24. Beauxbatons e Durmstrang

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Havia uma sensação de agradável expectativa no ar aquele dia. Ninguém prestou muita atenção às aulas, pois estavam bem mais interessados na chegada das comitivas de Beauxbatons e Durmstrang à noite; até Poções foi mais tolerável do que de costume, porque durou meia hora a menos. Quando a sineta tocou mais cedo, os Marotos subiram depressa para a Torre da Grifinória, largaram as mochilas e os livros, conforme as instruções que tinham recebido, vestiram as capas e desceram correndo para o saguão de entrada.

Os diretores das Casas estavam organizando os alunos em filas.


– Pettigrew, endireite o chapéu – disse a Profa. Minerva secamente a Peter. – Srta. Meadowes, tire essa coisa ridícula dos cabelos.


Dorcas fez cara feia e retirou o enorme enfeite de borboleta da ponta da trança.


– Sigam-me, por favor – mandou a professora –, alunos da primeira série à frente... sem empurrar...


Eles desceram os degraus da entrada e se enfileiraram diante do castelo. Fazia um fim de tarde frio e límpido; o crepúsculo vinha chegando devagarinho e uma lua pálida e transparente já brilhava sobre a Floresta Proibida.


– Quase seis horas – comentou Remus, verificando o relógio e depois espiando o caminho que levava aos portões da escola. – Como é que vocês acham que eles vêm? De trem?

– Duvido – respondeu Sirius.

– Como então? Vassouras? – arriscou Peter, erguendo os olhos para o céu estrelado.

– Acho que não... não vindo de tão longe... - respondeu James.

– De Chave de Portal? – aventurou Remus.

– Ou quem sabe aparatando, talvez tenham permissão de fazer isso antes dos dezessete anos no lugar de onde vêm? - disse Peter com convicção.

– Não se pode aparatar nos terrenos de Hogwarts. Quantas vezes tenho que repetir isso a vocês – falou Remus com impaciência.


Os garotos examinavam excitados e atentos os jardins cada vez mais escuros, mas nada se movia; tudo estava quieto, silencioso, como sempre.

Lily e Rose começavam a sentir frio. Desejaram que os visitantes chegassem logo... talvez os estudantes estrangeiros estivessem preparando
uma entrada teatral... lembrou-se do que a Sra. Snape dissera no acampamento antes da Copa Mundial de Quadribol: “Sempre os mesmos, não resistimos à tentação de fazer farol quando nos reunimos...” E então Dumbledore falou em voz alta da última fileira, onde aguardava com os outros professores:


– Aha! A não ser que eu muito me engane, a delegação de Beauxbatons está chegando!

– Onde? – perguntaram muitos alunos ansiosos, olhando em diferentes direções.

– Ali! – gritou um aluno da sexta série, apontando para o céu sobre a Floresta.


Alguma coisa grande, muito maior do que uma vassoura – ou, na verdade, cem vassouras –, voava em alta velocidade pelo céu azul-escuro em direção ao castelo, e se tornava cada vez maior.


– É um dragão! – gritou esganiçada uma aluna da primeira série, perdendo completamente a cabeça.

– Deixa de ser burra... é uma casa voadora! – disse Douglas Creevey.

O palpite de Douglas estava mais próximo... quando a sombra gigantesca e escura sobrevoou as copas das árvores da Floresta Proibida, e as luzes que brilhavam nas janelas do castelo a iluminaram, eles viram uma enorme carruagem azul-clara do tamanho de um casarão, que voava para eles, puxada por doze cavalos alados, todos baios, cada um parecendo um elefante de tão grande.

As três primeiras fileiras de alunos recuaram quando a carruagem foi baixando para pousar a uma velocidade fantástica – então, com um baque estrondoso que fez Frank saltar para trás e pisar no pé de um aluno da quinta série da Sonserina –, os cascos dos cavalos, maiores que pratos, bateram no chão. Um segundo mais tarde, a carruagem também pousou, balançando sobre as imensas rodas, enquanto os cavalos dourados agitavam as cabeçorras e reviravam os grandes olhos cor de fogo.
As garotas só tiveram tempo de ver que a porta da carruagem tinha um brasão (duas varinhas cruzadas, e de cada uma saíam três estrelas) antes que ela se abrisse.

Um garoto de vestes azul-claras saltou da carruagem, curvado para a frente, mexeu por um momento em alguma coisa que havia no chão da carruagem e abriu uma escadinha de ouro. Em
seguida, recuou respeitosamente. Então viram um sapato preto e lustroso sair de dentro da carruagem – um sapato do tamanho de um trenó de criança – acompanhado, quase
imediatamente, pela maior mulher que já viram na vida. O tamanho da carruagem e dos cavalos ficou imediatamente explicado. Algumas pessoas exclamaram.

Só viram, até então, uma pessoa tão grande quanto essa mulher: Hagrid; duvidavam que houvesse dois centímetros de diferença na altura dos dois. Mas, por alguma razão – talvez simplesmente porque estava habituados a Hagrid –, esta mulher (agora ao pé da escada, que olhava para as pessoas que a esperavam de olhos arregalados) parecia ainda mais anormalmente grande. Ao entrar no círculo de luz projetado pelo saguão de entrada, ela revelou um rosto bonito de pele morena, grandes olhos negros que pareciam líquidos e um
nariz um tanto bicudo. Seus cabelos estavam puxados para trás e presos em um coque na nuca. Vestia-se da cabeça aos pés de cetim negro, e brilhavam numerosas opalas em seu pescoço e nos dedos grossos.

Dumbledore começou a aplaudir; os estudantes, acompanhando a deixa, prorromperam em palmas, muitos deles nas pontas dos pés, para poder ver melhor a mulher. O rosto dela se descontraiu em um gracioso sorriso e ela se dirigiu a Dumbledore, estendendo a mão faiscante de anéis. O diretor, embora alto, mal precisou se curvar para beijar-lhe a mão.

As Gêmeas Evans (Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora