Capítulo 9

5K 410 84
                                    

Se as coisas não estavam fáceis antes, agora estão um milhão de vezes pior. Conforme ando pelos corredores do Instituto, conversas cessam e dão lugares a cochichos e sussurros, com olhos que parecem me seguir para todo lugar. O olhar de repulsa como se eu tivesse algum tipo de doença contagiosa e de curiosidade como se eu fosse um animal exótico, começaram há pouco tempo e já detesto.

Rumores ridículos sobre mim também circulam tanto dentro quanto fora do colégio, nas redes sociais. Maya me ajudou a criar um Instagram logo no meu primeiro dia no Instituto e já estou pensando em desativá-lo. Nunca recebi tantas ameaças de morte e ofensas na minha vida, dizendo que sou uma puta pobre e mereço morrer.

Tento não ligar, mas sempre que fico sozinha começo a chorar. Não consigo segurar.

Maya não vai frequentar as aulas essa semana, prefere esperar a poeira baixar. Mas eu sou bolsista e se não manter minha média acima de 8, posso perder minha bolsa. E eu não posso me dar esse luxo.

– Cadela podre – Um garoto fala ao passar do meu lado com os seus amigos, que riem.

Respiro fundo e reviro os olhos, me controlando para não ir bater nele.

Me dirijo até a sala de dança e, antes de entrar, consigo escutar uma conversa entre algumas dançarinas.

– Sim, não consigo entender... ela é boa demais para uma bolsista. E também não se parece com uma.

– Concordo – Diz um dançarino – Mas é quase impossível entrar aqui sem ter dinheiro. Na verdade, eu soube que ela era uma garota de programa antes de vir pra cá. Talvez ela tenha dado pro diretor também em troca de uma vaga e bolsa aqui.

– Que nojo. Ela precisa ir embora antes que estrague a imagem de todos aqui no Instituto. Se as outras escolas ficarem sabendo disso, como acha que vão nos tratar?

– Garota de programa? – Um menino entra na conversa. – Vocês acham que se eu der 100 reais pra ela, ela me oferece os seus serviços?

Um silêncio toma conta do ambiente.

– Qual é o seu problema? – Uma das meninas reclama.

– Qual foi, garotas – Outro menino se mete. – Ela pode ser tudo isso, mas ainda assim é gostosa.

Meus olhos começam a arder, mas eu tento segurar o choro.

Acho que não vou conseguir dessa vez. Que se foda. Me viro para ir até o banheiro, mas bato com a cabeça no peito de alguém.

– Desculpa, eu... – Começo a falar, mas assim que vejo em quem trombei fico quieta.

Isaac Sidorov me encara com um sorriso de canto no rosto. Ele com certeza escutou tudo que falaram sobre mim e ficou me assistindo escutar também. E agora que viu que conseguiram me fazer chorar, não podia estar mais satisfeito.

Sem falar nada, me espera desviar. Como sempre, ele se recusa a ser o primeiro a mudar o caminho. Se recusa a ser o inferior.

Cerro o maxilar e choco meu ombro contra seu braço, puta da cara. Como eu o odeio.

Então, toda a tristeza que eu estava sentindo é substituída pelo ódio.

Automaticamente me viro novamente e entro na sala de dança, revigorada.

Todo mundo fica em silêncio, até que Alexander chega e a aula finalmente começa.

Estou nitidamente ainda melhor na dança. Depois de treinar todos os dias horas antes de dormir, era o mínimo. No momento, dançar é tudo que eu tenho. Também é o que eu mais amo e o que mais me faz feliz, então não é um sacrifício tão grande pra mim. Na verdade, acho que é a única coisa que está me mantendo em pé até agora.

Prodígios de EliteOnde histórias criam vida. Descubra agora