MAIS UMA VEZ ACORDAVA para o seu verdadeiro pesadelo, mais zonza e enjoada que antes.
Abriu os olhos e novamente estava em um lugar diferente da última vez, agora era um carro de vidros escuros, não conseguia saber quem estava dirigindo — eram separados de forma sigilosa —, seus punhos ainda doíam. Os observou, estavam marcados pela corda cruelmente apertada.
Outra vez olhou ao redor. Piscou, não era simples, era um elegante e enorme carro. Escutou um grunhido de incômodo e o viu ao seu lado: lá estava o mesmo dono dos olhos azuis incrivelmente belos.
Encolheu com medo, poderia fundir-se ao banco àquela altura.
— Fique quieta. — ele exigiu com sua voz grave e suave antes que Emily tentasse resmungar qualquer coisa.
O carro subiu uma trilha enfeitada por luzes de solo e flores. Devia estar em grande altitude montanhosa, pois naquele horizonte só se via as copas das árvores e o belo céu azul. Que lugar maravilhoso era aquele? O carro parou em frente a um portão de ferro, três câmeras direcionaram-se para mirá-los, e então automaticamente abriu para recebê-los.
Mais uma longa subida de carro, porém Emily pôde ver no caminho alguns homens de terno passando por ali, acompanhados, outros, os seguranças, estavam vestidos com coletes e munidos de armas, mas não pareciam policiais ou da lei. Seu estômago embrulhou. Ok, agora tinha certeza que sua morte estava um pouco mais à frente...
O carro parou no gramado. O misterioso ao seu lado desceu em seguida e bateu a porta com brusquidão, o viu contornar o carro para abrir a sua porta em seguida. Ambos se fitaram por um curto período antes de Emily ser puxada para fora, cambaleou e ele a ajudou a manter-se em pé.
Ele não esboçava nenhuma emoção, parecia descontente e sempre irritado. Não o conhecia, mas tinha certeza disso.
A envolveu a cintura sem gentileza alguma e passou a direcionar o caminho. Emily se arrepiou por inteiro enquanto seguia o trajeto. Ansiosa pelo final daquele horror, só queria sair correndo, e gritar por ajuda, e talvez, pela sensação das pernas bambas, desmaiar também.
No horizonte vislumbrou-se uma moderna mansão, tão moderna que encantava a vista. Seja quem fosse seu assassino, ele tinha muito dinheiro, e isso apenas fez seu coração pesar mais ainda.
Emily pensou que seguiria em direção à porta de vidro, mas ele desviou da entrada, andaram pelo hall lateral até chegar aos fundos, e dali tudo era ainda mais esplêndido. O crepúsculo estava acontecendo e era possível ver o brilho laranja do sol nas montanhas.
Uma enorme piscina cercada pelo polido piso de madeira, a queda d'água de uma fonte feita de ouro — tinha certeza que era ouro—, e uma cadeira de praia onde estava deitado um sujeito elegante e visivelmente descontraído, cheio de tatuagens em seu corpo. O homem vestia camisa social branca, bermuda e chinelos, bebia gin na taça e usava óculos escuros, seu cabelo alaranjado estava caído na testa e seu rosto era alegre.
Assim que ele os viu, sorriu contente, batendo uma palma e levantou-se.
— Isso! Não me decepcionaram! — aproximou-se — Oi, Taetae..., e olá garotinha de Gimpo.
Emily engoliu em seco, o desconhecido piscou para o outro. Sua mente começou a juntar informações em uma adrenalina simultânea: Taetae: Taehyung... Lembranças falando esse nome naquela noite no hotel. Certamente aquele era mesmo homem, e gravaria aquele nome.
Taehyung a soltou devagar e após um suspiro, saiu sem dizer uma palavra.
Emily não ficou a sós com o estranho, tinha mais homens por ali, todos armados. Como alguém conseguia ter paz quando pessoas ao seu lado carregavam uma arma? Como confiar que eles não o matariam a qualquer momento?
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Nos braços do inimigo
RomanceTRAILER> https://www.youtube.com/watch?v=RZgK8-aoqB8 Ela voltou de um passado que Jungkook já havia se esquecido, trazendo consigo toda a dúvida que ainda vivia em seu coração do porquê havia a deixado viver naquela noite. Emily Kang estava indo...