—Voce não é real!
Ele grita em direção a ela, nervoso. Ainda estava em pé sobre o batente, com a mente confusa, se deveria pular ou não.
—Eu pareço falsa pra você? - ela levanta os braços
Ela o observa, cuidadosamente.
Ele nega freneticamente com a cabeça. Se negava em acreditar que Madeleine estava ali, na sua frente.
—Como....? Não, isso não é possível. - ele desce do batente e começa a fixar seu olhar no chão. Perdido.
—Eu sei que essa situação pode gerar muitas dúvidas...como eu vim parar aqui, porque eu voltei, porque não quero que você pule....Mas nós dois sabemos o porquê estou aqui.
- ela esquenta os dedos dentro do casaco. Sua voz estava firme e concisa, o vapor frio saía de sua boca enquanto falava.—Sabe, quando eu vi você aqui, por um momento achei que iria encontrar outra pessoa. Por que um homem como você, que sempre só se importou consigo mesmo, não seria tão astuto em tirar a própria vida, mas pensando bem , combina bastante com tua forma extremamente egocêntrica de ver a vida...Mas você só me provou que continua sendo o mesmo, ou até pior. Você ia se matar sem me contar a verdade, ia me deixar aqui...- ela olha para o horizonte, tentando manter a firmeza na voz.
—É verdade , não é? - ela pergunta, com tristeza na voz
Ele levanta o olhar para ela. Assustado.
O seu maior segredo, que morreria com ele, não era mais segredo.
Ele tinha que enfrentar aquele olhar outra vez, de dor, de culpa.
Como ela poderia saber disso?—Cala a boca! Você não é real!- ele grita e aperta a cabeça contra os punhos
Ela se aproxima dele, mas ele se afasta abruptamente. Uma luz ofuscante aparece na ponte parcialmente escura e de forma rápida, Christopher pula encima dessa luz.
Era uma caminhonete que estava passando pela ponte, quando ele pulou em frente a ela, causando um acidente.Madeleine se assusta quando percebe o que tinha acontecido. Ela vê o corpo de Christopher caído há alguns metros da caminhonete, já parada.
O motorista desceu do carro, preocupado—Meu Deus! Ele se jogou! Você viu! Ele se jogou na frente do carro!
Madeleine corre até o corpo de Christopher. Ele estava parcialmente desacordado, dizia algumas coisas sem sentido.
—Ótimo...- ela reclama enquanto procura por ferimentos pelo seu corpo.
—Ele tá vivo? - o homem pergunta
Ela acena que sim e quando aperta o tornozelo dele, consegue escutar ele gemer de dor.
—Vamos, me ajude a levá-lo pro carro. - ela pede para o motorista
Madeleine não entendia o que tinha acontecido. Não estava nos seus planos ter que lidar com alguém tão...desestabilizado. As coisas realmente tinham mudado desde a última vez que tinham se visto.
Parecia ser o mais coerente deixar que ele pulasse daquela ponte, deixar que ele entrasse na frente de carros. Mas o que trouxe ela de volta, era muito maior que a coerência da vida. Ela precisava do Christopher vivo.
Eles ainda tinham contas a acertarAcomodados no banco de trás da caminhonete, Christopher gemia de dor enquanto Madeleine aquecia seu corpo. O motorista dirigia em silêncio, mas sempre estava olhando pelo retrovisor, quando os olhos de Madeleine encontravam os dele, eram como farpas.
Ela estava chateada por Christopher ter feito aquilo
—Não acha melhor levar ele pro hospital?- ele pergunta
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Christopher (Concluído)
Mistério / SuspenseLIVRO 3 Não há saída quando tudo que você vê é sofrimento Angustia que maltrata a alma A culpa que pesa ao anoitecer Christopher sabe que o caminho que escolheu está lhe custando caro Uma jornada dolorosa que mostrará que tudo tem consequência Um e...