Capítulo VII: Alvorecer Carmesim

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Na nave corelliana de Pit, Ausar, Lira e Boil dormiam num pequeno e estreito dormitório com beliches. O clone raramente tirava o capacete, dormia com ele. O whiphid não precisava de cama, graças a sua grossa pelagem cinza, por isso dormia no chão. Seu ronco, parecido com o rugido de um Dragão Krayt, ecoava por toda a espaçonave. Não foi uma noite fácil. Todos, menos Pit, acordaram com olheiras. Quando os três foram até a área de lazer, o whiphid preparava o café da manhã cantarolando. Era visível a cara de cansaço deles, o que fez o anfitrião estranhar:

-Vocês estão com uma cara horrível! Não dormiram bem?

-Digamos que... não dormimos! – Respondeu enfática, a dathomiriana.

-Eu tinha noites mais tranquilas durante um bombardeio. – Cochichou, Boil. 

Pit não entendeu. Diferente deles, ele havia dormido muito bem. Pensou que talvez o motivo dos companheiros estarem daquela forma fosse alguma diferença biológica entre as espécies.

-Não se preocupem, isso irá ajudar vocês! – O peludo lhes entregou canecas com café. O mesmo bebia um suco numa caneca feita do chifre de wampa.

No dia anterior, eles haviam transferido o coaxium para o imenso tanque de líquidos da nave. Agora, discutiam no "salão de guerra", a área de lazer, o que fazer com toda aquela mercadoria:

-Então Lira... - Falava, Durron - Já conversou com o comprador?

-É claro que sim. - Ela respondeu - Dryden Vos está ansioso!

- O que?! - Comentou o clone, aflito - Dryden Vos, o líder da Aurora Escarlate?! Você quer nos matar?

- Você falou a mesma coisa sobre o assalto a Sullust... e veja agora... estamos ricos!

Dryden era conhecido como um gângster de riqueza e bom gosto. Vos frequentemente socializava com a elite da galáxia a bordo de seu iate, a Primeira Luz, cercando-se de opulência.

Durron, que não tinha nenhum ânimo de continuar aquela discussão sóbrio, foi até o refrigerador do pequeno bar. Pegou uma bebida qualquer e começou a bebê-la no bico. Olhou para Boil e sorriu:

- Ela tem razão! - Concordou, Durron - Tem que deixar esses pensamentos negativos de lado. É a sua mente querendo criar limitações.

-Não me venha com esse papo jedi. Desde quando bom senso é ser pessimista?

Pit concordava com o clone, mas nada comentou, estava concentrado no suco de ervas que bebia. Quando terminou, colocou o copo em cima da mesa. Apesar de não gostar da ideia, eles precisavam vender aquele coaxium rápido. O Império perceberia logo o desaparecimento do combustível. Além disso, ele confiava na garota:

-Onde devemos encontrá-lo? - Perguntou, o whiphid.

-Em Cato Neimoidia, é onde seu iate está. - Respondeu-o.

-Ok... vamos indo... temos um encontro em Cato Neimoidia.

-Sim senhor, capitão! – Tagarelou, alegremente, a moça.

Pit retirou-se para a Ponte. Boil deu um suspiro indignado, achava aquela ideia suicida. Porém, quando recebia uma ordem, ele cumpria. O clone seguiu o anfitrião até a cadeira do copiloto. Partiram para Cato Neimoidia. Grande parte do mundo era coberto por um nevoeiro persistente, enquanto as cidades-ponte de Cato Neimoidia ficavam suspensas acima da superfície ácida do oceano em pontes ancoradas em maciços arcos de rocha, sobre os quais floresciam florestas e gramados.

Pit iria ficar na espaçonave, para dar apoio, caso acabassem numa emboscada. Boil deixou as partes de sua armadura clone na nave, não queria chamar atenção, apenas pegou seu coldre de ombro junto a sua espada. Os três, prontos, foram até o iate de Dryden Vos. O iate, da classe Nau'ur, chamado de Primeira Luz, era usado como residência pessoal de Dryden e base móvel de operações para o sindicato do crime. A Primeira Luz tinha um design vertical distinto, sendo uma nave muito estreita e alta com o interior dividido em vários andares e decks localizados um em cima do outro, com o escritório de Dryden Vos e seus aposentos pessoais localizados no topo. Todos os andares eram conectados e acessíveis por meio de um elevador que passava pela altura do navio.

