Peguei você

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JIMIN ENTROU NO CARRO assim que o manobrista do hotel lhe entregou a chave. Emily permanecia em um silêncio terrível, o garoto ainda não conseguia descobrir se ela estava envergonhada com o acontecimento da noite anterior, ou era a tristeza por estarem a caminho de Gimpo.

A estrada estava quase vazia, o clima tinha melhorado o suficiente para as nuvens acinzentadas não cobrirem o céu azul, porém estava frio como qualquer manhã.

O caminho foi longo. A cidade do interior estava vazia, as casas tradicionais coreanas, eram afastadas e históricas. As ruas se encontravam desertas, até mesmo nos prédios e lojas não possuíam muitas pessoas.

Horas depois o sol já refletia pela cidade, o tempo tinha se passado devagar e Jimin estava, mais uma vez, exausto de tanto dirigir. Mesmo assim continuou o caminho até entrar na estrada de terra, avistou os campos abertos, a floresta mais à frente e, alguns quilômetros depois, o arco de entrada do cemitério de Gimpo.

Jimin olhou Emily antes de se aproximar o suficiente, era nítido a tristeza em seus olhos.

Estacionou o carro.

— Quer ir sozinha? — perguntou.

— Não. — O fitou — Por favor, vem comigo.

Jimin sorriu curto, não estava feliz de fato, aquele momento era muito difícil para Emily e ele, mais do que ninguém, sabia disso. Desceram do veículo quase no mesmo tempo, o loiro tirou os arcos de flores do banco traseiro e entregou algumas para Emily, pegando as que restaram. Por último a acompanhou em silêncio, respeitando a garota e o lugar silencioso com um toque fúnebre por possuir várias lápides uniformes. Depois de caminhar entre elas encontraram, no fim, a dos seus pais.

Deixou que Emily organizasse as flores sozinha, as lágrimas já desciam de seus olhos. Ficaram por muito tempo ali, juntos. Jimin a abraçou e Emily chorou copiosamente, com o objetivo de acalmá-la, o garoto beijou o topo de sua cabeça e suspirou entristecido. Faria o possível para ajudá-la, sempre.

Após um tempo, Emily decidiu que estava pronta para ir embora, combinaram de almoçar antes de seguir viagem outra vez. A garota já não tinha vontade de ficar em Gimpo, era doloroso demais.

— Podemos pegar o aeroporto? Pago alguém para buscar o carro. — sugeriu.

— É um ritual ir e voltar de carro. — disse, serena.

Jimin respirou fundo, se espreguiçando.

— Aaah... Sério? Hmm, então que seja mais um longo caminho pela frente. Será que eu aguento dirigir tanto assim?

— Podemos revezar o volante. — sugeriu.

— Tenho medo de você dirigindo.

— Eu também, mas não custa tentar.

— Se algo acontecer, você assume. — disse com graça.

Emily o acompanhou e juntos entraram no carro. Jimin arrumava o retrovisor quando notou o caminhão não muito grande parado atrás deles, na rua da frente. Era estranho porque não estava ali antes, aliás, não tinha quase nenhuma rota naquela direção de Gimpo.

O Park decidiu ignorar e ligou o carro, dando partida e prosseguindo pela estrada de terra até o centro da cidade.

— A cidade é sua, me diz um restaurante bom por aqui.

— Só continua em frente, eu te aviso quando lembrar de algum... Talvez o mais próximo esteja quarenta minutos daqui! — riu.

— Uhh, que bacana... — suspirou, dando uma risada cansada por fim.

Jimin prosseguiu, meio tempo depois, tentava não voltar ao assunto, mas aquilo estava titubeando em sua cabeça. Não era bom lidando com sentimentos alheios, aliás, mal sabia resolver os próprios.

— Como está se sentindo?

— Aliviada, muito aliviada.

— Que bom... Emily, estou decidido! A partir de hoje sempre virei com você em Gimpo. Sempre! — A olhou por um instante, garantindo suas palavras. — Eu prometo.

O caminhão se aproximou ainda mais do carro, Jimin voltou a atenção depressa e sem demora abriu passagem, porém o mesmo o acompanhou, virando para a direita e mantendo-se em sua cola. Não era possível ver nada além do parachoque do caminhão quase encostando em seu vidro traseiro.

— Sério? O que esse cara quer? — reclamou sozinho, acenando pela janela — Hei! Passem logo! — resmungou, revirando os olhos.

O caminhão então acelerou passando por eles, rápido o suficiente para levantar terra e dificultar a visão da estrada.

— Aiigo... O que esse cara está fazendo? — disse, atravessando, se apressando em fechar a janela.

— Jimin!

O garoto olha para frente e freia bruscamente, em uma curva com derrapagem, teve o caminho todo impedido pelo caminhão. Franziu o cenho, aquela altura já sabia que isso não era normal.

Emily tirou o cinto e se inclinou para tentar enxergar através da poeira, mas assim que a terra abaixou, notou que a tampa da carroceria do caminhão se abriu e teve uma surpresa muito desagradável.

— Minha nossa... — murmurou ao sentir o coração disparar.

Antes que pudesse gritar escutou o primeiro tiro, Jimin tentou dar ré, mas parou ao notar que sairia morto com tantas armas apontadas em sua direção. O carro era ótimo, mas não a prova de balas. Maldita hora que ignorou o conselho de seu pai em comprar um blindado.

Eram sete homens com máscaras pretas, apontando suas armas de calibres enormes na direção de ambos. Jimin olhou para Emily, a mesma não conseguia nem piscar. Segurou a mão da garota e ela finalmente o olhou.

— Não importa o que aconteça, eu vou te salvar. — disse, sério demais — Eu te amo.

Emily assentiu com a cabeça e então o primeiro tiro ecoou em seu vidro, não acertando Jimin por pouco. Uma chuva de estilhaços caiu dentro do carro quando nocautearam a janela do passageiro, em seguida abriram a porta em uma habilidade impressionante. Tudo ocorreu em poucos segundos, Emily foi retirada com toda brusquidão de um homem de quase dois metros.

Escutou o protesto furioso de Jimin, mas logo não pôde enxergar nem processar mais nada, pois um pano preto foi colocado em sua cabeça antes de ser arrastada para dentro do caminhão, tropeçando em seus calcanhares, empurrada para o frio extremo. Teve certeza que seria morta ou algo pior do que isso, qualquer consequência tortuosa.

Jimin desceu do carro e correu para impedi-los, mas foi atacado. Em uma luta braçal com muitos homens, era impossível vencer por muito tempo. Havia tentando te tudo, ido além de sua capacidade o custou um preço alto, pelo qual não o pouparam.

O cano da arma acertou sua cabeça e então caiu no chão de terra, tudo girava e seu corpo não respondia mais seus impulsos.

Antes de apagar, seu último pensamento foi desejar salvá-la.



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Capitulo Revisado com o apoio da Wonderful Designs, Beta-reader MazeQueen 

Nos braços do inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora