Capítulo III: Lua dos Contrabandistas

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Sete anos padrões haviam se passado desde a proclamação do Império Galáctico, sete anos de trevas. Ausar Durron passou todo esse tempo vivendo em Nar-Shaddaa, a lua dos contrabandistas. Lar de um grande submundo do crime dominado por caçadores de recompensas e senhores do crime Hutt. Sua superfície foi inteiramente coberta pela expansão urbana, que era composta de enormes blocos de torres, com favelas que preenchiam todos os espaços disponíveis.

"Em meio a tanta criminalidade, quem iria se importar em procurar um jedi?"

Pensava, Durron.

Ele vivia num motel, sem pagar nenhuma hospedagem. O dono, muito ignorante, era facilmente manipulado pelos truques mentais jedi. Na maior parte do tempo, Durron vivia bebendo no "Bar do Pit". Pit Dru'k, dono do bar e principal barman, era um amigável whiphid. Os whiphids eram bípedes grandes e peludos que tinham duas grandes presas de marfim projetando-se de suas mandíbulas. Pit muito provavelmente era o único ser naquele planeta que sabia que Ausar era um jedi; afinal, bêbado não tem segredo. Dru'k nunca denunciou Durron ao Império porque ainda era leal aos jedi.

Em "outra vida", o whiphid era um contrabandista. Nascido de origem humilde em meio as favelas de Nar-Shaddaa, a única forma que achou de enriquecer foi entrar no mundo do crime. Aliás, essa lógica era compartilhada por toda a população da lua. Aquelas pessoas, sem oportunidades, viam a vida nas quadrilhas e no contrabando a solução para os seus problemas. A desigualdade social criava uma verdadeira cultura do crime. Pit só conseguiu viver honestamente por causa da Ordem, quando foi informante para os Jedi Shadows, a cinco décadas atrás. Graças ao seu trabalho como espião, ele conseguiu um empréstimo sem juros do Clã Bancário, o que lhe permitiu abrir o bar.

Em outro dia normal, Ausar estava bebendo garrafa por garrafa no bar. O lugar só possuía uma entrada, sempre impregnado com o cheiro de incenso que o dono adorava acender. A iluminação do bar era propositalmente péssima, as pessoas que bebiam lá não queriam ser vistas. Havia algumas poucas lâmpadas ao fundo do balcão, de coloração azul, dando um panorama de mistério para o ambiente.

Ausar não possuía emprego, afinal, nunca conseguiria ter um trabalho a não ser que falsificasse documentos. Se ele quisesse falsificá-los, a lua dos contrabandistas era o lugar certo para isso; porém, para ele era muito mais fácil usar seus poderes na força. Desta forma, ele sobrevivia através de "roubos honestos". O jedi usava constantemente os truques mentais para fazer as vítimas darem a ele, "consensualmente", todos os seus créditos; por isso "roubos honestos", não eram tecnicamente roubos. Na verdade, ele apenas tinha preguiça arranjar um emprego. Do jeito que ele andava sempre bêbado, não conseguiria manter-se em um.

Pit, que tinha o balcão quase sempre sujo, limpava-o com um pano velho e encardido:

-Você bem que... poderiaa limpa esse pano horrível... - Tagarelou, Durron.

-E você bem que poderia parar de beber. - Retrucou, Pit - Sabe que isso vai acabar com o seu fígado.

-Eu já ffalei... se nou quer que eu beba...é só não mi vender...

-Se você parasse de roubar os meus clientes, quem sabe. Se eles não têm créditos para quem vou vender? Eu já falei para você roubar os clientes da concorrência – A lua era cheia de bares, um paraíso na visão deturpada de Ausar - Aliás, eu já vou fechar, pode ir embora... Agora!

Ausar, meio tonto e desajeitado, levantou-se do banco e cambaleou até o lado de fora. Andando de volta para o motel esbarrava em algumas pessoas e latas de lixo. Sempre usava as paredes sujas da cidade para se equilibrar. Algumas noites, que não conseguia voltar para casa, acabava dormindo na rua, em algum saco de lixo macio. Todas as manhãs, nos últimos anos, acordava sempre de ressaca. Morava num pequeno quarto, com uma cama e armário velhos. Tinha ainda um único banheiro e uma pequena cozinha pessoal, era o único quarto do estabelecimento que possuía uma cozinha própria. Sempre que se levantava, ia até o banheiro, se barbeava e cortava o próprio cabelo. Os dias que ele lembrava, tomava banho, mas geralmente ficava semanas sem fazê-lo. Mesmo com uma forte ressaca, voltava cedo para o bar e ficava o dia inteiro. Os únicos dias que ele não repetiu esse rotina, foram os que estava tão mal que não conseguia levantar da cama.

