Prodígios de Elite

Capítulo 5

– E como foi sua primeira semana de aula, filha? – Meu pai pergunta por telefone, querendo saber a maior quantidade de coisas antes que o seu limite de tempo estoure.

– Estou muito feliz pai – Respondo enquanto analiso a minha volta, conferindo se Maya está me esperando para almoçarmos. – O Instituto é incrível e a minha nova amiga também. Queria que você pudesse ver tudo comigo.

Um pequeno silêncio toma conta do outro lado do telefone.

– Eu sei, eu também – Diz ele, por fim. – Mas você sabe que já está acabando aqui, e eu finalmente vou poder ficar com você e Ângela. Aguenta só mais um pouco, tá bom? Estou com saudades.

– Eu também estou com sauda... – Antes que eu conseguisse terminar, a linha corta.

Atingimos o limite de tempo.

Respiro fundo, me acalmando. Como eu queria poder falar mais com ele. Uma vez por dia nunca foi o suficiente para nós.

– E aí, Sienna? – Maya se aproxima de mim, vendo que já terminei a ligação. – Tudo bem? Sua cara não está muito boa.

– Está sim, eu só sinto muita saudade do meu pai. Só isso.

– Vocês são muito próximos? – Pergunta ela cruzando seu braço no seu e me guiando em direção ao refeitório.

– Pode se dizer que sim – Ela me olha confusa e eu acrescento: – Ele mora meio... longe. Mas tirando isso, somos inseparáveis.

– Que inveja. Meus pais só ligam pro meu irmão mais velho, que também mora longe, no exterior. E não me leva a mal, eu amo muito meu irmão, mas... – Ela parece querer adicionar algo, mas se proíbe de continuar. – É complicado. Onde mora o seu pai?

– Também é complicado, mas... – Antes que eu pudesse terminar, um grito muito alto ecoa pelos corredores.

– O que foi isso? – Me viro para Maya, assustada.

– Ah, não... – Ela aperta mais forte meu braço, nitidamente em pânico. – Começou.

– O quê... – Sou puxada com força para o grande pátio aberto antes do refeitório, sendo amontoada junto com todos os outros alunos.

Levanto a cabeça, tentando enxergar o que acontece no meio da roda de pessoas que parece causar tanta confusão assim.

– É bolsista! – Alguém grita do outro lado. – O bolsista tentou denunciar os Prodígios de Elite!

Imediatamente murmúrios e sussurros invadem o pátio, como se algum crime capital tivesse sido cometido.

– Bolsista? – Uma pessoa próxima comenta. Maya e eu nos olhamos, assustadas. – Nem fodendo. Pensei que tinham parado de vir depois da última vez. E vir pra fazer merda ainda...

– Pelo visto não pararam de vir – Outro rebate. – E agora vão pagar o preço por acharem que têm o direito de aparecer aqui e tentarem mudar a ordem das coisas. Bem-feito.

Meu coração dispara. Tomo coragem e ergo a cabeça, finalmente conseguindo enxergar o meio da roda.

E, pela primeira vez, escuto a voz de Isaac Sidorov:

– Você achou mesmo que nós não te descobriríamos?

Sebastian e Lorenzo prensam um menino com uniforme amarelo (artes plásticas) de joelhos no chão, impossibilitando-o de fugir.

– Me diz – Isaac se abaixa lentamente, se colocando na altura do pobre garoto. – Você acha que nós somos burros? Acha que pode simplesmente vir aqui, enganar todo mundo e não ser pego?