Capítulo 3 - No cemitério

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Fortaleza - BRASil, sábado, 14 de junho de 2014


Os carros de luxo dos familiares e amigos da família Nakamura tomavam todo o estacionamento externo do cemitério Memorial da Saudade, onde a jovem Geovana Nakamura seria sepultada. Parte da comunidade chinesa, que apoiava a poderosa família em suas atividades criminosas, estavam presentes, assim como políticos, empresários, pastores e membros da igreja que a falecida herdeira frequentava. Professores, colegas e alunos da faculdade também compareceram e aproveitaram o momento para erguerem faixas e cartazes em protestos contra os gastos milionários do governo para realização da Copa do Mundo no Brasil, cobrando justiça por parte das autoridades. Todos esperavam o cortejo que trazia o corpo da jovem, que chegou por volta das nove horas da manhã.

Do lado de fora do cemitério, uma equipe da imprensa entrevistava alguns dos alunos que conheceram Geovana e estavam revoltados com o crime. "Geovana era um exemplo a ser seguido" dizia um. "Ela era uma pessoa alegre, extrovertida, determinada, ela não merecia isso, não merecia" completou outro. "Isso não pode ficar assim, Geovana não pode entrar para as estatísticas, alguém precisa fazer alguma coisa" uma garota falou. A equipe tentou entrar no cemitério para registrar o enterro, mas foi impedida pelos seguranças da família Nakamura. "Manda quem pode, dona", os seguranças diziam em resposta as reclamações da repórter, "obedece quem tem juízo."

Gaia e Gênesis, que chegaram atrasados, desceram do carro e foram informados por um segurança de que o corpo da jovem já não estava sendo velado na capela, mas prestes a ser enterrado. Apressaram os passos pelo caminho que dividia o território dedicado aos mortos onde outras famílias também compartilhavam a dor da separação.

Gaia respirou fundo e continuou caminhando e se aproximando do lugar onde caixão de sua melhor amiga estava, tentando não pensar, lutando para não lembrar. "Tenho que ser forte", sussurrava ao vento, "preciso ser forte". Mas não conseguiu ser forte. Parou. Olhou. Chorou. "Eu não consigo, meu Deus, eu não consigo".

Gênesis apenas assistiu o sofrimento de Gaia em silêncio, não sabia mais o que dizer ou o que fazer. Foi quando Domini Montenegro e Valquíria Maldonado apareceram. Valquíria deu um abraço apertado e emocionado em Gaia enquanto Domini, sem ação, apenas observou.

Domini era alto, um metro e noventa de altura, de boa aparência, que se destacava tanto pela sua estatura como pelo porte físico. O jovem de vinte e quatro anos era considerado por muitas mulheres como um verdadeiro deus grego. Seus cabelos ondulados e loiros, seu rosto largo e queixo quadrado deixavam-no com uma expressão séria, máscula, que combinavam com o olhar incisivo, cerrado e maldoso; os olhos verdes e a perfeição de seu corpo, em plena forma, eram atributos que o fizeram ganhar fama com a mulherada. Segundo elas, Domini era bom, principalmente na cama, por isso o apelidaram de "Dom de cama".

Já Valquíria, ao contrário de Gaia, era uma jovem simpática, amorosa e sorridente, além de linda, sedutora e atraente; que gostava de provocar e ser provocada. Foi assim que ela, usando todo seu charme sedutor, arrancou do perito forense Samuel Santos a informação sobre a amostra que Geovana carregava consigo. Com vinte aninhos de idade, olhos azuis, um metro e sessenta e oito de altura e cinquenta e seis quilos muito bem distribuídos pelo corpo, Valquíria precisou apenas mostrar a coxa de sua perna e a informação veio mais rápido do que o tempo que ela usou para levantar a saia.

"Homens", disse ela depois de marcar um falso encontro com o perito.

- Como está a Cidade? - Domini perguntou.

- Como deve está! - Gênesis respondeu com secura e com a cara fechada. - Não vi carros modificados no estacionamento.

- Viemos com os Nakamura - Valquíria explicou.

A ORIGEM DA GUERRA - O MUNDO PERDIDO DOS FILHOS DE ADAM - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora