O retorno do passado

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 JUNGKOOK SE SENTOU na cadeira, estava na ponta da mesa de madeira polida, em formato paralelepípedo. Na outra ponta, dois metros e meio distante, estava Namjoon com seu aliado parado ao seu lado como um verdadeiro guarda-costas. SeokJin o encarava com os olhos semicerrados, como sempre desconfiado de qualquer tentativa imprevista.

Relaxou os ombros e colocou os pés sobre a mesa. Seu sapato estava impecável, cruzou os tornozelos e os braços ao mesmo tempo.

— Por que estamos no interior de Seul? — perguntou.

— Podemos ter uma conversa mais civilizada se tirar os pés da mesa... — resmungou, Jin.

— Deixe o garoto. Já deveria estar acostumado. — Namjoon revirou os olhos.

O terno do chefe era gola alta, vestia preto e tudo se encaixava bem para enganar o lado maligno que existia dentro dele.

— Sabe que fui recentemente traído, Jeon. — Começou, titubeando os dedos na mesa, os seus anéis de ouro puro refletiam com a luz do candelabro. — Eu preferi ficar longe um pouco, e vim para o interior. Não quero ser um alvo fácil.

— Deixe-me adivinhar, — Jungkook sorriu ladino — o dinheiro dos órgãos não está chegando no seu bolso?

— Esse não é o maior detalhe. Fui ameaçado dessa vez, aquele maldito do Hyunjin não quer colaborar com a nossa máfia. Isso é inaceitável. Eu comprei exatamente sessenta milhões e não tive um centavo da mercadoria. — Namjoon fechou as mãos em punho, mas sua voz grave ainda era ponderada e fria. — Eu quero ele morto, e outro irá assumir em seu lugar. Alguém da nossa equipe.

— Não deveria matá-lo! — exclama, olhando-o com certa incredulidade. — Estará começando uma guerra com os capangas dele. Hyunjin tem uma influência tremenda no tráfico de órgãos, ele tem seus próprios seguidores imbecis.

— Mas eu sou o chefe dessa máfia, e tenho em minha mão todos os contrabandos. Entendeu, Jungkook? Quero ele morto — frisou. — Será um sinal para esses merdas entenderem quem está por cima.

Jungkook juntou as sobrancelhas e o encarou por exatos sessenta segundos: era o tempo para pensar se aceitaria esse acordo. Tirou os pés da mesa e então entrelaçou os dedos de sua mão sobre a superfície.

— Quero seus valores.

— Um milhão. — propôs quase ao mesmo tempo.

Namjoon manteve os olhos nos dele.

— Ele vai me oferecer mais que isso. — sorriu de canto.

Jin cerrou os punhos.

— Maldito...

Namjoon levantou a mão em um sinal para que Jin não se envolvesse.

— Era a primeira jogada, Jungkook. Dois milhões. Eu sei que nunca me mataria por dinheiro nenhum, eu sou o seu...

— Três. — Ergueu uma sobrancelha após interrompê-lo – Três e meio só por me lembrar disso — rosnou.

— Isso é um absurdo! — Jin revirou os olhos. — É fácil demais... Só tem que ir lá, e matar o desgraçado!

— Ah! Então vá no meu lugar... O que acha?

O silêncio permaneceu por cinco minutos na gigantesca sala esplêndida do quarto de hotel. Namjoon passou a mão sobre o rosto e suspirou.

— Fechamos esse trato.

Jungkook relaxou novamente na cadeira, sem demonstrar ânimo algum.

Nos braços do inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora