Taylor Nolan
Acordo no meio da noite suando frio, mais uma vez eu havia tido o mesmo sonho, aquilo sempre mexia comigo e uma crise de raiva toma conta do meu peito. A porta abre e vejo minha vó entrar no quarto, ela estava cansada e parecia muito triste, mas mesmo assim vem em minha direção com uma xícara de chá, fazia muito frio aquela noite.
— Vamos querido tome, vai te acalmar —Minha vó fala pegando em minhas mãos e se sentando na cama.
— Esse maldito pesadelo, por que isso? Por quê? — Aperto o copo com tanta força que ele estoura abrindo um corte em minha mão.
— Querido fazem 5 anos, você precisa esquecer isso.
— Não até que a justiça seja feita vó. — Amarro um pano em minha mão tentando conter o sangramento.
— Taylor ouça.... Isso só está te consumindo meu neto. — Ela suspira.
—Isso já me consumiu vó.
—Querido, você já arrumou problemas demais, olhe tudo o que aconteceu. — Ela chora desolada.
— Eu passaria por isso de novo, estamos falando da minha irmã, ela só tinha 5 anos. — Engulo o choro conforme relembro tudo o que aconteceu. — Por que isso teve que acontecer? Por que fizeram isso? — Deito no colo de minha vó que me afaga.
— Ouça querido, tome um banho e tente descansar. — Ela acaricia o topo de minha cabeça.
Tomo um longo banho quente para que meu corpo relaxe, vou até minha cômoda para pegar um agasalho, naquela noite eu estava disposto a correr até o amanhecer, talvez aquilo liberasse toda adrenalina do meu corpo e me fizesse cansar até dormir. Enfaixo minhas mãos machucadas e vou novamente em direção a cômoda para pegar meu celular, vejo algumas mensagens sem respostas, duas eram de Jack, e uma de Megan. Ela era irritante, burra, e mimada, mas era gostosa e além de ter uma boa foda, a garota tinha um gloss sabor cereja que me deixava maluco. O celular toca e o nome da garota aparece, aquilo me dava nos nervos.
— O que você quer Megan? Pra que tantas mensagens? — Falo irritado.
—Docinho nem são tantas mensagens assim, é só pra você não se esquecer tão fácil de mim. — Megan tinha um tom irritante.
—Me poupe, se ligou para encher a porra do saco perdeu seu tempo — Desligo o celular antes que a loira possa responde.
Saio de camionete a caminho do Lakewood Park, já era mais o menos três da manhã, aquele literalmente era o horário perfeito para correr, passo em um posto de gasolina para abastecer, comprar energético, camisinha, e mentos, logo retomo meu caminho. Chego ao parque e estaciono a camionete vermelha, saio puxando o ar fresco e indo em direção a entrada repleta de folhas que por conta do vento se espalharam, algo me chama atenção, havia um garoto ali, ele estava cercado de outros garotos mais velhos e parecia estar em pânico, chegou mais perto.
— EI! – Berro, tentando fazer com que deixassem o menino em paz, mas sem sucesso. — Parem agora porra — Os meninos correm sem olhar para trás.
O menino pálido tinha um olhar triste, cabelos despenteados e parecia tremer de frio, ele parecia muito familiar, não me lembrava ao certo, não parecia nem um pouco com um menino de rua e sim perdido.
— O que está fazendo na rua tão tarde garoto? — Tiro meu casaco para agasalhar o menino.
— Estou atrás da minha irmã — O garoto me olha confuso.
—Quem é sua irmã?
— O nome dela é Lia, ela saiu de casa e eu vim atrás dela. -— Lagrimas nos olhos do garoto caem uma a uma — Eu sinto muita falta dela — O menino se põe a chorar.
— Ei... Calma aí garoto, qual seu nome? — Um estalar em minha cabeça me faz lembrar do roso do menino.
— Meu nome é Petter ... e o seu? — O garoto fala me analisando.
— Bom...meu nome é Taylor estudo com sua irmã, talvez eu possa te ajudar a encontrar sua casa.
O garoto acena com a cabeça não parecia se lembrar de mim, eu não sabia exatamente só quem era o pirralho, mas também conhecia a irmã, por um momento um sentimento de raiva e culpa me domina. Eu precisava encontrar Lia para me desculpar, mas ao mesmo tempo o meu ego fala mais alto.
— Eu não quero minha casa, eu quero a minha irmã — Ele cruza os braços em protesto.
Eu passo parte da noite conversando com o garoto sobre desenhos e carros, ele era um menino muito inteligente e também muito medroso, então resolvi ensinar o garoto alguns golpes para que ele se defendesse dos valentões do colégio. Tudo estava indo perfeitamente bem, eu havia ensinado muitas coisas para aquele garoto naquela noite e aquilo fez com que eu lembrasse de meu irmão Jacob, um sentimento de tristeza me invade e logo me perco em meus pensamentos.
— Petter onde você está? - Ouço uma voz familiar, era Lia.
— É garoto, te acharam. -—Olho no rosto de desânimo do menino.
— É... foi bom conhecer você, amigão. — O garoto bagunça meu cabelo como se eu fosse um cachorro.
Sigo Petter com os olhos que corre em direção a irmã, ela estava parada em uma das arquibancadas e ao olhar para mim sua expressão é de desprezo e raiva. Sigo meu caminho sem falar nada e nem me despedir do garoto, mas Lia anda até mim e aquilo não era bom. Eu não fui legal com Lia em nenhum momento, ela mexia mexia comigo de uma forma assustadora, Lia me deixava confuso e eu não entendia o motivo.
O garoto corre até a irmã lhe dando um abraço apertado, logo sua cara marrenta se desfaz. Ela revira o menino do avesso para verificar se ele não estava ferido, logo lia cobre o garoto que treme de frio.
— O que você tem na cabeça Petter? — Lia grita com o garoto que baixa a cabeça em silêncio.
—Taylor me ajudou Lia, fui atrás de você — Noto o olhar de lia direcionado a mim, naquele momento o brilho nos olhos de Lia sumia.
—Não é possível — Ela se irrita.
— Ele disse que te conhecia — Petter protesta.
— Vamos Petter. — Lia puxa o menino para longe e vem em minha direção. Ela tinha grandes olheiras em seus olhos, como se não descansasse a dias.
— Fique longe do meu irmão. — Lia aponta o dedo em minha cara, suspiro cansado.
— De nada — Viro as costas ignorando a garota
Vou em direção as arquibancadas para puxar um ar fresco e pensar em tudo que havia acontecido naquela noite. Eu estava cansado de todo aquele tormento em minha cabeça, talvez minha vó estivesse certa sobre tudo, eu precisava esquecer meu passado ou ele iria me consumir.
Ouço uma buzina estridente que quase estoura meus tímpanos, olho para trás e vejo um audi preto estacionado, reviro os olhos quando o aluno metido a jogador sai do carro. Lia havia ido embora, talvez nada que eu fizesse ou dissesse amenizaria a situação.
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The storm
RomanceLia é uma garota de 17 anos que acaba de perder os pais em um terrível acidente de carro. Ela e seu irmão mais novo Petter passam a morar na mesma casa com a tia, que após o ocorrido se muda as pressas para Ohio. O último ano letivo se inicia e Lia...