Prisioneira

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EMILY ABRIU os olhos, mas tudo ainda estava escuro. Seu coração acelerou enquanto as lembranças voltavam à sua mente: o sequestro. Ainda estava viva? Não demorou muito para que tivesse certeza, visto que aquela dor em seus pulsos fortemente amarrados por uma corda era real demais para ser apenas um pesadelo. Sentiu ainda mais dificuldade para respirar quando a ansiedade dominou sua razão.

Escutou alguns sussurros e seu coração disparou. Estava sentada em algo bem confortável, lembrava o couro; alguma coisa mais acolhedora do que sua última lembrança fria.

— O-Oi... Quem são vocês? O que querem comigo? — questionou, mas sua voz era falha e chorosa. — Por favor, me deixem ir embora!

Medo.

— Quietinha. Não atrapalhe a viagem, estamos quase chegando — uma voz grave demais disse suavemente.

— Por favor! Isso deve ser um en-engano, tenho certeza disso!

— Quieta, Emily Kang — exigiu a voz, ainda suave. Suave demais, sem parecer se importar com o crime que cometia.

O sequestrador havia dito o seu nome. Não era mesmo uma coincidência ruim? A mulher quis chorar outra vez.

— Eu...

Calou-se assim que o saco preto foi puxado bruscamente de sua cabeça. A luz incomodou-a de início, porém percebeu que ainda enxergava muito bem. Olhou para o próprio corpo no intuito de verificar se tudo estava no lugar, mas ao se ver em uma situação daquelas, seu desespero aumentou drasticamente. Kang absorveu as informações. Haviam tantas janelinhas, bancos de couro, um espaço agradável e iluminado, as nuvens... Estava em um jato particular? Como isso era possível?

— Me dê o maldito pano, vou fazer ela dormir — pediu o mesmo desconhecido que falava com ela antes, meio entediado.

Aqueles cabelos loiros e volumosos, os olhos azuis como o céu... Emily já os tinha visto antes. Não! Não era dúvida, ela realmente já tinha cruzado com aquele homem. Ele estava no hotel cinco estrelas e havia se incomodado com sua presença sem uma razão óbvia, apenas por ela ter observado o grupo igual a todos os presentes no local. Seu coração gelou e a mulher arregalou os olhos.

— Você, eu lembro de você! Deus, só pode ser um engano! Me deixe ir para casa, por favor! — murmurou.

O homem se inclinou para a frente, ampliando a imagem de sua aparência marcante; a pele branca era levemente bronzeada, mas aqueles olhos eram inesquecíveis. Seu acompanhante, o qual a mulher não conseguiu ver quem era, lhe entregou um pano branco. O cheiro, de longe, era forte.

— O que vai fazer? — perguntou, assustada.

— Mantê-la em silêncio.

— Não! Por favor, não faça isso! — Fitou-o com medo. — Vamos conversar, eu tenho certeza que está cometendo um engano!

O estranho analisou Kang por um interminável momento, e então, após suspirar, apoiou as mãos no joelho.

— Tem algo a dizer? Você está me fazendo perder tempo, não gosto de ficar chovendo no molhado.

— Por que estão fazendo isso?

— Ordens da chefia. Limpar uma bagunça antiga, uma sujeirinha que ficou no caminho.

O homem levou o pano em direção ao rosto de Emily, mas ela virou a face, arfando.

— Não! Por quê? O que eu fiz? É por Jimin? Onde ele está? Querem o dinheiro dele?

— Você joga melhor do que imaginei.

Ela não o olhava, mas espremeu os olhos com medo.

— Não sei do que está falando... — murmurou, com as orbes vendadas de lágrimas.

Nos braços do inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora