You make me glow

Pelas nossas consequências

Acordei com minha mãe gritando o nome do meu pai. Eram 5:40 da manhã. Eu já não aguentava mais isso. Suspirei e peguei meu celular, o ligando. Não haviam mensagens ou ligações dele. Me levantei da cama, já que estava acordada não adiantava nada começar meu dia. Liguei meu notebook e fiquei com ele na cama. Procurei a norma para estrutura de TCC na internet e fiz o esboço. Fui escrevendo tudo o que sabia sobre o David sem me deixar ser sentimentalista. Aquilo não seria o bastante. Aquilo todo mundo encontrava em sites como wikipedia.
Passei o resto do dia assim. Escrevendo. David não me mandou uma única notícia, e isso se prolongou por dois dias. Dois dias sem saber dele, e sendo ignorada quando ligava ou mandava mensagens. Eu já estava entendendo o recado. Eu já tinha juntado todas as peças. Eu disse que o amava, ele disse que não queria me magoar; em outras palavras o sentimento não era recíproco. Eu era apenas a jornalista que contaria para o mundo os maiores segredos de David Luiz, mais nada. Eu já havia entendido isso, embora aceitar fossem outros quinhentos.
{•••}
Hoje já fazem três dias que não o vejo e sequer recebo notícias. Mas tudo acabou quando Bru chegou em casa essa manhã. Ela foi pra cozinha e Bernard ficou na sala comigo. Algo me dizia que a notícia que viria não era boa.
Bernard: -Ele mandou te entregar... -disse me estendendo um papel. Ele tentava sorrir, mas não conseguia. Conclui que ele havia lido o bilhete e não deveria ser notícia boa.
"Desculpa ter te envolvido tanto nisso. Me perdoa se trouxe algo ruim na sua vida. Eu nunca quis te fazer mal. Você é uma garota abençoada Mah. Eu não sei porque tô escrevendo isso. Mas nunca achei sentido em besteiras como 'amor a primeira vista' só que não achei outra explicação para o que sinto por você. E é por te amar que eu estou fazendo isso. Você não vai ser conhecida como a namorada de tal pessoa, ou alguém que tal pessoa ficou porém tempo; Vai ser conhecida pela jornalista brilhante que você é! Sei que quer isso, aceite como meu presente. Vou desmentir tudo na imprensa o mais rápido possível, e você terá sua vida de volta -já sei que os jornalistas estão plantados na porta de sua casa. E pode ter certeza que vai conseguir se formar, eu não vou deixar você perder sua liberdade e isso também! Te envio tudo sobre mim, todos os segredos, em no máximo uma semana. Na verdade quem vai enviar será meu empresário...
Eu te amo Mah... Desculpa não ter dito antes. Por favor, me perdoa por tudo...
Com carinho, do Maluco Cabeludo, David Luiz"
Eu comecei a chorar, silenciosa e com poucas lágrimas.
Marcela: -Ele...? -não consegui terminar a frase. Bernard me abraçou, junto com Bruna que não sei sequer da onde apareceu.
Bernard: -Sim. Hoje cedo. Foi passar um tempo com a mãe. Não o entenda mal, ele quer te proteger. Deve ter suas razões... Eu sei que ele não vai demorar muito em Juiz de Fora, talvez vá passar um tempo em Londres se o Felipão liberar. Desculpa Mah.
Eu assenti e pedi para ficar sozinha. O Bernard acabou indo embora, se despediu da Bruna com um selinho, os dois não haviam assumido nem para mim, mas eu já entendi que aquilo não era só uma ficada. Bruna ficou comigo. Sabia que eu precisava de seu colo.
Marcela: -É tudo minha culpa Bru, eu contei sobre o acidente. Ele está me protegendo. Ele sabe que eu tenho medo. BRUNA EU DISSE QUE AMAVA ELE! Mas se ele pensa que vai conseguir fugir sem explicar nada está enganado!
Buna: -Essa sim é a Marcela que eu conheço!
Ela limpou as minhas lágrimas e subiu comigo para meu quarto.
Marcela: -Bruna, eu preciso ir para Juiz de Fora antes que ele decida ir para Londres...
Ela concordou comigo. Ela me ajudou a arrumar a mala. Bruna ficaria em casa para cuidar da Clara e da minha mãe. Era meu anjo da guarda.
Marcela: -Olha, se minha mãe dizer alguma coisa me liga que eu volto na hora. Ela precisa entender de uma vez por todas que meu pai a abandonou e nunca vai voltar! Ele não liga nem para saber como eu estou... E ele odeia a Clara!
Bruna: -Marcela, eu sei cuidar da sua mãe. Sei tudo sobre a Clara. Porra somos amigas a anos, eu não vou te deixar na mão. Fica calma! -eu ri e concordei. Bruna havia comprado minha passagem pela internet, eu embarcaria às quatorze horas no aeroporto de Guarulhos.
Peguei o endereço com o Bernard e depois de almoçar, peguei um taxi para o aeroporto. Não sabia o que iria falar, só sabia que precisava de alguma explicação. Precisava ouvir da boca dele que ele me amava e mesmo assim não me queria por perto. Se ele dissesse isso então eu o abraçaria, iria agradecer e virar as costas. Eu iria deixar ele saber que eu estava bem, mesmo que não estivesse. Só isso e mais nada.