Capítulo 40

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Isaac e eu passamos a maior parte do dia treinando. Mesmo ele estando acordado há mais de um dia e eu estar com os pés cheios de bolhas, não podemos mais perder tempo. Depois da conversa que tive com o meu pai, tomei um banho – chorei tanto que não sabia o que era água do chuveiro e o que eram lágrimas – e fui direto ao estúdio treinar com Isaac, ignorando o fato de ser um sábado.

– Quando nós voltarmos para o Instituto – Isaac começa assim que chegamos na rua, logo após o final do treino. –, cancele qualquer outra coisa que você ia fazer. Vamos passar todo o tempo livre que tivermos praticando essa coreografia.

– Concordo – Respondo, sentindo um nervosismo palpitar em minha cabeça.

Vou ter que passar quase todos os dias depois da viagem ao lado de Isaac tocando-o e sendo tocada por ele.

Que ótimo. Alexander cavou o meu túmulo e eu me joguei dentro.

– Quanto tempo você tem até o casamento? – Pergunta Isaac, olhando para mim enquanto andamos.

– Tenho uma hora até ter que me arrumar – Digo olhando rapidamente meu celular, vendo que a cerimônia é daqui a duas horas e meia.

– Ótimo – Ele fala enquanto abre um sorriso perverso no rosto e segura meu pulso, me puxando em direção ao pequeno centro da cidade.

– Ei! – Grito cambaleando, tentando acompanhar Isaac. – O que você...

– Eu nunca vi uma cidade pequena de perto antes – Comenta ele sem me olhar, quase me ignorando. – Quero ver que tipos de pessoas moram aqui e o que elas fazem. – Finalmente seus olhos azuis se viram para mim – E você vai me mostrar.

Ainda sendo puxada rapidamente, eu solto uma risada alta.

– Isaac, está falando sério? – Falo entre risadas. – Você acha que estamos em um zoológico?

Subitamente ele para. Isaac se vira e nossos olhos magneticamente se encontram, fazendo um choque percorrer meu corpo. Seu olhar abaixa até sua mão segurando meu pulso e, voltando os olhos para mim, diz:

– Zac – Ele afrouxa a pegada do meu braço. – Você pode me chamar de Zac.

E como se fosse a coisa mais normal do mundo, ele desce a mão até a minha e entrelaça os seus dedos nos meus, segurando-os firmemente – tão firme que sinto como se nunca mais fosse me soltar.

Estou tão surpresa que travo completamente, apenas movendo os meus pés conforme Isaac me leva com ele.

Quanto mais perto chegamos do centro, mais pessoas nos observam. Todo mundo se conhece, então ver um garoto como Isaac – rosto machucado, tatuado e com roupas caríssimas – é quase como ver um animal exótico de outro mundo, extremamente lindo.

E de mão dadas comigo então...

– Espera – Paro de andar assim que vejo um local muito familiar. Me desvencilho de Isaac e entro em uma pequena rua vazia, pouco antes do centro da cidade.

Paro em frente ao prédio velho e antigo, descascando, como sempre, em tinta amarela.

– Que coisa mais feia e podre é essa? – Isaac pergunta se colocando do meu lado, julgando a construção.

Reviro os olhos e respiro fundo, evitando me estressar.

– Essa "coisa feia e podre" é um dos meus lugares favoritos da cidade – Retruco com um sorriso, sentindo a nostalgia me inundar.

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