Welcome Taylor Nolan

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Depois da briga entre tia Ana e Martin, a madrugada foi só ladeira a baixo, as dúvidas dentro de mim tomaram uma proporção gigantesca em relação a exatamente tudo. Se antes não estava conseguindo dormir apenas por preocupação do que aconteceu mais cedo , da briga em diante piorou, meus sentimentos estavam emaranhados e eu só consegui pregar os olhos umas três e meia da manhã, quando minhas pálpebras finalmente cederam ao sono pesado que chegou tão rápido que nem me lembro a hora em que adormeci.

Ajustei o alarme para que me acordasse mais cedo do que todos. O celular tocou freneticamente embaixo do travesseiro e logo desativei o alarme para que eu fosse a única na casa que estivesse acordada.

Tomo meu banho antes de descer para o café, com o intuito de me despertar, e a ideia acaba dando certo, pois nada que uma boa ducha de água gelada não prepare alguém para mais um dia de acontecimentos inesperados naquele colégio. Termino de me arrumar com minha calça jeans rasgada e minha camiseta de manga marrom, calço meus tênis e desço as escadas para me alimentar  e preparar a mochila para o tão esperado piquenique de Petter.

Ao chegar na cozinha abro a geladeira com as mãos  mais silenciosas do mundo e caço tudo o que pode ser utilizado para o lanche da tarde como: cupcakes, suco de laranja, sanduíches naturais de presunto que tia Ana adora fazer e deixar guardado para que comamos sempre que der fome, e, para não dizer que não estimulo a vida saudável ao meu irmão, pego duas maçãs. Deixo tudo sobre o balcão da ilha de mármore branco que se encontra no meio da cozinha, volto à geladeira e tento procurar outra coisa, afinal, não é só porque eu tenha zero criatividade para essas coisas que Petter mereça um lanchezinho na mesma proporção, eu estava disposta a dar o meu melhor.

Segurando a porta da geladeira escancarada, atenta a qualquer outra comida já pronta que eu possa colocar na mochila, chego à conclusão de que posso comprar outras coisas pela escola e acrescentar ao mini banquete:

—É... é isso! — Digo em voz alta para mim mesma, dando de cara com tia Ana parada atrás da porta da geladeira, com os cabelos desgrenhados presos num rabo de cavalo mais esfiapado que qualquer coisa, parece até que um furacão a engoliu e a cuspiu depois de horas rodopiando pelo ar.

Assustada com o meu susto, ela se encolhe num repentino espasmo e leva a mão ao coração, com os olhos rapidamente arregalados e apalpando o peito revestido pelo costumeiro roupão cinza felpudo.

—Meu Deus, tia! —  Ao passo que me espanto, me alivio por não ser uma assombração, apesar de ter aparecido tão sorrateira quanto uma. -Eu... quase morro do coração!

—Ah, me desculpa, achei que tivesse ouvido meus passos. Desci porque escutei barulhos aqui e... — Ela analisa o balcão com as coisas básicas que peguei, tudo já embalado e prestes a ser guardado na mochila. — O que é tudo isso? Tá planejando uma fuga?

A vontade que eu tenho é de responder "Sim, mas ao invés disso arqueio uma de minhas sobrancelhas e abro um sorriso que diverte Ana.

— Prometi pro Petter que faria um piquenique com ele e... — Ela arqueia uma sobrancelha, cruza os braços e me fita.

—Achei que vocês tinham ido no parque ontem.

— E fomos, mas só deu tempo pra um sorvete. — Abro um sorriso nervoso

—Que seja.  — Ela vira as costas e caminha para começar os preparativos do café da manhã.

As horas passam e todos já estavam apostos para o café. O clima  estava ainda mais denso com a presença do restante da casa, enquanto Petter tagarelava tia Ana olhava para Martin fixamente como quem estava prestes a voar em sua garganta, ambos em silêncio. 

The stormOnde histórias criam vida. Descubra agora