Capítulo XIII

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ANNABETH

Eu estava esperando por Luke enquanto observava a espuma do meu café, eu não tinha muito estômago para ele no momento mas me obrigo a beber pelo menos um pouco daquele líquido, respiro fundo e repasso em minha mente tudo que eu precisava conversar com ele, repasso os conselhos dos meus amigos e repasso o porquê dessa conversa e, principalmente, o fato de que a conversa precisava seguir o meu rumo, as minhas regras. Essa última parte era a mais difícil de todas.

Ouço o barulho da porta do ambiente sendo aberta e Luke passa pela mesma, ele parecia tranquilo, o que era estranho, ele normalmente não acordava de bom humor. Ele estava usando jeans e uma camisa cinza com mangas, quando se senta em minha frente, sinto minha postura enrijecer quando ele me deseja bom dia.

- Quero ir direto ao ponto. - digo com cuidado e com a voz calma, controle, eu precisava manter o controle da situação. - Não pode continuar me tratando como você trata. - Ele morde a parte interior da bochecha antes de me responder.

- Sinto muito por aquele dia. Eu não devia ter falado nem agido com você daquela forma... Estava chateado.

- Esse é o problema, você está sempre chateado. Não vim aqui para aceitar suas desculpas, Luke. - falo calmamente e ele demora um período para entender o que eu havia acabo de sugerir, sua mão se fechando em punho.

- Annabeth, eu amo você, me perdoa por isso. Eu só tenho você... - Meu coração gira e se esmaga dentro do meu peito e eu me odeio mais do que em qualquer outro momento em minha vida, porque essas simples palavras são o suficiente para me fazer querer voltar atrás e dizer que estava tudo bem. Alguma coisa em minha expressão me entrega. - Vê? Você também acha isso, veja, não estou nem trazendo o fato de que você estava, de fato, com Jackson esses dias.

Eu gelo.

- Você sumiu por dias, fiquei preocupado, te liguei e mandei mensagens, sabe? Estou tentando ser bom com você, mas você tem que aprender muito ainda, principalmente em relação ao tipo de gente que você anda e em como soa bem para mim você ficando na casa do Jackson. - Sua voz era tão calma que, por um momento, eu sinto mesmo vontade de pedir desculpas.

Respiro fundo e tomo uma dose de coragem, eu precisava conseguir. Por favor, Annabeth, você consegue sim.

- Luke, não estou nem um pouco arrependida das minhas ações. - digo calmamente para ele, que me olha completamente incrédulo e com a raiva começando a aparecer. - Na verdade, se tem uma coisa que eu posso dizer que me arrependo, é de ter deixado essa relação du...

- Sério isso? - ele questiona completamente pasmo, sem acreditar no que ouvia. Ou não queria acreditar. - Bem que disseram que vocês estavam íntimos demais, transou com ele, não foi?

Ele me olha como se acreditasse no que disse. Acho que preferia ter levado um tapa.

- Do que... - Ele me interrompe.

- Fala sério, depois de todo esse tempo... Você realmente não se da ao respeito. - Ele murmura negando com a cabeça e eu sinto vontade de pegar o patins em minha mochila e jogar na cabeça dele. Ele pega o meu pulso e me puxa um pouco para frente na mesa, me fazendo arregalar um pouco os meus olhos, sentindo meu lábio tremer quando ele me olha dentro dos olhos, o azul engolindo os meus cinzentos. - Que nojo de você, Annabeth.

Mais uma vez, eu queria ter levado um tapa, sinto meus olhos arderem de raiva, de vergonha, eu não havia feito nada de errado, nada mesmo, nadinha. Eu não merecia esse tratamento, eu estava me sentindo humilhada por ele não acreditar em minhas palavras e por um segundo, achei que ia afundar de novo, mas me lembro com cuidado do que Piper disse: Você só pode consertar a si mesma.

Não vou deixar ele fazer isso comigo. Nem nas meus pensamentos mais loucos eu achei que meu relacionamento fosse acabar assim.

Sabe, o Luke nunca me bateu, mas as vezes gritava tão alto que eu sentia meu corpo tremer e se preparar para o pior, querendo me proteger de um perigo iminente sempre que ele está por perto. Ele nunca me bateu, mas a culpa por sua raiva e decepções são sempre minha, ele calou minha voz, ele calou minha opinião, calou minha palavra, ele se embebedou com minhas lágrimas feito um viciado. Ele fez com que eu perdesse peso, sempre achei que o amor fosse fazer com que eu queimasse, me sentisse viva. Agora percebo que o amor só serviu para me transformar em cinzas e me fazer morrer um pouco a cada dia. Suas declarações sempre foram lindas.

Mas as palavras não valem de nada quando contradizem suas ações.

- Se você não soltar o meu pulso, eu vou fazer um escândalo. - Isso faz com que ele me solta, mas ainda me olhava daquela forma, como se estivesse me desprezando. Ótimo, que ele me odeie por tudo agora, posso garantir que estou com mais raiva ainda. Vamos lá. - Eu estava dizendo que me arrependo amargamente, profundamente, desesperadamente de ter me relacionado com um idiota feito você, que é incapaz de acreditar no que a pessoa que você namorou quase dois anos diz. - Ele abre a boca para tentar me interromper mas eu ergo a mão, ele parece surpreso com a minha ousadia hoje. Eu também estou e nossa, estou quase fazendo xixi nas calças de nervoso, mas preciso continuar. Finalmente posso falar, eu preciso falar. - Não me interrompa só porque sabe o que vem agora. Acabou. Eu não quero e não há mais nada que você possa fazer.

Nesse momento, a garçonete aparece com uma torta de morango que eu havia pedido para levar, aproveito a deixa para me levantar.

- Annabeth... Eu não quero te perder...

- Mais uma coisa, Luke. As pessoas com que eu ando são mais descentes do que você jamais será, Percy Jackson em especial, que jamais sequer tentou encostar o dedo em mim em todo tempo que estivesse na casa dele. Ele sabe como se tratar um ser humano, vê se aprende. Você tem sido horrível, simplesmente horrível, eu me sentia uma merda ao seu lado, eu não aguento mais. - Digo com a voz mais firme do que nunca, contrariando todo rebuliço que estava acontecendo dentro do meu peito e pego a torta com a garçonete. - Me esquece, tá bem? Finge que eu sei lá, morri. Ah, mais uma coisinha, eu não sou sua posse para você perder ou ganhar e pague essa conta, pedi uma torta inteira para superar esse relacionamento ridículo.

E assim, eu saio da cafeteria com o queixo bem erguido e com uma torta enorme de morango nos braços, que eu ia fazer questão de comer até não sobrar nada, nem um pedacinho.

- Foi uma das coisas mais incríveis que já presenciei em toda minha vida. - A voz masculina que surge quase me faz derrubar a torta no chão, olho em direção ao dono e noto que Percy me observava com um sorriso no rosto e algo que parecia... Orgulho? Ele estava orgulhoso de mim? - Gata, você sabe como se impor, espero que perceba o quão bom é ficar por cima.

- Certo, jogador, o que está fazendo aqui? - pergunto tentando ignorar a piada e ele levanta os ombros.

- Mandei mensagem e você não respondeu, ai Piper me explicou o que estava acontecendo e vim checar se estava tudo bem, mas nem precisei fazer nada no final, você foi incrível. Mas bem, não posso perder viagem, certo?

- Certo... - O olho desconfiada e ele ri da minha expressão, passando o braço por meus ombros.

- Vamos patinar, gata, vamos patinar.

Wonder | PercabethOnde histórias criam vida. Descubra agora