Silena me acordou apressada; eu estava quase atrasada para a aula e para a prova do vestido. Sem reclamar, levantei em silêncio e fui para o banheiro, ainda sonolenta. Não me surpreenderia se tivesse dormido durante o banho. Quando saí, as três já estavam com o vestido, prontas para me vestir. Só consegui respirar quando finalmente o colocaram. Era um azul escuro com um decote um pouco ousado, brilhante o suficiente para se destacar em meio ao rosa predominante. Elas discutiam sobre a maquiagem enquanto o tiravam de mim.
Depois, vesti um vestido branco com flores rosa e desci para o salão onde normalmente fazia as aulas. Iris me ajudava enquanto minha professora explicava. Até que era divertido. Estávamos estudando a Terceira Guerra Mundial e a formação das novas nações. Eu tentava entender o conceito de democracia antiga e como, em alguns países, essa política acabou falhando, levando a crises, guerras civis e, finalmente, ao fim da guerra, com a criação da LDNN, organização responsável por impedir novas guerras. Curioso como, após tudo isso, muitos países voltaram a ser monarquias.
Vivemos sem castas antes... por que não podemos agora? Bastaria evitar os mesmos erros.
Foram seis horas de estudo intenso. Tinha, ainda, três livros de tarefa de casa. Peguei minhas coisas e subi para o quarto. Assim que cheguei, fui direto para o banheiro. A banheira quente, com aroma de baunilha, me custou trinta minutos. Depois, vesti um roupão e me sentei no meio do quarto. Fizeram minhas unhas, meu cabelo e a maquiagem.
Quando faltavam trinta minutos para o evento, colocaram o vestido em mim. Quando me olhei no espelho, me senti linda, poderosa, mas o melhor de tudo, ainda era eu.
Desci as escadas e percebi que atraí muitos olhares no salão. Porém, Percy parecia não ter notado, o que desapontaria Calipso e Silena. Olhei em volta e vi várias meninas vestindo rosa em tons diferentes. Uma delas, Kelli, me olhava com intensidade. Rachel se aproximou de mim, com seu vestido verde claro, volumoso e bonito.
— Rachel, você está linda! — elogiei.
— Obrigada, Annie. Você está deslumbrante! — ela retribuiu.
— Eu preferia ter vindo de rosa.
— Mas o azul fica incrível em você! — disse Reyna, que se aproximou com um vestido rosa quase vermelho.
— Prefiro não ser "linda" ou, melhor, não chamar atenção.
Rimos e nos sentamos. Piper estava ao meu lado, usando um vestido creme com flores vermelhas.
— O jornal começa em cinco minutos! — avisou um dos câmeras. Olhei em volta e vi Sally conversando com Zeus, Hades dando instruções aos funcionários, Percy falando com Grover, e as meninas cochichando. Kelli nos olhava de um jeito assustador. Troquei olhares com ela e dei um sorriso debochado. Ela revirou os olhos e voltou a encarar o palco.
— 5, 4...
Eu me ajeitei na cadeira, o programa ia começar.
— 3, 2, 1...
Grover começou a apresentação, passando a palavra para Zeus, que deu as notícias. Houve menções aos rebeldes, à economia e à possível volta do Rei Poseidon.
— Agora, como prometido — começou Grover —, teremos um segmento com as selecionadas. Faremos perguntas a elas. Chamarei seus nomes e elas responderão tudo para vocês. Vamos começar! — Ele folheou alguns papéis. — Senhorita Anitta Rodriguez.
Dezessete meninas foram entrevistadas. Todas falavam sobre a honra de estar ali e como se sentiam livres. Clarrise, perto de nós, resmungava e imitava cada uma, nos fazendo rir.
— Senhorita Annabeth Chase — chamou Grover. Levantei, apertei sua mão e me sentei. — Me disseram que foi a primeira a ter um encontro com o príncipe.
— Sim, perdi uma aposta — expliquei, sorrindo.
— Uma aposta? Interessante! E como ele se comportou?
