Capítulo 12

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Isaac

– Acho que a gente devia chamar um médico? – Sebastian pergunta pra Lorenzo sem se importar que eu escute. – Já faz mais de meia hora que ele está assim.

Ando de um lado para o outro da suíte enquanto milhares de pensamentos correm por minha mente me dizendo o que fazer.

E mesmo assim, eu ainda não faço ideia.

– Não – Responde Lorenzo finalmente parando de olhar para mim e se encostando na jacuzzi, tragando seu vape. – Quero ver no que isso vai dar.

Paro repentinamente de andar. Com a cabeça para baixo, falo mais para mim do que para eles:

– Sienna Veiga, Sienna Veiga...

Repentinamente, uma almofada voa no meu rosto.

– Você não consegue pensar em mais nada além dessa vadia? – Sebastian se encosta perto da jacuzzi, mas não entra.

Nem consigo me incomodar. Deixo uma risada incrédula escapar, me lembrando da nossa conversa mais cedo.

– Vocês sabem o que ela me disse? – Me viro na direção dos dois. – "Eu não sou a porra do seu cachorro".

Sebastian começa a rir e Lorenzo abre um sorriso, ambos nitidamente gostando do meu desconforto.

– Essa aí está quase mais difícil que você – Provoca Sebastian, puxando o vape de Lorenzo e dando uma tragada. – Acho que ela disse uma coisa parecida pra mim.

Minha cabeça parece que vai explodir. Me jogo na enorme cama no meio da suíte e fecho os olhos, tentando pensar em qualquer outra coisa para variar.

Mas não funciona.

Quando fecho os olhos, a única coisa que vejo são olhos castanhos claros, um nariz pequeno que se franze quando está bravo e lábios avermelhados cheios.

Só vejo Sienna. De olhos abertos, fechados, acordado, dormindo... ela parece ter grudado em minha mente como a porra de um parasita.

Pra completar, sua voz ecoa na minha cabeça em um replay de "eu te odeio, Isaac Sidorov".

Abro os olhos.

Não, não é humanamente possível eu estar incomodado com o fato de ela me odiar. Eu também a odeio. Pra caralho.

Mas alguma coisa nela eu não odeio. Alguma coisa dela me enlouquece de um jeito que nunca achei que fosse possível. Da última vez que fiquei muito próximo dela coloquei a minha mão em sua cintura e quase achei que não ia mais conseguir tirar, sendo que eu a coloquei ali justamente para fazer uma barreira entre o seu corpo e o meu.

Eu precisava controlar minha vontade de grudar sua pélvis contra a minha. De senti-la.

Meu Deus. Eu preciso parar com isso. Sinto que vou morrer desse jeito.

Pulo da cama e vou em direção ao alvo de dardos do outro lado da suíte. Pego os dardos e os atiro no alvo, tentando extravasar minha angústia, raiva, desconforto ou qualquer merda que eu esteja sentindo.

– Tudo bem – Lorenzo começa enquanto levanta da jacuzzi e enrola uma toalha em sua cintura. –, está na hora de acabar com essa palhaçada. Já nos divertimos o suficiente com ela e precisamos parar de pegar leve.

– Ela acha que pode me enfrentar – Atiro um dardo com força. – Ela realmente acredita nisso.

– Bom, está na hora de mostrar que isso não é verdade, Zac. – Retruca Lorenzo. – Talvez você devesse ter deixado aqueles garotos terminarem o serviço com ela.

Paraliso com um dardo na mão. Eu só posso ter escutado errado. Me viro em sua direção e começo a andar, sem conseguir me controlar.

– Isaac! – Sebastian se coloca na minha frente e me segura, me impedindo de chegar até ele. – Qual a porra do seu problema? Você ia bater nele?

– Por acaso você escutou o que ele disse? – Rebato sem tirar os olhos de Lorenzo, que me encara com o rosto indecifrável.

– Sim, e você sabe que ele só fala merda – Retruca. – Mas bater nele? Essa garota deve estar mexendo pra caralho com a sua cabeça.

Eu o empurro para trás, me soltando dos seus braços.

– Não – Minto. – Vocês mais do que ninguém sabem como eu me sinto em relação à esse tipo de violência. Prometi pra mim mesmo e pra minha mãe que nunca deixaria isso acontecer, com ninguém. – Respiro fundo e volto a encarar Lorenzo. – E eu não vou tolerar isso nem dos meus melhores amigos.

– Sinto muito – Fala Lorenzo, suavizando sua expressão. – Eu tinha me esquecido disso por um segundo. Não foi o que eu quis dizer.

Não respondo.

– Eu só estou puto porque não aguento ver você assim – Continua ele. – Ela está acabando com o Instituto e com você. Precisamos fazer alguma coisa e tirar essa desgraçada de perto de nós o mais rápido possível.

– Com isso eu concordo – Sebastian entra na discussão.

– E eu acho que já sei como – Acrescenta Lorenzo.

Ele anda até uma mesinha no canto da suíte e começa a mexer em um iPad, procurando por alguma coisa. Eu e Sebastian nos encaramos, ambos sem nenhuma ideia do que quer dizer.

E então, um sorriso se abre no rosto de Lorenzo.

– Se isso aqui não destruir ela, então mais nada vai – Fala.

Ele anda até mim e entrega o iPad, Sebastian se aproximando para ver do que estamos falando.

Um calafrio percorre meu corpo. Isso não pode ser verdade.

– Meu. Deus. – Pronuncia Seba, completamente em choque. – Lorenzo, você é um gênio. Um gênio do mal, mas definitivamente um gênio.

Um turbilhão de emoções me consome. Parece bom demais pra ser verdade, mas ruim demais ao mesmo tempo. Por um segundo, duvidas brotam em minha mente: "será que eu devia espalhar isso? Será que não estou passando dos limites?"

"Será que vou cometer um erro?"

Mas então, outra coisa brota em meus pensamentos: "Eu te odeio, Isaac Sidorov." O soco, os xingamentos e a falta de respeito dela varrem como um tornado minha mente, me inundando outra vez de ódio e acabando com qualquer dúvida que antes eu pudesse ter.

Não importa o quão gostosa seja, eu não vou deixar essa garota raivosa me vencer.

Um sorriso se espalha em meus lábios e ambos meus amigos me encaram, percebendo que uma nova ideia acabou de surgir.

– Irmãos – Começo. –, está na hora de darmos nossa festa anual em Titanos. E esse ano, máscaras.

Sorrisos também se abrem em seus rostos, começando a me entender.

– E dessa vez, eu vou destruir Sienna Veiga de uma vez por todas. Vou derrubá-la e garantir que não reste mais nada para levantar de novo.

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