Capítulo XV

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PERCY

Ando em direção a porta do quarto de Estelle e abro a mesma, suspirando ao ver que ela estava se arrumando para sair, automaticamente seus olhos verde água - iguais aos meus - vem em minha direção e ela morde a bochecha por dentro, desconfiada.

- O que foi?

- Eu não acho que você deva ir. - digo tentando ser paciente, ultimamente eu não tenho sido paciente com. Ela revira os olhos e volta e se concentrar em arrumar o próprio cabelo.

- Estou ótima, Percy. E irei, você precisa parar de implicar com tudo que faço.

- Não implico com tudo que você faz. - rebato começando a me sentir irritado e ela se vira em minha direção, apoiando a mão na cadeira de sua penteadeira.

- Meu namoro não é da sua conta, não se mete. Eu vou sair com Octavian e você fica na sua, certo? Não fico fiscalizando suas companhias e você deveria fazer o mesmo.

- Ele é um idiota e só você não vê isso. - digo com a voz um pouco mais alta e ela rebate no mesmo tom.

- Eu conheço ele muito bem e se vamos falar de idiotas, deveria começar se olhando no espelho. - Ela diz completamente azeda e pega o casaco na cama, andando em direção a porta e passando por mim, que acabo seguindo-a até a porta.

- Estelle, estou falando sério, pubs não são lugares para uma garota de 16 anos.

- A mamãe deixou.

- Porque você não deixava em paz por um segundo sobre isso e nem deixou ela conversar com Paul sobre isso, porque você sabe que ele não ia gostar da história.

- Papai iria querer o que me deixasse feliz, diferente de você.

- Por quê eu quero o seu bem? - pergunto abismado e ela me olha furiosa.

- Você é insuportável, isso que você é. Tchau, Percy. - Ela se vira para sair de casa e sinto a irritação inflamando feito um tumor dentro de mim.

- Depois não volta chorando porque seu namorado perfeito gritou com você.

- Ótimo! Você é mesmo o pior irmão do mundo, não era isso que você queria que eu dissesse? Agora, tchau, Percy.

Relembrar a minha última conversa com Estelle, eu ainda me lembrava de ter a impressão que saiu lacrimejando de casa e, na época, eu dei pouca importância a isso porque estava com raiva. Minha última conversa com minha irmã mais nova foi uma briga, eu não abracei ela, muito menos disse que a amava mais uma vez, nenhum beijo de despedida, nenhum high five, só uma briga tosca. Olho em direção ao porta retrato ao lado da minha cama e tento focar naquele dia, em que fomos apenas dois irmãos se divertindo com um boneco de neve.

Não consigo, e o nó se formando em minha garganta provava isso.

- Percy? - Ouço a voz de Reyna do outro lado da porta e eu já havia perdido as contas de quantas vezes ela já havia tentado falar comigo e eu simplesmente a deixei falando sozinha, mas agora, acho que ela vai derrubar a porta se precisar me chamar mais uma vez.

Me levanto da cama sentindo que havia acabado de envelhecer cinco anos de vez e ando em direção a porta, a abrindo em seguida e exibindo o sorriso mais falso que eu já havia dado e Reyna acerta em meu peito com o punho fechado, dou risada e em seguida, dou espaço para ela entrar em meu quarto.

- Você é realmente insistente, mas ainda não quero sair com você, meu amor. - digo tentando soar no mínimo descontraído e ela me olha feio, não comprando nem um pouco aquele humor falso e anda até minha cama, se sentando na mesma.

- Desembucha, Percy Jackson. - ela diz cruzando os braços e eu, sem querer, desvio o olhar em direção ao retrato de Estelle e ela segue meu olhar, adivinhando na hora meu humor.

E ela parece ficar quase tão triste quanto eu, por isso, ando em direção a minha cama e me deito ao seu lado, enquanto ela continuava sentada no colchão. Reyna conhecia a história inteira do início ao fim porque, por acaso, é irmã de Octavian, nos conhecemos no enterro de minha irmã e inicialmente eu queria jogá-la de um prédio, mas ela implorou durante meses para poder conversar comigo e depois de meses eu estava, no mínimo, com menos raiva da família inteira, então conversamos e descobri que Reyna não poderia ser uma pessoa melhor, ela também sofria nas mãos do irmão mas sempre fingia que não, para criar a chance que ela usou esse ano.

Reyna costumava estudar na universidade de Nova Iorque e sempre foi a melhor da turma, sempre foi a melhor em tudo, então sua família nunca tinha do que realmente reclamar, sem contar o fato de que ela é podre de rica e passou anos da vida pegando tudo que ganhava de mesada e fazendo investimentos em ações. Então, esse ano, Reyna largou a vida em Nova Iorque e veio morar com a gente, eu passei cerca de dois anos esperando que ela fizesse isso, foi longo o processo mas aqui está ela.

Claro que ela não consegue manter o que a família dela mantém e quer manter um estilo de vida sem abusos até ela se formar e formar carreira própria, sinto ela se deitando ao meu lado e passando os dedos por meu cabelo, ambos ficamos em silêncio, mas ela é a primeira a quebrá-lo.

- Desculpa, eu deveria ter tentado fazer algo por ela. Desculpa. - Reyna pede enquanto eu já havia voltado a ficar completamente absorto na Estelle.

- Não foi sua culpa. - digo fechando os meus olhos e a ouço suspirar ao meu lado.

- Também foi não foi sua. - E eu queria acreditar em suas palavras.

- Era minha irmã, eu deveria ter tentado mais, sabe? Fui um merda com ela, só fiquei mal porque ela morreu.

- Você não é essa pessoa, Percy. Você fez tudo que pôde, você sempre faz tudo que pode, você é o irmão que eu nunca tive, você cuidou de mim por anos mesmo eu sendo da família que acabou com sua irmã. Você é o ser mais dedicado que eu conheço, ela ficaria orgulhosa pelo que fez por Annabeth.

Annabeth, a garota que não queria sair do meu subconsciente de modo algum, cedendo espaço apenas para Estelle. Eu tenho pensado muito na loira ultimamente, mas principalmente no modo como ela disse que eu era o ser humano mais descente que ela conhecia enquanto vomitava tudo que sentia em cima do Luke, eu ouvi o discurso do início ao fim. Eu estava quase chorando de orgulho no final e, ao mesmo tempo, querendo que Estelle tivesse tido aquela mesma atitude naquele dia. Por me lembrar tanto algo que eu queria consertar, é justificável que eu ache Annabeth magnética.

- Reyna?

- Sim? - ela questiona me olhando na mesma hora e eu sorrio um pouco.

- Você é a irmã que eu fiz questão de ter.

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