18. Torneio Tribruxo

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“Tenho ainda o doloroso dever de informar que este ano não realizaremos a Copa de Quadribol entre as Casas.”


– Quê? – exclamou James.

Ele olhou para Sirius, seu companheiro no time de quadribol. Xingaram Dumbledore em silêncio, aparentemente espantados demais para falar. Dumbledore continuou:


– Isto se deve a um evento que começará em outubro e irá prosseguir durante todo o ano letivo, mobilizando muita energia e muito tempo dos professores, mas eu tenho certeza de que vocês irão apreciá-lo imensamente. Tenho o grande prazer de anunciar que este ano em
Hogwarts...


Mas neste momento, ouviu-se uma trovoada ensurdecedora e as portas do Salão Principal se escancararam.
Apareceu um homem parado à porta, apoiado em um longo cajado e coberto por uma capa de viagem preta. Todas as cabeças no Salão Principal se viraram para o estranho,
repentinamente iluminado por um relâmpago que cortou o teto. Ele baixou o capuz, sacudiu uma longa juba de cabelos grisalhos ainda escuros e começou a caminhar em direção à mesa dos professores.
Um ruído metálico e abafado ecoava pelo salão a cada passo que ele dava. Quando alcançou a ponta da mesa, virou à direita e mancou pesadamente até Dumbledore. Mais um relâmpago cruzou o teto. Peter prendeu a respiração. O relâmpago revelou nitidamente as feições do homem e seu rosto era diferente de qualquer outro que os garotos e garotas já viram. Parecia ter sido talhado em madeira exposta ao tempo, por alguém que tinha uma vaguíssima ideia do aspecto que um rosto humano deveria ter, e não fora muito habilidoso com o formão. Cada centímetro da pele do estranho parecia ter cicatrizes. A boca lembrava um rasgo diagonal e faltava um bom pedaço do nariz. Mas eram os seus olhos que o tornavam assustador.

Um deles era miúdo, escuro e penetrante. O outro era grande, redondo como uma moeda e
azul-elétrico vivo. O olho azul se movia continuamente, sem piscar, e revirava para cima, para baixo, e de um lado para o outro, independentemente do olho normal – depois virava de trás para diante, apontando para o interior da cabeça do homem, de modo que só o que as pessoas viam era o branco da córnea.

O estranho chegou-se a Dumbledore. Estendeu a mão direita, que era tão cheia de cicatrizes quanto o rosto, e o diretor a apertou, murmurando palavras que não se pôde ouvir. Parecia estar fazendo perguntas ao estranho, que abanava negativamente a cabeça, sem sorrir, e respondia em voz baixa. Dumbledore assentiu com a cabeça e indicou ao homem o lugar vazio à sua direita.

O estranho se sentou, sacudiu a juba grisalha para afastá-la do rosto, puxou um prato de salsichas para si, levou-o ao que restara do nariz e cheirou-o. Tirou então uma faquinha do bolso, espetou a salsicha e começou a comer. Seu olho normal fixava as salsichas, mas o olho azul continuava a dar voltas na órbita registrando o salão e os estudantes.


– Gostaria de apresentar o nosso novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas – disse Dumbledore, animado, em meio ao silêncio. – Prof. Hood.


Era normal os novos membros do corpo docente serem recebidos com aplausos, mas nem os colegas nem os estudantes bateram palmas, exceto Dumbledore e Hagrid. Os dois juntaram as mãos e bateram palmas, mas o som ecoou tristemente no silêncio e eles bem depressa pararam. Todos pareciam demasiado hipnotizados pela aparência grotesca de Hood para ter qualquer reação exceto encarar o homem.


– Hood? – murmurou Remus para James. – Olho-Tonto Hood? O que o seu pai foi ajudar hoje de manhã?

– Deve ser – disse James baixo, em tom de assombro.

– Que aconteceu com ele? – cochichou Sirius. – Que aconteceu com a cara dele?

– Não sei – cochichou James em resposta, mirando Hood, fascinado.


Hood parecia totalmente indiferente à recepção quase fria que tivera. Ignorando a jarra de suco de abóbora à sua frente, o homem tornou a enfiar a mão no interior da capa, puxou um
frasco de bolso e bebeu um longo gole. Quando levantou o braço para beber, sua capa se elevou alguns centímetros do chão e Rose e Lily viram, por baixo da mesa, um bom pedaço de uma
perna de pau, que terminava em um pé com garras.

Dumbledore pigarreou outra vez.

As Gêmeas Evans (Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora