Distância

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    Horas e horas. Quanto mais o tempo passava, mais ele parava, congelado enquanto a saudade destruía em seu peito. Emily olhou a janela do avião, a vasta imensidão de nuvens, as luzes da cidade distante, uma noite fria e solitária como ela.

O que aconteceria agora?

Só precisava dele mais uma vez, de seu carinho, de seus toques... Jungkook a odiava e nunca mais a olharia novamente, tudo que desejava era vê-lo, mesmo que demorasse, queria acreditar que aquilo aconteceria. Alisava sua barriga, ainda estava magra, mas podia sentir a presença dentro dela, o fruto do amor que sentiam um pelo outro... E que talvez agora somente ela sentisse.

Tinha sido cruel com Taehyung, e não poderia negar como aqueles olhos e mãos mexeram com seu coração, seu sorriso e até mesmo a forma em que ele enrubescia toda vez que estava ao seu lado... Mas não o amou, e jamais poderia ama-lo, seu coração já estava ocupado e não teria espaço.

Jungkook era tudo, desde o inicio, e agora a dor terrível era capaz de destruir toda sua esperança, nem mesmo a criança em seu ventre poderia traze-lo de volta.

As horas se passaram, continuaram sem fim... E Emily caia em sonhos doces, lá estava ele, enxugando suas lagrimas, a abraçando, a fazendo esquecer da dor: mas ela o feriu, Jungkook sofria por ela e tudo que tinha feito era chorar, nunca o agradecendo por protege-la.

Acordou, o avião já havia pousado na Coreia, foi uma viagem sem fim e sentia seu corpo cansado e dolorido. Levantou-se e desceu como todos os passageiros, Yoongi se despediu indo pegar um táxi para a sua casa, estava devastado, o seu emprego dos sonhos não passava de uma terrível ilusão, o poder era da máfia.

E então, restou apenas Emily e Jimin.

Se sentou ao seu lado no banco de trás do táxi, como moravam juntos - ele era o seu abrigo todos aqueles anos -, iam para o mesmo lugar... Mas Jimin estava quieto como um mortuário, não a olhava um segundo, estava longe e se afastava o quanto podia, sentiu que se ele pudesse pular para fora do carro, teria feito isso.

Estava constrangida, talvez estar gravida de um mafioso era uma completa vergonha... Ok, realmente era. Para Jimin, nada deveria estar fazendo sentido.

O condomínio era repleto de mansões com arquitetura moderna, onde do lado de fora era possível admirar o lustre de neve e ouro de dentro das casas.

Jimin pagou o taxista e desceu, ainda sem olha-la. Emily o seguiu, passaram pela garagem – cinco carros esportivos de milhões de dólares -, o esperou desbloquear a digital e entraram.

Moravam juntos, só os dois, de inicio, eram quatro, Jimin e seus pais, e Emily, que foi adotada ainda na adolescência.

Os pais de Jimin haviam ido aproveitar a melhor idade em Londres, e já faziam quatro anos que estava dando muito certo.

Emily parou no meio da enorme sala, e então sorriu com lagrimas nos olhos: ESTAVA EM CASA. Estava viva, segura, todo o pesadelo tinha acabado... Jungkook mais uma vez a salvava, graças a ele estava ali, e não poderia fazer nada para retribui-lo.

E o sorriso se apagou.

Jimin não estava mais ali, havia ido tomar banho. Emily fez o mesmo, podia contar os segundos, eles não pareciam passar. Ficou minutos sentindo a água rolar e então após terminar tudo, saiu. Abriu seu guarda roupa, finalmente ali estavam suas roupas confortáveis! Colocou a calça moletom e a regata, e não sorriu. Não sorriu como imaginou que sorriria ao estar ali.

Nos braços do inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora