Capítulo 4

5.2K 412 100
                                    

– É isso – Maya sussurra segurando meu braço e me puxando sutilmente para fora da cadeira. Acompanho suas ações e aguardo, confusa. – É isso aí que eu esqueci de te contar: a hora em que os ditadores do inferno saem para fazer festa.

Observo enquanto três garotos caminham pelo chão de mármore do refeitório como se estivessem em um tapete vermelho. Apesar de ignorarem todo mundo, não é necessário muito esforço para saber que gostam da atenção.

O primeiro a passar por nós é um loiro muito bonito e famoso. Tira o fôlego de várias meninas conforme vai andando, mas definitivamente não é o meu tipo.

– Esse é o Lorenzo Calvacante, – Maya volta a sussurrar para mim, sem tirar os olhos do loiro. –, o prodígio do cinema. Não tem como não o conhecer já que fez dezenas de filmes, apesar de hoje em dia estar dando uma pausa para as pessoas esquecerem das dezenas de escândalos em que se meteu e as merdas que fez. Ele é filho único de um político extremamente bem-sucedido e de índole duvidosa – Maya o espera se afastar um pouco e acrescenta: – Ou seja, o pai é corrupto pra caralho.

Não tenho tempo nem de comentar sobre ele porque, logo em seguida, fico tão chocada que sinto que vou desmaiar:

O próximo garoto que passa por nós é o mesmo que eu tive uma discussão no dia anterior.

Puta merda. Isso não pode estar acontecendo. 

– Esse é o Sebastian Heroux – Maya comenta baixinho. –, líder da banda Dirty Sins e o comedor ambulante do Instituto. Pega todas as garotas que conseguir desde que elas se pareçam com supermodelos. Ah, e é claro, depois joga elas no lixo e parte para as próximas vítimas.

Um pouco antes de passar em nossa frente, ele me nota. Imediatamente abaixo a cabeça, evitando olhá-lo. Ele não pode lembrar de mim.

Eu me recuso a me ferrar tão rápido assim.

– Sienna – Maya aperta meu braço. – Ele estava olhando pra você. Sebastian Heroux, deus do anti-amor, estava olhando pra você.

Finalmente levanto a cabeça, esperando que ele já tenha passado.

– Não era pra mim – Solto secamente, lembrando da sua arrogância de ontem. – Com certeza não era pra mim.

Antes que Maya pudesse discordar, sinto meu coração parar de bater. O ser humano mais lindo que eu já vi começa a passar na minha frente. Não consigo parar de olhá-lo. De observá-lo como se não fosse apenas um garoto, mas algum tipo de semideus inalcançável para meros mortais como nós, feitos apenas para admirá-lo de longe.

O seu cabelo é desajeitado e cheio em um preto reluzente tão bonito que tenho vontade de passar a mão apenas para senti-lo entre os meus dedos. Os olhos parecem cristais de tão claros, mas são duros que nem concreto. Seus traços bem definidos, mas harmoniosos como se ele realmente tivesse sido desenhado antes de nascer, combinam com o seu corpo e estatura.

E, ao se aproximar de mim, consigo ver melhor os detalhes de seu rosto: ele tem dois piercings prateados e redondos acima da sobrancelha esquerda. No lado direito da boca na parte inferior do lábio, outro piercing de argola preto complementa seu rosto. Brincos de cruz nas orelhas, uma tatuagem que cobre a maior parte do braço direito e outra no pescoço, quase ultrapassando a linha do maxilar abaixo da orelha, gritam "perigo".

Apesar de todos os enfeites colocados especialmente para mandarem a mensagem de "fique longe e não se meta comigo", por baixo de tudo ainda tem uma carinha de garoto.

– E por último, esse é Isaac Sidorov, o maior filho da puta que eu já vi e o melhor dançarino do Instituto. – Maya sussurra, tão hipnotizada quanto eu. – E não é à toa, já que a mãe dele é a brilhante Yelenna Sidorov. Como se já não bastasse ele ter a beleza dela, com certeza pegou o seu talento também.

Prodígios de EliteOnde histórias criam vida. Descubra agora