Nos braços do inimigo

Meu desejo, seu segredo

EMILY SENTIU O CALOR envolver seu corpo, despertando lentamente. A cama era tão confortável, o calor aconchegante... mas que calor era esse? Sentiu-se como uma criança, a carícia em seus cabelos arrepiando sua espinha, aninhando-se ainda mais nos braços fortes.

Seria Jimin? Acariciou o peitoral... abriu os olhos, o aroma amadeirado e de menta, as tatuagens no braço... Não era Jimin, com certeza.

Levantou-se assustada, mas ele não acordou. Jungkook dormia seminu na cama, e ela não se lembrava de quando tinham se deitado juntos — sua última lembrança era de ter ido descansar enquanto ele tomava banho.

Ao olhar para si mesma, percebeu que ainda vestia uma enorme camisa preta e sua calça jeans apertada, sua pele marcada. Piscou algumas vezes antes de sair da cama com cautela; não queria acordá-lo, era muito mais fácil conviver com Jungkook daquela forma.

Não tinha nada para vestir. Nenhum pertence pessoal.

Suspirou ao ver a mala enorme jogada sobre o sofá, lançando-lhe um olhar antes de abrir o zíper e vasculhar seu conteúdo. Se surpreendeu com o brilho prateado: armas, várias, cada uma diferente da outra, estavam no bolso principal.

Fechou os olhos e controlou o pânico.

Aquilo era definitivamente um pesadelo.

Abriu o segundo zíper, vasculhou e encontrou dinheiro: muito dinheiro, o suficiente para fugir sem que ele soubesse.

No entanto, ela não faria isso. Estaria assinando sua sentença. Seja o que fosse, ainda era uma vítima e encontraria uma forma melhor de escapar daquilo tudo. Ao examinar o bolso do dinheiro, em um local escondido, encontrou uma foto e, ao tirá-la, franzia a testa, tentando entender por que era tão familiar.

Aquele rostinho oval e os cabelos em corte de índio; o jovem garoto estava sorrindo.

Ela tinha certeza de que tinha visto aquela criança. Ao seu lado, havia um homem igualmente familiar: branco, alto e loiro, de ascendência coreana, mas seus traços eram mais distintos, as covinhas marcantes em seu sorriso.

— Eu... Eu já os vi... — Tentava se lembrar.

Contemplava a foto e, quando o primeiro lampejo de memória surgiu, viu-se sentada na cadeira do hospital, sua mãe trajando um jaleco enquanto verificava os batimentos cardíacos de uma criança.

Aquele menino na foto...

Chutava suas sandalinhas incessantemente, entediada como qualquer garotinha daquela idade estaria ao acompanhar mais um dia de trabalho de sua mãe.

— Emmy, pode ficar com ele, está bem? Conte algumas historinhas; ele está muito abatido. — Sua mãe agachou-se à sua frente, ajustando uma das trancinhas.

Emily assentiu com a cabeça, sorrindo.

— Sim, mamãe... Mas, o que aconteceu?

— Ele perdeu os pais... Tornaram-se anjos.

— E aquele homem? — Apontou para o homem adormecido no sofá, do outro lado da maca. — Ele não é o papai?

— Não, o senhor Namjoon está apenas cuidando dele. O nome do garoto é Jungkook...

A foto escapou de seus dedos de uma vez só.

Jungkook a colocou cuidadosamente na mala, sua respiração ainda pesada. Enquanto isso, Emily permanecia imersa em suas antigas lembranças.

— O que pensa que está fazendo? — ele rosnou.

— Eu...

— Não toque nessa foto. Nunca! — A voz dele soava fria como gelo.