Pelo pequeno interrogatório

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Eu me sentei no sofá e David se ajeitou ao meu lado. Entrelaçam nossas mãos e abaixamos nossa cabeca. Parecia tudo combinado pela sincronia que estávamos nos movendo e eu ri internamente por isso.
David: -Você era fã no Neymar? Me conta isso... Tudinho.
Eu respirei fundo. Nunca tinha contado isso para ninguém. Era uma página virada e minha cabeça doía só de pensar no acidente.
Marcela: -Faz muito tempo -ele assentiu me encorajando a continuar- Eu tinha 11 anos quando comecei e 14 quando cansei de ter sonhos. Um dia fui ver o Neymar no aeroporto e sofri um acidente -suspirei, falava com uma frieza como se contasse uma história qualquer- Fiquei dois meses em coma e ninguém além da minha família se importou. Ai eu desisti disso. Só queria ser alguém que os outros pudessem lembrar e reconhecer... - dei de ombros e mesmo não querendo deixei uma lágrima escorrer. David me abraçou com força, beijando o topo de minha cabeça. Ele tentava secar minha lágrima e aos poucos elas pararam de rolar.
David: -Desculpa ter perguntado sobre isso... -eu neguei com a cabeça e sorri de leve.
Marcela: -Tudo bem, as vezes faz bem enfrentar nossos fantasmas.
Eu e ele rimos juntos. Ficamos alguns segundos, ou minutos de mãos dadas e em silêncio. O tempo não é o mesmo quando estou ao lado dele. Mas depois desse tempo incontável, ele se levantou. David me empurrou deitada no sofá e meu coração disparou. Eu sabia que ele nunca faria aquilo, mas já ouvi boatos sobre ele não seguir a campanha. Eu não sabia o que fazer, minha cabeça rodava.
David: -Máh, você está bem?
A voz dele me fez acordar do transe. E então eu percebi que ele havia estendido o sofá, o que o fez parecer com uma cama.
David: -Eu durmo aqui, vai lá pro quarto.
Neguei com a cabeça e me ajoelhei, puxando ele que se deitou no sofá. Eu me deitei ao lado dele, colocando minha cabeça em seu peito. Ele esta imóvel, rígido.
Marcela: -Pode pelo menos relaxar? Não vou tirar sua virtude David Luiz Moreira Marinho. E não pense que sou oferecida, só estou com medo de ficar sozinha...
Nós dois rimos e enfim ele relaxou, fazendo um cafuné em meus cabelos, o que me fez adormecer mais rápido do que achei que seria possível.
Acordei no dia seguinte completamente incomodada. Minhas costas doíam um pouco. Pisquei algumas vezes, ainda parada e conclui que ainda era madrugada pela luz. Suspirei. Olhei para o lado e lá estava David dormindo. Um ninho de almofadas entre nós, como se fossem uma muralha. Eu ri daquilo, só podia ter sido ideia dele. Minha mão estava dada com a dele, o que me dificultou a tirar algumas das almofadas. Assim que consegui tirar umas quatro voltei a me deitar, desta vez mais próxima dele e adormecendo em seus braços.
(...)
Acordei na manhã seguinte com David brincando com meus cabelos. Sentia a respiração dele na minha nuca, e mesmo depois de ter entregue que estava acordada com um sorriso, permaneci de olhos fechados. Ele estava de conchinha comigo, seu corpo o mais colado que a física permitia do meu. Ele beijou minha nuca.
David: -Você é teimosa, desobediente, imprudente e irresponsável - após cada palavra ele dava um novo beijo em minha nuca. Eu ri e devagar me virei, para ficar de frente para ele.
Marcela: -Tudo isso por causa de algumas almofadas?
David riu, e ficou corado imediatamente.
David: -Só deus sabe o que poderia ter acontecido. Foi imprudente tirando elas daqui.
Eu suspirei e me sentei, o encarando.
Marcela: -Confio em você... E somos amigos, que mal existe nisso? -ficamos em silêncio por algum instante nos encarando. Eu estava com uma camiseta dele, e preferi nem perguntar como ela foi parar em mim. Mas pelo menos estava com minhas roupas de baixo. Acho que ele me viu encarar as roupas e logo explicou.
David: -Eu não toquei em você, coloquei a blusa por cima do vestido e você mesma o tirou...
Ele estava corado. Eu ri, o que fez ele fazer o mesmo. Me levantei, ainda de mãos dadas com ele que também se levantou. Ele beijou o topo de minha cabeça e eu o abracei.
David: -Vamos comer?
Marcela: -Não estou com fome...
Não queria perder um segundo perto dele, mas meu corpo só me atrapalhava. Minha barriga roucou e rimos.
Marcela: -Okay, vamos...

You make me glowOnde histórias criam vida. Descubra agora