sussurros

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Por favor...não me mate
Socorro!!
Não faz isso!

--Madeleine? Não! Eu nunca mataria você!

Eu corro até ela, desesperado, mas ela se afasta de mim enquanto rastejava pelo chão.

Quanto mais perto, mais seu rosto mudava e quando tentei levantá-la, a imagem de Rose apareceu no seu rosto. Eu grito e me afasto.

--Não! Onde ela está?! - eu procuro em volta, sem folego. Em desespero por encontrá-la.

Rose começa a rir. Ela solta uma gargalhada aguda, eu fico confuso. Minha cabeça gira sem entender o que está acontecendo.

--Você nunca mais vai vê-la, nunca mais!- ela grita encima de mim, agora com uma voz grossa, intimidadora.

Eu entro em estado de negação, aquela possibilidade me inundava de desespero.

--Nãoooooo!!!!!!!

°°°

Eu caio no chão frio e sujo.

Meu corpo implora por um copo de água, mas tudo que consigo fazer é apertar o chão que meu corpo encontrou. Estava suando frio. As lágrimas vieram e eu só podia aceitar mais aquele dia que eu viveria sem ela.

Eram pesadelos frequentes. Sempre os mesmos, a voz de Madeleine pedia ajuda, mas seu rosto mudava para alguém que eu já tinha matado antes. As almas deles me atormentando, se vingando de mim. Era o espetáculo perfeito, me ver definhando nesse buraco que me enfiei.

Já tinha passado tempo demais

Os dias passavam, assim como as noites e nada parecia fazer sentido. Eu não tinha nada, não tinha familia, não tinha amigos, não tinha uma casa...não tinha um propósito. Eu nunca tinha me perguntado o que iria acontecer depois que minha vingança estivesse completada, mas naquele momento eu sabia que nada mais me restava

Um pedaço de mim foi arrancado, mesmo que eu tentasse viver uma vida medíocre. Ainda sim, nunca irei ser inteiro novamente. Ela quebrou nossa ligação, não fazia mais sentido viver em função dela.

Eu prometi a mim mesmo nunca mais procurá-la e era isso que eu estava fazendo. Pela primeira vez na minha vida, eu não sabia onde ela estava, nem o que sentia.

Mas uma parte de mim continuava vivo em saber que ela vivia

--Por que fez isso comigo, Madeleine?- eu pergunto para a imensidão solitária do meu quarto. Nada é o que eu ganho como resposta.

Eu levanto do chão, meio zonzo. Eu derrubo as coisas de cima dos móveis, procurando pela garrafa de vodka. Minha boca seca desejava o álcool urgentemente.

Era fora dos meu sentidos que eu podia esquecer o que eu era, o que eu tinha feito. Só assim eu continuaria seguindo esses dias malditos até o dia da minha morte, que eu esperava anciosamente para chegar.

--Achei você.

Eu pego a garrafa já pela metade.

Tudo me lembra ela

A imagem dela deitada sobre a mesa de centro daquele apartamento. Em volta de latinhas de cerveja, totalmente rendida a tudo que a tiraria daquela dor.

Eu dou um sorriso irônico

--Filha da puta.

Eu viro a garrafa, sinto o álcool me queimar por dentro. Mas não importava, as dores não importavam, nada importava.

Aonde ela estiver, deve estar rindo de mim. Assim como todos os fantamas que me rondeiam.

Eu deito no colchão velho, com medo de dormir e ter os mesmos pesadelos. Eu tinha que ficar acordado, mas tambem não queria levantar. Não tinha vontade de fazer nada.

Christopher (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora