Eu quero ser seu

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FORAM DOZE HORAS, doze horas em que Emily se viu presa em um avião ao lado de um desconhecido que a salvou de um sequestro: a sequestrando também.

Emily podia afirmar que estava em um filme e o roteirista era maluco, onde, por engano, estava sendo perseguida por mafiosos. Imaginava que os boatos sobre o assassinato de seus pais fossem verdade, relacionado-os ao tráfico, mas não faria sentido nenhum quererem ela: Emily não representaria nada em uma altura como àquela.

Estava prestes a surtar, quando o que antes só eram nuvens se tornou uma gigantesca construção e uma pista para pouso. Finalmente, estavam descendo.

Sorriu aliviada. Terra firme! Antes mesmo de Jungkook já estava em pé, ele a olhou e semicerrou os olhos, fazendo um sinal para que ela se sentasse com os dedos.

— Ei, péssima hora para levantar.

— Mas, chegamos, não é?...

Sentiu o tremor e quase caiu, mas conseguiu se segurar no banco, sentando-se novamente. Revirou os olhos quando escutou a risada que ele tentou abafar no próprio braço. Idiota, nada estava sendo engraçado...

O avião desceu e tudo pareceu uma eternidade, estava ansiosa, não via a hora de sair de dentro.

Assim que pousou, estacionando ao solo e abrindo a porta com a escada para descer, se levantou novamente.

— Vamos? Eu quero... sair daqui!

— Vá na frente — respondeu sem olhá-la.

— Vamos juntos — insistiu. — Não vou cair nessa de "vá na frente" e seja abandonada lá fora... Vamos. Agora. Já podemos descer...

— Não e não. Agora, saia e depressa.

Ficaram se olhando por um tempo, estava indignada até enrubescer com a força dos olhos avelãs e sem vida sob o dela. E, então, passou por ele, esbarrando em seu braço, porque seria impossível fazer isso em seu ombro com sua altura.

A aeromoça particular esperou que Emily descesse do avião. Estava sem dinheiro, sem documentos e com a mão vazia, assim que seu tênis encostou no chão, lembrou que aquele era outro país.

Se encolheu. Seu inglês era péssimo.

Colocou a mão na testa, protestando baixinho.

Iria chorar. Aquilo estava ficando sem controle.

Jungkook apareceu na escada vinte minutos depois, quando as lágrimas de medo já desciam pelo seu rosto. Se virou e o aguardou, tremia, assim que o notou fechar a porta de aço atrás de si com pressa e descer os degraus igualmente, assustou-se.

Carregava apenas a mala com a alça no ombro.

— E as outras malas? — perguntou assim que ele se aproximou.

Não são minhas — respondeu depressa.

Notou então que sua camisa social branca, antes impecável, estava cheia de sangue. Arregalou os olhos chorosos.

— O que houve? Você está feri...

— Vamos! — Agarrou seu pulso e a puxou para correr junto a ele.

"O que estava acontecendo?", perguntava sem parar, mas Jungkook a ignorou, apenas fechou o terno escondendo o sangue e adentraram juntos o aeroporto movimentado. Pessoas totalmente diferentes, traços diferentes. Sabia que não estava mais na Coréia do Sul, era verdade desde o início, estavam na Itália.

Jungkook foi abordado, mas logo abriram passagem assim que ele mostrou seus documentos. Falava italiano com a polícia, explicando provavelmente o motivo de sua pressa — coisa que nem ela mesma sabia —, e continuaram em frente, agora ele só dava passos largos, enquanto Emily corria para acompanhá-los.

Nos braços do inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora