Os dias foram passando devagarNa maior parte do tempo, eu e Christopher ficávamos em silencio. Passamos a comer juntos, mas sempre cobertos por aquele silêncio desconfortável, eu descobri que ele gostava de comida chinesa, pelo jeito que comia desesperadamente. Na verdade, acho que aprendemos muita coisa durante esse tempo.
Quando chegava a noite, eu jogava xadrez ou lia algum livro com a luz da janela, sempre com Bob deitado nas minhas pernas e como música de fundo, escutava os grunhidos de Christopher enquanto fazia flexões. Seu tornozelo havia melhorado e agora fazia demorados exercícios físicos durante o dia inteiro, era verdade que desde o nosso último encontro ele havia mudado muito, parecia fraco e debilitado, mas agora tentava recuperar algo...ou apenas queria pretexto para não interagir comigo.
Em algumas raras ocasiões ele jogava xadrez comigo, mas sem me olhar nos olhos. Do que você tem medo, Christopher?, pensei
...
Ela corria entre as árvores, seus cabelos molhados grudavam na sua pele manchada de sangue. Todo seu corpo tremia, mas ela não parava. Havia raiva dentro dela e nada poderia impedi-la
Christopher corria atrás dela, mas era em vão. Nunca poderia alcança-la, pois não era digno. Ele para, ofegante e começa a sentir a terra consumir seus pés. Sem controle, ele é engolido pela terra, enquanto vê as copas das arvores escuras e além delas, consegue enxergar os olhos de Madeleine.
Mas ao abrir os olhos, ele desperta no quarto. Ainda está escuro lá fora e ele não consegue se conter, precisava vê-la. Então se levantou com dificuldade e foi até seu quarto, pensou que estaria trancado, mas pra sua surpresa, estava entreaberto.
Não entendia aquela confiança que ela depositou nele a ponto de dormir com a porta aberta. Mas aquilo o confortou de alguma maneira. Devagar, ele abriu a porta e ela dormia profundamente entre aqueles lençóis, sua respiração lenta e equilibrada denunciava um sono tranquilo. Tudo que Christopher queria.
Por alguma razão, Madeleine consegue sentir a presença de Christopher, sem abrir os olhos, ela dá um pequeno sorriso
-- Vá dormir, Christopher- ela fala, calmamente
Depois de não ouvir resposta, ela abre os olhos
--Também tem pesadelos?- ela pegunta, quase adivinhando os pensamentos dele
Ele assente que sim
--Você é mesmo real?- ele pergunta, desesperado por uma segurança, por uma maneira de não se sentir maluco
Lentamente, ela estende a mão em sua direção. Mesmo sem dizer nada, seu olhar dizia tudo. Apesar de tudo, ela estava oferecendo o seu conforto para ele. Que ela tambem tinha pesadelos, que isso fazia parte deles, mas que depois de toda tempestade, havia um arco íris, que o dia amanheceria e o sol se encarregava de nos guiar.
Ele toca sua mão e aquele choque que acontecia entre eles ocorreu.
--Está tudo bem...- ela diz, sem saber se era mesmo verdade
Era o que ela buscou a vida inteira. Diferenciar a fantasia do que era real, mas nem sempre conseguia e acabava sofrendo com aquela angustia que Christopher também sentia.
Ele solta sua mão e senta no chão, ao lado da cama dela. Eles ficam se observando, ate que Madeleine começa a sentir os olhos pesarem novamente, sem perceber ela adormece, enquanto Christopher também consegue dormir sentado ao lado dela.
...
Christopher
Bob era um cachorro muito grudento, mas ele me ajudava quando precisava sair daquele apartamento
VOCÊ ESTÁ LENDO
Christopher (Concluído)
Mistério / SuspenseLIVRO 3 Não há saída quando tudo que você vê é sofrimento Angustia que maltrata a alma A culpa que pesa ao anoitecer Christopher sabe que o caminho que escolheu está lhe custando caro Uma jornada dolorosa que mostrará que tudo tem consequência Um e...