Ao entrarem no iate, foram abordados por um guarda do sindicato:

-Não são permitidas armas aqui dentro... deixem elas comigo, receberão de volta quando saírem.

Os três se entre olharam. Durron podia sentir um mau pressentimento. Sem muitas opções, eles tiveram que deixar suas armações. Foram levados de elevador até o topo, onde ficava o luxuoso escritório do senhor do crime. Quando chegaram, uma festa acontecia, com muitos drinques e uma envolvente e alegre música de fundo cantada por uma banda particular. Vos estava vestido em um elegante terno, cercado por vários bajuladores oportunistas. Dryden, ao ver a Lira, saiu do meio da multidão. Sempre adorava receber mulheres bonitas em suas festas. O sexo frágil era o seu ponto fraco, sempre era facilmente manipulado pelas mulheres. Cumprimentou-a de forma festiva:

-Lira Vars! A quanto tempo! Como anda Biss Barr?

-Barr está morto... eu o matei! - Foi direta.

-Ou... ele era um babaca mesmo... - Vos não se abalou, continuou risonho. Para ele, a morte de Biss era uma oportunidade de ser o novo dono da dathomiriana - Por favor, vamos sentar. - Apontou para o sofá. Gostava de ser um anfitrião receptível e generoso.

Dryden Vos sentou ao lado de Qi'ra, seu tenente de maior confiança e interesse amoroso. Durron e Lira se sentaram no sofá que ficará à frente, apenas Boil ficou em pé. De um momento para o outro, Vos ficou agastado:

-Você achou mesmo que eu não iria saber da recompensa por suas cabeças, Lira?! Eu me sinto insultado.

Estressado e com raiva, suas marcas de cicatrizes tornaram-se mais pronunciadas e brilhantes e seus olhos pareciam injetados de sangue. O senhor do crime levantou seu braço e fez um leve gesto com a mão. Instantaneamente a música parou e os até então convidados da festa, largaram seus drinques e sacaram suas blasters, todos apontando-as para os três. Os convidados começaram a suar frio. Um movimento brusco e eles seriam carbonizados em uma chuva de plasma. Bastava apenas uma única ordem e todos eles estariam mortos em segundos:

- Eu avisei... -Murmurou, Boil.

-Não pode arma é o caramba! - Reclamou, Durron.

- Para que tudo isso, Vos? Somos amigos... - Perguntou Lira, mantendo sua calma.

-Não me venha com papo furado, já tenho problemas demais com o Clã Hutt!

-E pra que toda essa hostilidade?

-Não é todo dia que vemos um jedi, não é mesmo? – Respondeu –Lira, como sua espécie está em extinção, deixarei você viver, como minha escrava! Vai atacar a todos os meus desejos! Sei muito bem como Barr brincava com você! – Ele mordeu os lábios.

-Vai se foder! – Ela aproximou o seu rosto do homem e cuspiu na sua cara – Prefiro morrer livre!

Ausar viu sua vida passar pelos seus olhos. A tensão dele, como a de Boil, eram nítidas, não mexiam um músculo. Lira, apesar de também tensa, transparecia estar calma, queria dar a impressão que estava com a situação sob controle. Durron decidiu usar sua lábia e astúcia para sair daquela situação. Não seria a primeira vez e nem a última:

-Você vai se arrepender de nos matar. Sabe disso, né?

- Eu duvido muito! - Retrucou.

- Veja o que nós fizemos... roubamos coaxium de baixo do nariz do Império. Vamos fazer o seguinte, nós trabalhamos para você em troca de proteção e ficamos com trinta porcento do que roubarmos!

Qi'ra se aproximou do líder e começou a cochichar em seu ouvido. Dryden coçou o queixo, pensou um pouco e respondeu-o:

-Vocês ficam com vinte por cento... e dão todo o caoxium que possuem agora para nós, de graça, em troca das suas vidas.

Lira olhou para Durron, balançando a cabeça negativamente, numa súplica para que ele não aceitasse o horrível acordou. O jedi sorriu, levantou-se do sofá e disse alegre:

-Nós aceitamos, patrão!

-Maravilha! - O senhor do crime voltou a sorrir.

Novamente com um leve gesto da mão, os convidados guardaram suas armas, voltaram a beber e a música voltou a tocar. Dryden entregou um holopad para Lira, seria através dele que eles iriam se comunicar. Os três agora tinham muita coisa para explicar para Pit...

Ausar Durron: A Star Wars StoryOnde histórias criam vida. Descubra agora