Depois de conversar com Aiden liguei para Adam e avisei que estava a caminho.
— Tenho que resolver umas coisas por aqui, então devo chegar aí quinta.
— Isso é ótimo, irmãozinho. Estou ansioso para passarmos um tempo juntos.
Já não tinha muita coisa me prendendo aqui, então empacotei as poucas coisas que me pertenciam, devolvi a chave do apartamento, me despedi daqueles que me farão falta, enchi o tanque e guiei meu carro rumo à Flórida.
Um avião me levaria até lá muito mais rápido, mas pelo menos assim eu tenho tempo para pensar na minha vida e nas mudanças que eu quero fazer nela.
Minha última chance de estar só com meus pensamentos.
Eu nunca poderia me desfazer do meu carro, não importa o quão ruim de grana eu estou, vender a Jô nunca seria uma opção. Ela está comigo desde os meus 16 anos e foi um presente do meu pai.
O caminho é longo, paro algumas vezes e quando o sol começa a se pôr, encontro um hotel para passar a noite.
Deitado no quarto minúsculo de um hotel barato em Daytona Beach, retiro a foto amassada que guardo em minha carteira e a observo por minutos a fio.
A foto é da garota que um dia eu amei, que um dia foi a mãe de um filho meu.
Não precisa ter pena de mim, eu não a amo mais. Falo sério, eu consegui supera-la.
O motivo de eu guardar essa foto não tem nada a ver com meus sentimentos por ela, eu a guardo porque é a coisa mais próxima que eu tenho do meu filho. A mãe dele.
Eu perdi uma parte de mim naquele acidente, uma parte que eu só soube que tinha quando ela já não estava mais lá.
Às vezes eu me pego imaginando como ele seria, ou ela. Qual seria o formato do seu narizinho, qual cor seus olhos teriam, imagino a sensação de sentir sua mãozinha se enrolar em meu dedo e o que escutar sua risadinha faria comigo.
Eu nunca vou saber, a mesma corrida na qual meu melhor amigo voltou a participar é a que tirou a vida do meu filho e quase matou a mãe dele também. Estou morrendo de preocupação, mas Aiden é o melhor corredor que eu conheço, é também o ser humano mais cabeça dura.
Um leve sorriso se espalha pelo canto de minha boca. Ele falaria a mesma coisa de mim, pelo menos a parte de ser cabeça dura.
Estou fisicamente cansado da viagem e emocionalmente exausto dessa incerteza com relação ao futuro desde que concordei em ir morar com meu irmão e sua noiva, os acontecimentos turbulentos dos últimos dois anos também não contribuíram para minha paz de espirito. Torço, posso dizer que até rezo, para que essa mudança seja algo da qual eu não vou me arrepender, meus ombros já estão pesados demais com todos os erros que eu cometi e que não posso concertar.
Meus olhos ficam pesados e durmo sem me dar conta, com a foto caída no meio do meu peito.
***
O café da manhã do hotel estava horrível, então fui até uma lanchonete e pedi ovos, bacon e torradas.
Antes de embarcar novamente em Jô, estiquei os braços acima da cabeça e fechei os olhos quando os raios de sol me cegaram.
No meu caminho até Sarasota passei por Orlando, Lakeland e Tampa, onde fiz uma rápida parada para abastecer e comprar alguma porcaria na loja de conveniência do posto.
Aproximadamente uma hora depois que sai de Tampa, cheguei ao meu destino.
Bem Vindo a Sarasota. Era o que estava escrito na placa.
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Paixão Proibida (Livro 4)
RomancePROIBIDO PARA MENORES DE 18 ANOS! Livro quatro da Série da Paixão.