Pela escuridão profunda

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Eu adormeci em meio à escuridão de mim mesma. Minha consciência oscilava. Minutos pareciam horas. Eu não sentia meu corpo, muito menos dor. Mas não conseguia acordar também. Algum tempo se passou e ouvi uma voz ecoando em minha mente. Meu cérebro enviava comandos para que meus olhos se abrissem e minha boca falasse. Não conseguia, algo me impedia. Queria chorar, me sentia sozinha e presa dentro de minha mente. Queria gritar, pedir socorro. Mas tudo permanecia em silêncio. A voz se foi como se o botão "mudo" tivesse sido apertado. Eu só poderia estar deitada, imóvel. E me sentia mais sozinha e esquecida a cada segundo torturante que passava.

Por que eu não conseguia acordar? Eu estava presa em minha própria cabeça? Minha mente insana havia me engolido de vez? Inúmeras perguntas rondavam meus pensamentos. Eu me esforçava para responder, mas isso me cansava e deixava franca. Me deixava a mercê da correnteza.

Já teve a sensação de estar se afogando? Sentiu o desespero de nadar para cima enquanto a água te puxa para baixo? Estar em coma é isso. Você se força para subir na superfície de sua consciência, e o subconsciente, querendo te proteger, te faz afundar. Você sente, você ouve, mas não consegue reagir antes que sua mente se sinta segura.O mar estava me engolindo. Uma tempestade me atordoava por dentro. A maré estava alta e eu não conseguia nadar e respirar ao mesmo tempo. Sufoco. O desespero tentava me engoli novamente. Era uma batalha constante, onde eu era minha inimiga. Só uma sairia viva, só uma olharia outra vez para o sol.

Eu não conseguia sair do mar em fúria. Algo me puxava para baixo. Tentava nadar e uma força puxava meus pés e eu me debatia. Comecei a perder as forças. Engolira bastante água. Tentei nadar e sair daquele redemoinho. Afundei de vez.

Não sei quanto tempo tinha passado. Minha mente havia se apagado como se alguém tivesse desligado meu interruptor.

Uma luz brilhou na escuridão e eu - finalmente - consegui piscar inúmeras vezes seguidas.

Minha vista estava turva e a luz acima de mim parecia estar ao alcance das minha mãos. Tentei levantar o braço e tocar na luz mas meus membros não me obedeciam.

Fechei os olhos com força. Parecia que o mar em que eu me afogava outrora, agora habitava dentro da minha cabeça. Fiquei enjoada.

Abri os olhos novamente e senti o mundo girar ao meu redor. Uma lágrima escorreu pelo canto do olho. Pisquei novamente. Mais lágrimas saíram dos meus olhos, e tudo clareou. Como se as lágrimas estivessem levando consigo toda a tempestade. Tudo parecia calmo agora. Ouvi algumas vozes ecoando dentro de mim. Eu não conseguia emitir som nenhum. Apenas chorava. Sem freio e sem fim. Senti as lágrimas escorrendo pelo meu rosto e descendo pelas minhas têmporas, inundando meus ouvidos. 

Um borrão foi se tornando nítido na minha frente. A mão quente tocou minha cabeça e eu pude ver minha mãe
- Marcela? Minha filha? Volta pra mim...!

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