"Beber mais é o melhor remédio para a ressaca"

Ele pensava.

Após horas no bar, viu a noite cair, novamente. Perto de fechar, Dru'k voltava a limpar a bancada:

-Vo...cê... deviaa joga esse pan no lixo...

Praticamente todo dia, durante sete anos, Durron tinha alguma opinião diferente sobre o infame pano. Uma brincadeira que já havia se tornado tradição entre os dois. Pit suspirou e muito calmante respondeu:

-E que tal eu enfiar ele no meio da sua b...

Enquanto os dois conversavam amigavelmente, um caçador de recompensas, de vestes em tom verde acinzentado, com um capacete amarelo e duas pistolas blasters, chamado Biss Barr, acompanhado de outros quatro indivíduos armados, se aproximou pelas costas do jedi. Eles ficaram no estabelecimento durante horas, esperando Durron ficar totalmente fora de si:

-Você, jedi! - Disse, o caçador - Isso mesmo, eu sei quem você é! Vi seu sabre de luz ontem, quando esbarrou em mim!

-Jedi? Desculpe amigo, não tem nenhum jedi aqui. - Afirmou, Durron, sarcasticamente. Sempre que era necessário, usava sua intimidade com a força para diminuir o efeito do álcool no sangue. É claro que, quanto mais bêbado, menos eficiente era essa técnica - Tenta em Mustafar, talvez tenha mais sorte.

-Que droga, Aus! - Falou irritado, Pit - Eu te avisei para parar de andar por aí com essa coisa!

-Eu já te disse, é parte de mim. – De forma hipócrita, ele ainda seguia o antigo ensinamento da Ordem de que um jedi nunca deveria separar-se de seu sabre. A espada de luz era como um membro.

-Você é uma mula... Boa sorte morrendo.

-Esquece isso, Pit... me diz, quantos eles são?

-Cinco... - Cochichou - É melhor você me dar cobertura e deixar eles comigo.

Durron tirou seu sabre da cintura e o barman pegou um rifle que ficava debaixo do balcão. Durron ligou seu sabre, expondo a brilhante lâmina. O sonido do sabre ligando foi como um alto estalo que ecoou por todo o recinto. Receosos, os homens hostis deram alguns passos para trás. Ao mesmo tempo que o sabre transmitiu ameaça, eles também ficaram admirados com a hipnotizante luz amarela que aquela arma elegante emanava. Enquanto os caçadores ficaram distraídos com o sabre de luz, nunca haviam visto um de perto, Pit tirou seu rifle do balcão e começou a disparar. O tiroteio começou, os clientes começaram a fugir desesperados pela porta, derrubando mesas e garrafas no chão, temendo serem atingidos por algum tiro de plasma perdido. Os tiros acertaram várias garrafas preciosas de vinho, que estavam nas estantes de vidro ao longo da parede do bar.

"Que belo prejuízo"

Pensou o barman.

Ausar refletia os disparos, de forma desastrada. Movendo seus braços bruscamente, quase deixava sua arma escapar pelas mãos, além de estar meio cambaleante. Ele protegia os dois, enquanto o whiphid tratava de matar os oponentes com seu rifle.

Um reforço de seis homens entrou pela entrada para dar suporte a Biss. Pegado desprevenido, Pit é desacordado por um tiro de atordoamento, um feixe circular azul. Com a queda do amigo, Durron de distrai. Olha para trás, para ver se seu colega estava bem. Biss Barr aproveita a lacuna que seu oponente deu. Usa seu lançador de corda, acoplado em seu antebraço, para prender as pernas de Durron. Ele puxa a corda, fazendo Ausar cair no chão e soltar seu sabre. Biss, usando o cano de uma de suas pistolas, soca a cara do bêbado, fazendo-o desmaiar:

-Agora você pertence aGrakkus, o Hutt!

Ausar Durron: A Star Wars StoryOnde histórias criam vida. Descubra agora