Capítulo 15

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Christopher Von Uckermann

Peguei as chaves de meu carro com bastante pressa, fui em direção a escola e saber aquilo me deixou bastante preocupado.

Talvez Dulce não conseguisse entender o motivo da minha tal reação, mas eu sentia que poderia fazer algo a respeito.

Entrei na escola e lá estava ela, abatida e parecia que havia chorado há poucos minutos, pois seu rosto estava vermelho e seus olhos marcados.

─ Angelique. ─ falei ao me aproximar dela, que me olhou surpresa.

─ Oi Christopher. ─ ela disse soltando um sorriso fechado.

─ Você está bem? Sophia chegou em casa dizendo que você havia sido demitida. É verdade? ─ ela respirou fundo, passando a mão por debaixo dos seus olhos e me encarando em seguida.

─ É verdade, eu não trabalho mais nesta escola. ─ ela disse com a voz embargada.

─ Por que? Você é uma ótima professora, seus alunos te adoram. ─ sorrimos juntos.

─ Isso não é o suficiente, já faz mais ou menos dois meses que eu tenho me atrasado um pouco.

─ Me desculpe fazer muitas perguntas, mas por que?

─ Minha mãe foi diagnosticada com leucemia, ela já está bastante debilitada. ─ as lágrimas caíam por seus olhos.

─ Sinto muito. ─ falei como forma de consolo.

─ Aqui na escola a diretora e os demais coordenadores são muito rígidos, não conseguiram entender o motivo.

─ Isso é um absurdo! Trata-se de uma doença séria e eles não tiveram piedade com você.

─ Sim, eu já tentei de tudo! Mas eles acham que é melhor eu ir embora.

─ Isso não vai ficar assim ok? Vou falar com eles e dessa escola, você não irá sair. ─ ela sorriu em meio ao choro que a invadia.

─ Faria isso por mim? Nem nos conhecemos direito, sou apenas uma professora.

─ Mas eu farei questão de te ajudar, já faz alguns anos desde de que perdi meu pai para essa doença. ─ engoli em seco ao me lembrar dele.

─ Eu não sabia, sinto muito.

─ Por isso não posso deixar que te tratem assim, você merece ser compreendida.

Me levantei e fiz sinal para ele esperar ali, solicitei uma conversa com a diretora e fui aceito.

─ Bom dia senhor Uckermann, em que posso ajudar? ─ ela disse fazendo um sinal para eu me sentar.

─ Minha filha contou que a professora Angelique foi demitida de seu cargo. Tenho apenas uma pergunta diretora, por que?

─ Sua filha tem um certo apego com a professora, mas as decisões já foram tomadas. ─ ela parecia segura de sua decisão.

─ Ela é uma ótima professora, conheço algumas crianças que a adoram.

─ Senhor Uckermann, isso não lhe diz respeito! É um assunto pessoal da senhorita Angelique.

─ Por favor, não me compreenda mal. Apenas quero pedir que a deixem ficar ou dêem uma licença, pelo menos até a mãe dela terminar o tratamento.

─ Ela não justificou sua demora nos últimos dois meses. Me responda, por que?

─ Com certeza o choque de receber uma notícia dessas.

─ Que tanto interesse tem nesse assunto senhor Uckermann?

─ Eu sei o que é ter um familiar nessas condições. Se a senhora não sabe, eu perdi meu pai há alguns anos para essa doença. Não tem um só dia que eu não me lembre do que era estar com ele, sentir que a qualquer momento ele iria partir pra sempre. ─ ela ficou em silêncio por alguns segundos, engoliu em seco.

─ Sinto muito, com certeza deve ser uma dor difícil de superar.

─ Ao contrário, nos primeiros meses é horrível. Mas depois se aceita o fato, mesmo assim a saudade passa a ser frequente.

─ Compreendo.

─ Então dê uma segunda chance para a Angelique, ela merece.

─ Irei pensar nesse caso senhor Uckermann. De qualquer forma, obrigada por ter vindo!

─ Disponha, eu apenas fiquei preocupado com minha filha e com as outras crianças que assim como ela, possuem um apego muito grande com a professora. ─ fiquei de pé.

─ Está bem, mais uma vez sinto muito. ─ demos um aperto de mão e eu me retirei da sala.

Voltei para o pátio e lá estava Angelique, de cabeça baixa com o rosto ainda mais vermelho.

─ Eu falei com ela, acredito que irá pensar antes de tomar uma decisão definitiva.

─ Obrigada Christopher, eu agradeço de verdade o que acaba de fazer por mim. ─ ela ficou de pé e me abraçou.

Eu me sentia feliz por de alguma forma ter ajudado ela, era como se a sensação que eu senti há alguns anos atrás voltasse.

Ela se afastou de mim aos poucos, fazendo nossos rostos ficarem frente à frente e nossos olhos se cruzarem.

─ Me desculpe. ─ ela disse se afastando e pegando sua bolsa.

Eu não disse nada, apenas pensei no que quase aconteceu.

Me ofereci para deixar Angelique em casa e depois disso voltei para a minha.

Dulce estava no sofá com uma expressão preocupada, ela não parava de balançar as pernas.

─ Aonde você foi? Parecia um louco quando saiu daqui. ─ ela disse.

─ Eu fui para a escola, precisava fazer algo pela a professora.

─ Ela é tão importante pra você também? ─ ela perguntou com uma feição triste.

─ Por que está me perguntando isso?

─ Não sei... você e a Sophia pareceram ficar bem chateados com isso.

─ Dulce, eu fiquei mexido com essa história. Não consegui evitar não lembrar do meu pai, você sabe o que eu passei.

─ Sim Christopher, me desculpe se eu pareço estar com ciúmes.

─ Eu não disse isso.

─ Mas parece que é isso que você pensa! ─ antes que eu dissesse alguma coisa, ela subiu as escadas com pressa e me deixou sozinho.

Por que Dulce havia reagido daquela forma? Eu apenas quis ajudar alguém que estava passando por um momento difícil.

Pode não parecer, mas eu realmente estou preocupado com ela.

Mantido Em Segredo - 2° Temporada (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora