Capítulo 7

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Eu não estou sozinha.

Do outro lado da sala, separados apenas por um vidro e uma mesa de mixagem, Sebastian me observa de braços cruzados. Ele me encara com um dos sorrisos mais perturbadores que já vi na minha vida, satisfeito.

Ele escutou. Ele sabe.

Sebastian sabe sobre mim.

– Ora, ora – Solta ele sem tirar os olhos de mim.

Sebastian cruza a sala e anda em minha direção como se tivesse todo o tempo do mundo. Não consigo respirar.

– Ângela, eu preciso ir. Aconteceu uma coisa aqui, te ligo mais tarde. – Uso toda força que tenho para pronunciar as palavras.

– Não, não, por favor – Diz ele cinicamente. – Pode continuar, não queria te atrapalhar.

Engulo em seco, sentindo minhas pernas tremerem.

– O que você quer? – Não me seguro.

Não adianta eu tentar me fazer de santa agora, só vou parecer mais deplorável se não assumir que fui pega.

– O que eu quero? – Ele levanta uma sobrancelha e mexe os olhos, como se estivesse pensando. – De você? O que você pode me dar que eu já não tenha?

Reviro os olhos, sabendo que ele quer me torturar.

– Quem sabe... integridade? – Praticamente cuspo as palavras. Ele levanta uma sobrancelha, mas não parece bravo. – E você me pegou. Então o que está esperando para sair correndo e anunciar pra todo mundo que sou bolsista?

Sebastian lambe os lábios, se divertindo.

– Acho que você me deve um pedido de desculpas – Solta ele, por fim.

Uma risada incrédula escapa de minha boca.

– Desculpas? Para você? – Cruzo os braços. – Quanta cocaína usou hoje para...

Me interrompo. Preciso tomar muito cuidado com o que digo a partir de agora. Mas alguma coisa me diz que não são só desculpas que ele quer de mim.

Sebastian me agarra pela cintura, colando meu corpo ao dele. Me debato, mas ele só me aperta mais forte.

– Você não devia falar comigo desse jeito, coisinha irritante – Fala passando os olhos por todo meu rosto. – Não quando eu estou com o seu futuro inteiro na palma da minha mão.

– O quê? – Meu corpo congela, confusa. – Não contaria de mim para os outros?

– Isso depende.

– Do quê?

– Depende de você ser uma boa menina pra mim – Solta ele, subindo sua mão pelas minhas costas e começando a me puxar em um beijo.

Sem pensar, dou um tapa com força em seu rosto e o empurro para longe, com o desespero subindo na minha garganta.

Agora não tem mais volta.

– Você acha que eu sou um cachorro? – Disparo, puta da vida. – Você acha que tem o direito de vir pra cima de mim como se eu fosse propriedade sua?!

– Não aja como se não quisesse isso – Fala ele, endurecendo seu corpo. – Pode até enganar sua nova amiguinha Maya, mas você não me engana.

Cerro o maxilar, ódio começando a tomar conta de mim.

– É, você acha que não percebemos? – Provoca ele, se aproximando novamente de mim. – Sua nova e primeira amiga aqui é justamente a irmãzinha de Khalil... e por pura coincidência você também escutou minha conversa na biblioteca, tentando arrumar briga depois. – Ele para a um palmo de distância de meu corpo. – Mas eu tenho que admitir, essa é uma técnica nova... e eu gostei. Mostra que você é corajosa. Então pare de fingir sua amizade com a Maya, que é tão louca quanto o irmão, e fique comigo de uma vez.

Sem hesitar, largo um chute bem no meio de suas pernas. Sebastian solta um grito e cai de joelhos no chão, se contorcendo de dor.

– Tire o nome dela da sua boca podre – Atiro as palavras. – Ela é muito mais do que você jamais irá ser. Se não percebeu isso até agora, o problema é seu. Mas nunca, nunca mais fale mal de Maya. Não chegue perto dela e não se meta com a minha amiga, seu porco.

Me viro para ir embora, mas acrescento:

– E nunca mais pense que eu tenha qualquer coisa por você além de puro nojo.

Ainda se contorcendo, vejo ódio dominar seus olhos e face. Coloco a mão na maçaneta para ir embora, mas ele segura rapidamente meu pulso – não me deixando ir embora.

– Se você sair agora, vou fazê-la se arrepender de ter feito isso – Explode ele, raiva queimando em seu rosto.

Arranco meu pulso de sua mão e, antes de ir embora, termino:

– Vai se foder.

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