Ilusões

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Uma lápide coberta pela vegetação, desagastada pelo tempo. Tanto que quase não é possível olhar os escritos nela.
O vento soprando naquela floresta densa, carregando as almas que se escondem nela.
A penumbra da noite escondia um assustador cenário

Christopher se vê novamente entre as árvores, observando a lápide do seu irmão de longe. No mesmo local que viu Madeleine depositar a flor anos atrás

A dor que vivia dentro dele perdurava. Mesmo agoniado pelas vozes que o atormentavam naquela floresta, ele as ignorava, se afogando nos próprios demônios

Ao longe, ele pensa enxergar Madeleine, mas logo sua vista esclarece e ele vê Donut se aproximar da lápide.
Seu instinto é ir até ela, mas seu corpo o impede

Ela segura uma rosa vermelha nas mãos. Christopher tenta gritar por ela, mas sua voz não consegue sair. Ele entra em agonia

Ela não nota a sua presença e coloca a rosa na lápide, porém o talo possuía espinhos e ela se furou em um deles.
Uma gota de sangue cai encima do solo onde o corpo de Josh foi enterrado. Donut sobe o olhar em direção a Christopher, de forma ameaçadora

Ao seu lado, surge a imagem de Madeleine criança. Elas duas começam a encarar Christopher com raiva no olhar, ele dá passos para trás, confuso.

Madeleine criança abre as mãos e nelas são derramadas muito sangue, quando ela percebe isso, fica desesperada e começa a gritar. Um grito agudo e aterrorizante.
Seus olhos começam a gotejar sangue, como lágrimas.

Christopher sente um aperto no peito. Cruel

Ele abre as mãos e o mesmo sangue começa a escorrer, como as de Madeleine.

...

Um grito ofegante me acorda

Eu levantei rapidamente da cama, atordoado

Rosquinha estava se debatendo na cama , suando frio.Eu vou ate ela, sem entender o que está acontecendo
Ela parece estar em transe, mas quando a toco, ela acorda assustada. Seu olhar é de pavor, quando nota que estou ao seu lado, ela se joga para me abraçar.

O calor daquele pequeno corpo me envolve. Involuntariamente eu lembro do meu sonho, do meu irmão Josh, do sangue dela...Meus braços a envolvem num abraço confortável. Ela choraminga baixinho, enquanto meu corpo a embala.
Fecho os olhos, sentindo a dor daquela menina.

—Que tipo de pesadelos você teve que viver, pequena?- eu sussurro na escuridão daquele quarto

Nenhuma criança devia sofrer o que eu sofri. Nenhuma criança devia parar de sorrir, parar de brincar, parar de viver a vida inocentemente. A vida transforma garotas como aquela em monstros como eu, quando não se tem ninguém pra te acolher no meio da noite. Quando teu choro é silenciado pela violência, pelo abuso, pela indiferença.

Depois de horas tentando fazer a Rosquinha dormir novamente, eu a aninho num cobertor velho.
Suspirei, preocupado

Desde que perdi o rumo da minh vida, tudo parecia incerto, sem sentido. Mas agora eu sinto algo se transformando, se modificando no meu horizonte. Coisas que eram inúteis pra mim, agora parecem fazer sentido...
eu observo uma foto de Madeleine colada na parede.

—Será que você tinha razão esse tempo todo?- eu pergunto para ela

Obviamente ela não responderia. Nem me ouviria. Eu nao sentia mais nada em relação a nossa conexão, era como ligar para um telefone e ele ficar tocando pra sempre, sem ninguém atender

Christopher (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora