Um cheiro de pão quente está pairando no ar
Os barulhos de panela, pratos e talheres acordam Heitor de um sono pesado. Ele resmunga sozinho, enquanto procura o celular nas cobertas. Ele olha si mesmo e percebe que está quase sem roupa, mas não lembra como ficou assim. Ele procura debaixo das cobertas se há alguém com ele, mas está sozinho.
Ele suspira
Sozinho, mais uma vezA cabeça começa a doer e imediatamente ele pega a aspirina que Denise deixou no criado mudo. Sempre eficiente.
Ele tenta se lembrar do que aconteceu na festa, o que trouxe ele até ali. Algumas lembranças são claras, mas outras parecem nebulosas demais.
Sua mente tentava lhe pregar peças, quando Christopher aparecia nos seus pensamentos, ele tratava de pensar em outra coisa.
O barulho na cozinha se intensifica e ele estranha o que está acontecendoElas sabiam Heitor não acordaria naquele horário, então não teria motivo pra colocar a mesa de café da manhã.
Ele levanta com dificuldade e coloca o roupão. Quando abre a porta, a claridade o deixa tonto. Como ele odiava ficar de ressaca.
Ao descer as escadas, ele consegue escutar uma voz familiar e estreita os olhos.
Na mesa de jantar, um majestosos café da manhã está servido e Christopher está sentado, saboreando uma torrada com geleia de framboesa.Ao notar isso, Heitor para por um instante. Tentando processar todas as informações.
—Pode me explicar o que faz aqui tão cedo? - ele pergunta, inquieto
Christopher dá um sorriso malicioso e morde uma torrada
Nesse momento, Heitor fica tenso
—Ele dormiu aqui, senhor. - Denise fala, ao colocar uma remessa de pães quentes na mesa
—Dormiu?! Com que permissão? - pergunta Heitor, zangado
—A sua. Caso não se lembre, você implorou pra mim ficar. - ele dá de ombros e continua comendo
—Eu? Por que eu faria isso?
Ele sorri de forma sugestiva
—Você sabe muito bem o porquê. Quer falar sobre isso? Tenho a manhã inteira pra comer isso tudo.- Christopher fala, com a boca cheia de torrada
Heitor franze a testa, incomodado com as insinuações de Christopher.
—Você dormiu...aqui ou...?
—Não se preocupe. Não dormi com você caso seja isso que esteja lhe afligindo. Mas não foi por falta de vontade sua.
—Que porra você tá insinuando?
Denise entra na sala e põe suco na mesa. Ela encara Heitor, o repreendendo.
Ele respira fundo e senta na mesa.
Tentando não se irritar ainda mais, ele pega uma jarra de suco e enche um copo. Silenciosamente.Ele também evita contato visual com Christopher, só consegue escutar o barulho irritante dele comendo. Por um bom tempo, o silêncio pairou naquela mesa. Mas o desconforto ainda estava presente.
Quando Heitor parecia estar com a enxaqueca cedendo, Christopher intervém—Você não pode matar o Adam.
Heitor, que bebia um copo de suco, chega no seu ápice e quebra o copo com a mão.
—DESINE! Me traga curativos! Rápido! E mande alguém limpar isso.- ele levanta, irritado.
O sangue pingava pelas mangas do roupão caro. Mas completamente inútil naquele momento. Se sentia um jovem inconsequente, tendo que lidar com ordens de um insolente como Christopher. Que não tinha nenhuma noção de perigo ou pelo menos sanidade.
—Você devia controlar mais a sua raiva. - Christopher fala, sorrindo, enquanto come uvas.
—Ah, Eu devia controlar a minha raiva?! Eu?!
—Chega! Parecem duas crianças birrentas! Por que não se sentam e conversam como adultos? Eu tô farta dessa barulheira toda. - Denise corre e enfaixa a mão de Heitor, que me encara com raiva.
Denise era uma emprega mais velha, que cuidava de Heitor. Mesmo sendo maior de idade, ele sentia falta de uma figura como a de Denise. De alguém que nunca teve, uma mãe.
—Denise, você não devia permitir que estranhos dormissem na minha casa!
—Querido, ele não é estranho. Você saiu daqui com ele, vestiu ele com um dos seus ternos, ele te trouxe pra casa, cuidou de você e assim que você o trata? - ela aperta o curativo e ele geme baixinho
Heitor suspira
—Ok. Vamos conversar, vem comigo até o meu escritório.
...
Adam/ChristianOs cabelos rubros dela estão brilhando com os feixes de luz, que estão entrando pela janela. Seu rosto está sereno, num sono profundo. Ela me transmitia uma paz que eu necessitava, que eu implorava.
Na noite anterior eu vivi uma emoção diferente, que mexeu comigo. Christopher havia retornado, com aquele ar de mistério, sem muitas palavras.
Eu sentia desconfiança, mas meu coração me impedia de pensar direitoEle era o meu irmão. Só eu e ele sabíamos o que passamos. Era o nosso momento de viver isso juntos. Eu não podia deixar ele ir embora outra vez.
Eu observo Bella mais uma vez. Me pergunto se vale a pena assumir o risco de trazer Christopher para as nossas vidas, se isso não vai colocar ela em perigo. Não quero isso, não posso me dar o luxo de fazer isso com ela.
Ela se mexe, incomodada com a luz no seu rosto. Ao abrir os olhos, ela sorrir ao me ver.
—Bom dia...- ela boceja, lindamente.- O que faz acordado tão cedo?
Ela se deita no meu peito e eu afundo meu nariz nos seus cabelos. Eu era tão grato por ela.
—Não consegui dormir.
—Ainda por causa de ontem? Já falei a você, foi apenas uma dança.
—Eu sei, não é isso que tá me preocupando.
—Então o que é ?
—Muita coisa vai mudar daqui pra frente. Aquele homem, com quem você dançou, quando entra na vida de alguém, tudo muda.
...
Christopher
— Quem você pensa que é pra me dar ordens?! Você que é o meu empregado e tem que executar quem eu quiser! - ele bate a mão machucada na mesa e logo se arrepende
Eu reviro os olhos
—Não sou seu empregado. Eu escolho se aceito ou não o serviço que você me propor. Você não pode matar o Adam, é apenas isso que te peço
—Por que tanto interesse nesse homem? De onde vocês se conhecem?
—Você vai aceitar meu pedido?
—Obvio que não. Se você não está disposto a me dizer nada, então não posso estar disposto a aceitar isso.
Eu aperto o punho envolta do assento da cadeira. Tentando controlar a minha raiva.
—o que eu preciso fazer pra você desistir disso?
A verdade era que eu estava sim nas mãos dele. Eu era apenas um, mas ele tinha um exército inteiro atrás dele. Eu não podia proteger Christian sozinho. Eu tinha que matar o mal pela raiz.
—Agora as coisas ficaram interessantes.
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-capítulo amanhã-
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Christopher (Concluído)
Bí ẩn / Giật gânLIVRO 3 Não há saída quando tudo que você vê é sofrimento Angustia que maltrata a alma A culpa que pesa ao anoitecer Christopher sabe que o caminho que escolheu está lhe custando caro Uma jornada dolorosa que mostrará que tudo tem consequência Um e...