninguém.

A diretora e o delegado trocaram olhares preocupados que não passou despercebido pela mãe que já estava no seu limite de desespero.

- Dona Cíntia, no momento o comportamento da sua filha me chama atenção, eu gostaria de lhe fazer uma pergunta difícil.

- Qual pergunta, doutor?

- Catrina usa drogas?

Mas só faltava essa! Catrina usar drogas!

A adolescente já teve amizades questionáveis e já tiveram que lhe buscar na delegacia uma vez por pichação e agressão física seguido de vandalismo, mas nunca que tiveram a desagradável surpresa de a mesma usar drogas.

O crime de Bright MoonOnde histórias criam vida. Descubra agora