Capítulo 38

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Sienna


– Eu também te odeio, cisne – Isaac fala rouco e gravemente, pronunciando prazerosamente as palavras enquanto abre um sorriso capaz de fazer o meu coração explodir.

Uma risada involuntária se abre em meu rosto enquanto olho dentro dos seus olhos azuis que, no momento, parecem ser a coisa mais bonita do mundo.

Mas espera.

O que está acontecendo com a minha cabeça?

"Eu não ligo mais para porra nenhuma disso".

Sim, isso é verdade. Sim, eu realmente – por algum motivo – não consigo ficar longe dele do jeito que eu gostaria. E é exatamente por isso que essa é a "pior parte". Eu não sou assim. Vai contra tudo o que eu acredito gostar de alguém que não só me tratou mal, mas que também trata todo mundo em sua volta mal.

Agora, acho que a linha antes extremamente visível que diferenciava o ódio de amizade, intimidade e paixão, não passa de um completo borrão na minha mente.

Não posso dizer que não gosto dele.

Mas também não posso dizer que eu gosto.

E acho que eu ainda consigo dizer que o odeio.

Mas se eu o odeio do jeito que eu acho que deveria, por que quero tanto ficar perto dele?

E, na minha cabeça, matar ou beijar Isaac são dois caminhos muito tentadores e igualmente fatais – para mim.

No momento, posso não saber de muita coisa. Mas uma única certeza é o suficiente: um beijo – por mais extraordinário que for – não é nem de perto o suficiente para consertar uma confusão do tamanho da nossa.

Na verdade, só tornou as coisas ainda piores – e eu preciso dar um jeito nisso antes de iremos longe demais.

E então, as minhas pernas parecem simplesmente desistir de me sustentar. Isaac imediatamente envolve o meu corpo com mais força, segurando meu braço e tentando olhar meu rosto, me impedindo de desabar no chão.

– Sienna! – Ele grita em choque enquanto tenta procurar a causa do meu mal-estar. – Meu Deus, você está tremendo de tão gelada.

Sem pensar duas vezes, Isaac se agacha rápido e cuidadosamente na areia, me mantendo apoiada em si enquanto tenta não me machucar. Como se fosse um movimento instintivo, ele tira com urgência a única camiseta que tinha no corpo e começa a colocá-la em mim.

– Você está louco?! – Uso a pouca força restante que tenho para tentar lutar contra sua ação, mas é inútil. – Você não pode...

– Você está de vestido no meio de uma tempestade – Ele diz, ajeitando a sua camiseta em meu corpo. – E eu não tenho um casaco. Então sim, eu posso.

– E agora você está sem blusa no meio de uma tempestade – Falo olhando em seus olhos. – Não quero...

Começo a tentar tirar a camisa, mas ele segura firmemente minha mão, retribuindo o olhar e quase vendo fundo da minha alma.

– Eu não estou frio que nem você, Cisne. – Isaac afirma, ainda com a sua mão em cima da minha. – Vou sobreviver.

– Para de ser idiota – Digo, soltando a minha mão e voltando a tentar tirar a camiseta.

Ele respira fundo e revira os olhos, irritado.

– Se é do jeito difícil que você quer – Isaac fala impaciente enquanto começa a me levantar, me segurando no colo como uma noiva –, é do jeito difícil que você vai ter.

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