Capítulo 25

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Sienna

            – Está ansiosa? Nervosa? – Maya pergunta para mim assim que saímos do banheiro comum no dormitório feminino.

            – Por que eu estaria? – Falo confusa, olhando para ela.

            – Quer dizer, é o primeiro dia de aula depois da nossa viagem e todo mundo já sabe o que aconteceu com você e o Isaac... – Responde olhando em volta, sinalizando para mim com a cabeça as pessoas que passam por nós, nada preocupadas em disfarçar os olhares estranhos em minha direção.

            Eu paro abruptamente de andar. Maya tropeça e solta um pequeno grito, por pouco não caindo no chão. Ela apoia a sua mão em meu braço, voltando a se equilibrar.

            – O que aconteceu comigo e com o Isaac? – Digo começando a ficar com raiva. – Nada aconteceu. Eu o ajudei e depois seguimos caminhos diferentes. Nada mudou e nada vai mudar. – Solto um suspiro, olhando novamente em volta. – E como as pessoas já sabem disso?

            – Fofoca e rumores se espalham como parasitas por aqui, Sici. E o maior problema nem é esse, é o fato de que essas fofocas se espalham completamente distorcidas. Já escutei tanta coisa diferente sobre aquela noite que estou com dor de cabeça só de pensar nisso – Maya fala enquanto cruza o seu braço no meu, tentando me acalmar.

            Não sei como estou tão surpresa. Eu já devia esperar por isso, mas ainda assim uma súbita vontade de voltar para o meu quarto e não sair de lá por alguns meses invade o meu corpo, só para evitar esses olhares e rumores ridículos.

            Mordo o lábio, nervosa. 

            – E onde está o psicopata pervertido nessa história? – Pergunto, voltando a andar junto a minha amiga.

             – Bem... aí está outro problema – Responde Maya evitando me olhar nos olhos, com medo da minha reação. – Acontece que ninguém sabe onde está o Leon ou os seus amigos. Ninguém mais os viu depois daquela noite e os boatos sobre eles estarem envolvidos desapareceu tão rápido do que quando surgiram.

            Dessa vez eu tropeço, quase caindo no chão de tão atordoada que fiquei com essa informação.

            – Você está brincando – Falo antes de sequer conseguir me levantar direito. – Eles desapareceram?! Por que e como eu não sabia disso?!

            – Não olhe para mim – Retruca ela levantando os braços como se eu estivesse apontando uma arma em sua direção. – Acabei de descobrir também. Escutei algumas meninas falando enquanto te esperava no banheiro.

            – Meu Deus – Digo perturbada. – Será que o Isaac, Sebastian ou Lorenzo fizeram alguma coisa com eles? Mas e se...

            – Sinceramente, eu não duvido – Diz Maya. – Mas eu espero que tenham. A última coisa de que precisamos agora são garotos voltando para nos torturar.

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            Maya e eu estamos voltando cansadas do almoço, exaustas por conta das aulas da manhã. Passamos uma semana fora e já estamos desacostumadas.  

            – Ah, quase esqueci! – Maya subitamente para de andar e se vira para mim, segurado ansiosamente as minhas duas mãos. – Você soube?

            – Soube do quê?

            – No dia seguinte do que você e o Isaac foram para a floresta, aconteceu algum problema com um cano de água no estúdio de dança – Ela diz e, instantaneamente, eu paro de respirar. – Você não foi para lá depois do almoço, não é? – Eu confirmo com a cabeça. – Porque algum aluno foi usar o banheiro e, por conta desse cano estragado, toda a água do vaso praticamente explodiu!

            Maya começa a rir, imaginando a situação, e eu entro em um estado de choque.

            – Eu queria tanto ter estado lá para ver como foi – Fala, ainda rindo. – Provavelmente foi mais um dos trotes dos veteranos, não é? O melhor até agora.  

            Eu arregalo os olhos, arqueio as sobrancelhas e começo a andar de costas para olhar diretamente a minha amiga, tentando não parecer suspeita.

            – É... é com certeza foi isso – Ainda estou andando de costas quando, de repente, Maya faz uma cara assustada.

Estou prestes a perguntar o que aconteceu, mas antes que eu conseguisse sequer abrir a boca, eu colido com força no torso de alguém. Solto um pequeno grito enquanto caio no chão por conta do choque e pela dor da batida.

– Me desculpa – Começo a falar para a pessoa em que esbarrei. –, eu sinto m...

Quando levanto a cabeça, vejo Isaac. Ele me encara com os seus frios e, ao mesmo tempo, quentes olhos azuis. Um sorriso perverso surge em seu rosto enquanto fica parado de braços cruzados, apenas me olhando com um brilho de satisfação no olhar.

Isaac me viu distraída e, com toda certeza, ele me deixou cair de propósito.

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