— Ele foi... educado — hesitei antes de responder.
— Educado? Príncipe Perseu, o que pode nos contar sobre isso? — Grover pediu, e Percy sorriu brincalhão.
— Ela me chutou! — ele disse, rindo. Fechei os olhos, temendo a reação de todos.
— Ela o chutou? — Grover parecia chocado. Abri os olhos e encarei Percy com um olhar de "seu traidor".
— Faça ela contar — sugeriu Percy.
— Senhorita Annabeth, poderia nos explicar?
— Ele chegou perto demais, então me precavi. Minha madrasta deve estar furiosa — brinquei, e Grover me olhou surpreso.
— Sua madrasta?
— Sim, moro com meus dois irmãos, minha madrasta e meu pai.
— Não conhece sua mãe? — Ao ouvir isso, meu sorriso sumiu. Zeus me observava com curiosidade, e os outros olhavam para mim com pena.
— Não — suspirei.
— Sinto muito. Pelo que sei, você vem da casta mais baixa. Acha que isso importa para o príncipe?
— Percy não liga para castas, muito menos para números.
O salão ficou em murmúrios. Grover pareceu hesitar, e Hades me olhou, confuso. Agora, ninguém achava graça. Eu revivi minhas palavras, tentando entender se havia ofendido alguém. Então percebi: havia chamado o príncipe de "Percy". Ninguém fazia isso.
— Parece que alguém está bem próxima do príncipe — Grover comentou, voltando ao normal. — Foi um prazer conversar com você.
Voltei para meu lugar ao lado de Piper e troquei olhares com Percy, tocando a orelha. Ele retribuiu o gesto.
• • •
Foi um jornal longo, e eu estava exausta. Resolvi não jantar e fui direto para o quarto.
— Você foi incrível, senhorita — Sam disse assim que entrei.
— Obrigada, mas agora... podem me deixar sozinha?
— Claro — disse Silena, saindo com as outras. Elas sabiam que Percy viria.
Fiquei sozinha e abri a porta da sacada, deixando o vento bater no meu rosto. Era tranquilizante. Nem percebi quando Percy entrou, até vê-lo ao meu lado.
— Desculpa — foi a primeira coisa que eu disse.
— Desculpa? Pelo quê?
— Por ter te chamado de "Percy"...
— Eu gosto quando me chama assim. Não me importo com o que eles pensam.
Eu ri e olhei para a frente, os muros bloqueavam a vista da floresta ao redor. Percy me observava.
— Gosto da sua risada.
— Ah, por favor, pare.
— É sério!
Olhei para ele, incrédula, mas ele tinha aquele sorriso bobo. Não consegui evitar sorrir também. Ele se aproximou, e embora eu quisesse me afastar, meu corpo não obedeceu. Estávamos a centímetros de distância. Ele parecia calmo, mas nervoso ao mesmo tempo. Sabia o que estava prestes a acontecer, mas por que não recuei?
Percy se aproximou um pouco mais, como se esperasse permissão. Eu não aguentei a enrolação e o beijei. Não sabia o porquê, mas eu precisava daquilo. Foi um beijo calmo, com uma energia estranha que nos conectava. Levei minha mão à sua nuca e ele me puxou pela cintura, eliminando o espaço entre nós.
— Cadê meu sobrinho preferido? — disse uma voz feminina. Nos afastamos bruscamente. Era uma mulher de cerca de 40 anos, com cabelos ondulados e morenos, pele bronzeada, e vestindo um vestido verde com detalhes de penas de pavão.
— Tia Hera... — Percy murmurou.
— Sinto muito! Oh, meus deuses, interrompi vocês...
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Seleção | Percabeth
Fanfiction"Não sou uma princesa, não sou uma um e nunca usarei a coroa" Frase que Annabeth sempre dizia, mas mesmo assim se inscreveu na seleção sendo selecionada, na cabeça dela aquilo era bobagem, por um deslize do destino, Perseu Jackson e Annabeth Chase s...