Capítulo 13 - O coração não toma decisões

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Três corações – BRA, sábado, 14 de junho de 2014


O Sol sucumbia sobre a linha do horizonte, fazendo as nuvens brilharem como o fumo de uma pira ardente sendo lançadas para o alto. O céu azul se tornara cinza-rosado, num último recurso contra a escuridão prevalecente.

O dia chegava ao fim, e aqueles que prometeram contato ainda não tinham cumprido a promessa.

Rocky aguardava pacientemente, crente de que mais cedo ou mais tarde alguém iria aparecer. Se não os aliados, Gaia. Se não Gaia, o cara que tentou intimidá-lo com a pistola.

O Volare permanecia estacionado sob as árvores sombreiras, a antena ainda erguida, o rubi brilhando à luz fenecente.

O General ainda pesquisando as amostras deixadas por Geovana, buscando descobrir como a conselheira-médica conseguiu, de maneira tão excepcional, remover o vírus de seu sangue.

- Não consigo entender o que ela fez - confessou o General, sentado numa cadeira gamer, pensativo. - Não entendo como ela conseguiu suprimir o vírus dessa forma.

- Deveríamos ter trazido Geovana conosco ao invés dessas anotações estúpidas. - foi a sugestão de Rocky, sentado em outra cadeira. - Assim poderíamos ter forçado aquela traidora a falar como ela fez isso.

- Acredito que ela preferiria morrer do que falar alguma coisa - o General retrucou e Rocky lembrou do sonho que tivera.

- Então morreria por nada. - Rocky falou, tocando num tubo de ensaio.

- Morreria pelo que ela acredita ser o certo. - o General contestou. - Admiro isso. E eu mesmo a mataria e a veria morrer levando o segredo para o pó.

- E perderia a oportunidade de descobrir como ela te curou? - questionou Rocky. - Existem outras formas de se tirar a verdade de uma pessoa.

- O que tu farias? - o General ficou curioso.

- Meu pai me falou como meu avô fazia para tirar informações dos inimigos durante o regime militar - Rocky respondeu. - Ele torturava cada um deles, de várias formas, para que falassem tudo o que sabiam. E, acredite, funcionava. Lembra do que Órion fez quando Geovana não quis participar dos treinamentos de autodefesa? - o General disse que sim com a cabeça.  - Pois é. Eu faria ainda pior.

- Homens são cruéis. - disse o General em reprovação.

- E você não imagina o quanto. - Rocky se levantou e ficou de pé, o interior do Volare modificado era bem espaçoso. - Sabe, nós crescemos ouvindo estórias de que somos os únicos nesse maldito universo. De que somos resultados de um processo biológico evolutivo que durou milhares e milhares de anos. Eu mesmo acreditava nessa estupidez. Até que tudo mudou. Menos nossa capacidade de destruição, claro.

- A raça humana está degenerada - falou o General. - Força, intelecto e estatura, tudo está abaixo do narural.

- E o que esperava? - Rocky perguntou com sarcasmo. - São seis mil anos de degradação.

- Não era o caso de Geovana.

- Ela teve ajuda - disse Rocky.

- Mas não teve medo de se arriscar.

- Nem eu!

Rocky desceu do veículo visivelmente incomodado com as palavras do General. Parecia que ele o menosprezava por não ter, de alguma forma, informações suficientes sobre o projeto restauração.

Mas será que o fato de tê-lo tirado da Fortaleza da Cidade de Refúgio, de tê-lo guiado em segurança até ali não era suficiente?

- Pelo visto não. - disse ao vento.

A ORIGEM DA GUERRA - O MUNDO PERDIDO DOS FILHOS DE ADAM - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora